Cada
um de nós carrega uma herança biológica de nossos antepassados, um DNA. A
maneira de sorrir, de falar ou de calar, de contar histórias, as reações e
emoções que nos invadem fazem parte
dessa herança.
Temos
também uma herança espiritual sobre a maneira de imaginar como Deus é, e o que nós somos para ele. Herdamos
uma visão católica do mundo em tenra idade. Nós a aceitamos, na maioria dos
casos, sem questionar e procuramos ser fiel a ela. Geralmente herdamos a ideia de Deus como ditador
cruel. Essa crença tem enorme impacto em nosso relacionamento com Deus, nosso
estilo de oração, e o que Deus é para nós.
E
tem um problema sério nisso aí. Nossa espiritualidade herdada foi formada por
padrões de pensamento religioso e visões de mundo que agora não são adequados.
É assim como tentar realizar uma cirurgia cardíaca em um hospital moderno só
com o conhecimento da ciência médica do século XV.
No
século XVI, Galileu Galilei descobriu que a Terra não era mais o centro e o
eixo do mundo. A Igreja se apavorou. Mas ainda tem muito cristão que se julga
ser o centro e o eixo de Deus: como se Deus tivesse que andar em volta dessa pessoa, e
só pensando nessa pessoa. Ele é o Deus de 400 bilhões de galáxias e está tão
presente nesses 400 bilhões de galáxias como em mim. Como diz o teólogo
Morwuoord: “O Papa não tem mais a presença de Deus do que o caminhoneiro ou a
enfermeira; Em mim Deus fala, move-se, dança, compõe música, ou escreve poesia,
faz amor e cria vida, ri da imperfeição de tudo e chora por ela”.
Nas
galáxias e na flor ele é imenso como as galáxias que se expandem e criam novas
estrelas todo dia, e na flor sorri e na criança olha para mim. Mestre Eckhart
dizia: O mesmo olho com que olho a Deus é o mesmo olho com que Deus me olha”.
Deus
estava no início das explosões das galáxias há 15 bilhões de anos, e nos seus
desenvolvimentos de explosões de lá até agora, quando foi possível ao homem detectar
essa vida no universo.
E
há 200 mil anos a.C. quando o ser humano começou a sentir-se diferente do como
era antes, começando a ser humano. E como desenvolvimento da linguagem há cerca
de 150 mil anos. A história não é a de “queda” de um estado perfeito de
percepção, é antes a história do lento surgimento da vida dos seres humanos.
Há
bilhões e milhões de anos houve cataclismos, os dinossauros se extinguiram há
200 milhões de anos, os continentes se juntaram e se separaram. Havia morte
e havia vida; o ser humano nascia e morria muito antes dos 4.000 anos da
Bíblia e por castigo nenhum. E o cérebro do ser humano estava programado para
tomar consciência.
Não
houve seis dias mas bilhões de anos para que a evolução nos formasse. E não há
registro histórico nenhum da queda bíblica nos anais da evolução
programada pela evolução do cosmo.
A
espiritualidade que herdamos é formada por dualismos: céu-terra; alma-corpo;
espirito-carne; cabeça-coração; sagrado-profano; católico-protestante;
divino-humano. Ora Deus não está mais presente em um do que no outro, mas em
todos igualmente.
Como dissemos, nossa espiritualidade herdada foi formada por padrões de pensamento religioso e visões de mundo que agora não são adequados. Isto quer dizer que, como todas as outras dimensões, também as heranças biológicas e os DNAs que herdamos de nossos antepassados temos que gerenciá-los e adequá~los, porque a evolução é uma lei universal e está sempre em andamento. Se assim não fizermos viramos velas apagadas, como um dia disse o grande mestre do espaço, Einstein.
P.Casimiro SMBN
www.paroquiadechapadinha.blogspt.com.br
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