Todos
sabemos o que é uma “indireta” que nos faz dizer “pra bom entendedor
meia palavra basta”, ou como dizem também os evangelhos “quem tem
ouvidos para ouvir ouça” e ainda “quem puder compreender, compreenda” (Mt. 19,12).
Um
dia no evangelho de Marcos aconteceu uma dessas “indiretas”. Na viagem para
Jerusalém os dois irmãos Tiago e João
pediram a Jesus que “preparasse os
primeiros lugares” no palco do Reino que Jesus iria inaugurar ’Mestre, concede-nos que nos sentemos na tua
glória um à tua direita e outro à tua esquerda’ (Mc.10,37). Nessa
“caminhada catequética elaborada pelo evangelho de Marcos é descrita a cegueira
dos discípulos. Mas, em vez de dizer que os
discípulos estavam cegos é apresentada uma cena em que um cego
surgiu à beira do caminho, o Bartimeu, filho de Timeu, e gritou “Mestre, que eu veja” (Mc.10,51). Até
que, recuperando a vista, começou “seguindo
Jesus pelo caminho”(v.52). Você pode fazer legitimamente a pergunta cristã:
foi um milagre ou foi uma indireta essa “cura? Só você pode
responder.
Esta
foi a primeira cena deste episódio. Agora a 2ª Cena:
O
filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado na beirada
do caminho. (Mc.10,46). Ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo
caminho (v.52). A moral da história é que quem está na beirada do
caminho deveria seguir o caminho normal da sociedade. Uma vez que
os sentados nas beiradas e nas bermas das estradas estão isolados, cegos, e
mendigos e discriminados, e sem poder falar e nem levantar a voz. “Muitos o repreendiam para que se calasse”
(10,47).
No
mês passado vimos as notícias de um Supermercado do Sul do Brasil que entregava
“bandejas vazias” direcionadas a pessoas pobres e negras que iam comprar
carne nas prateleiras.. Só poderiam receber a carne com pagamento antecipado
pagando o preço na bandeja. E noutros Supermercados tocava o alarme
quando as mesmas pessoas entravam, como aviso de que eram pessoas
suspeitas...Agora eu pergunto: Porquê não colocam “Alarmes” nos
“colarinhos brancos” de Brasília? Suponho que não se poderia suportar o ruído
de tantos alarmes no Brasil. Ou não será também que muitos lobistas que
organizam esses Supermercados não abusam também dos preços? E muito mais praticam a discriminação
racial e social?
Criou-se
um ambiente de mundo racista e de suspeição intolerável. A verdade é que
“cega” é a sociedade de hoje quando não vemos o valor das pessoas, mas a sua
posição social e só visamos o lucro, igual os dois discípulos autocandidatos
a ministros. A “indireta” continua valendo nestas situações.
P.Casimiro
João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.colm.br
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