sábado, 31 de outubro de 2020

O “pacote” de crenças, atitudes e práticas que herdamos, e uma Igreja que era “dona” do mundo.


 

Grande parte do “pacote” de crenças, atitudes e práticas que herdámos foi formada em uma época em que a Igreja era “dona do mundo”, mas hoje tem que reconhecer que não mais assim.

Atravessamos um grande tempo de mudanças da história, no dizer de Frei Beto. Na Igreja também acontece um extraordinário colapso da cultura religiosa que configurava a identidade católica até aqui.

Notamos que aparecem muitas opiniões que era costume e também todo mundo já não concorda cem por cento e questiona as coisas da Igreja referentes à fé e à moral. Na verdade o amor vale mais do que a fé. Constatamos que é um tempo de desafios, em, em que muitos vão ter saudades das “seguranças” do passado. Também não devemos ter medo das dúvidas, duvidar não é um pecado, mas uma procura. E o Papa Francisco falou no 28º JMJ do Rio de Janeiro para os Jovens: “Não tenhais medo das mudanças”.

Temos que nos dar conta da necessidade urgente de chegar a um acordo com os grandes desenvolvimentos sociais e científicos da nossa época. E nos das conta que é preciso integrar os desenvolvimentos atuais aos rudimentos da mensagem cristã.

O “pacote” que herdamos foi formado dentro de uma visão do mundo que era muito primitiva e era própria quer dos primeiros séculos da era cristã, quer a Idade Média e ainda até ao século XIX. E esse pacote era fruto de uma Igreja que se considerava como a “dona do mundo” e com autoridade para impô-lo. A Escritura era entendida e interpretada de uma forma literalista como se Deus tivesse ditado pessoalmente cada palavra, e todo evento tivesse acontecido exatamente como foi registrado.

Porém, tem havido mudanças dramáticas durante nossa vida. A Igreja já não ocupa o centro da cena; agora as pessoas mais facilmente questionam a autoridade. Até nosso entendimento do lugar do planeta Terra no universo mudou, e nosso conhecimento sobre sua idade e a forma como surgiu  a vida e a criação. Embora oficialmente muitos membros eclesiásticos continuem teimando em pensar que o mundo continua igual, está parecendo que estão querendo tapar o sol com a peneira.

Por isso, enfrentamos uma escolha: Podemos nos esconder ainda no “pacote  do passado, ou mudar nossa visão para rever e avaliar se nossas crenças e práticas correspondem às novas exigências e situações. Em consequência somos provocados para a necessidade de usar o próprio raciocínio para reexaminar a visão religiosa do mundo no qual fomos educados, e para o desejo de ser tratados como adultos capazes de aceitar responsabilidades. “A glória de Deus se manifesta exatamente no agir racional da humanidade”, diz Callahan.

Vejamos uma amostra do que do que pensa hoje a maioria dos católicos nas Américas: Em 1987, 79% não aceitavam a proibição papal do controle da natalidade, e em 1992 já eram 87%. Também os que acreditavam que católicos divorciados podiam ser bons católicos era 74%. Em 1992 noventa por cento (90%) acreditavam que alguém podia discordar da doutrina da Igreja e mesmo assim continuando um bom católico.

No Documento que a Juventude mundial enviou para ser debatido no Sínodo dos Bispos se expressaram assim: “embora não nos considerando jovens “religiosos”, e não aceitando em muitos pontos a doutrina oficial, queremos ser parte da Igreja”.

P.Casimiro   SMBN

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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