domingo, 11 de outubro de 2020

Somos pó da terra, na cosmologia antiga; Somos uma faísca das estrelas na nova cosmologia.


 

A cosmologia é um critério e uma bitola para basear a conversa diária e não só, mas para basear ou fundamentar a conversa  religiosa, filosófica e teológica.

Assim por exemplo, quando dizemos que o homem é pó da terra nos baseamos no tipo antropológico da criação recebida do Gênesis de que Deus fez o homem do pó da terra. E ainda mais, teria sido criado imortal, mas foi condenado a morrer e volta ao pó.

Porém, hoje em  dia a cosmologia nos levou a olhar a explosão das Galáxias, dos Sóis e das estrelas e dos planetas a partir da explosão inicial que chamamos big-bang há 15 bilhões de anos. Dessa explosão se originou o nosso Sol e a nossa Terra. Eles são faíscas dessa explosão e nós somos faíscas de 2ª grandeza, pois eles são de 1ªgrandeza.

Tem consequências? Tem. As primeiras consequências são as seguintes: A evolução das espécies desde a época de 5 bilhões de anos atrás. Começou a vida pelos unicelulares ou bactérias nessa era dos 5 bilhões. A vida foi-se desenvolvendo nas Águas por toda e espécie de peixes e répteis até chegar aos primeiros dinossauros e primatas, de 4,5 bilhões de anos atrás. A consciência foi a última explosão, tão importante como o big-bang, quando alguns primatas desenvolveram os primeiros raciocínios, até chegar aos hominídeos, há 500 mil anos atrás. A segunda fase foi o desenvolvimento da fala, processo que levou 150 mil anos, isto é, há 150 mil anos que os primeiros hominídeos começaram a linguagem humana. E tudo  isto aconteceu na África.

Os físicos dizem que o primeiro insumo da consciência é a linguagem. Existem processos químicos e físicos que alteram a linguagem, porque alteraram a consciência, e mexem com o córtex cerebral. Estudando assim é que os teóricos da evolução afirmam que a consciência é produto da seleção natural e da organização do sistema nervoso; os esquisofrênicos têm menos tecidos nervosos  do que as pessoas normais.

Os reurônios foram capazes de controlar funções vitais através de impulsos elétricos e estímulos sensoriais. Substâncias químicas  podem ainda hoje alterar a consciência humana, pense nos distúrbios de consciência, por conta das pulsões elétricas ocorridas nas membranas nervosas. E tudo acontece como no zigoto que dá origem ao embrião humano encarregado de formar o DNA que é a programação de cada humano. E como se forma o DNA se forma também a consciência. A consciência depende de estímulos elétricos e químicos resultantes de sinapses dos reurônios que podem gerar células cancerígenas ou ideias genocidas, para só falar dos extremos.

É de notar que uma parte dos hominídeos desenvolveram mais a linguagem, do que outros. E os que desenvolveram mais a linguagem conseguiram acabar com os outros. Estes processos deram-se em períodos de centenas de milhares de anos.

Estes processos ainda estão hoje na fase do desenvolvimento das Crianças. Primeiro nasce e caminha de quatro; em segundo lugar leva em média um ano e meio para aprender a fala. Isso corresponde aos períodos e demoras de andar em pé, e do desenvolvimento da fala: o que agora são meses, naquela época eram centenas de milhares de anos.

As outras consequências, consequências morais:

O Gênesis narra que a morte veio por conta da desobediência. Porém, como a criação, provindo do barro se baseia no mito, essa da morte também, visto que desde a primeira evolução os hominídeos vieram morrendo, e os primeiros homens também. Por milhões e milhões de anos, como os animais. Como a Bíblia não queria nem podia ensinar ciência porque não sabia e nem tinha esse objetivo, então só pretendia ensinar o que sabia. O que sabia? Que o homem e toda a natureza só podia vir de Deus. Como? Formando a imaginativa compartilhada de outros povos e de outros livros dessa criação dos seis dias.

E sobre o pecado? Como viam que havia sofrimento, e eles tudo diziam que o culpado era Deus, então o sofrimento só podia vir de uma desobediência e por isso o homem foi castigado e formaram essa novela ou saga, ou mito, do fruto da árvore onde o homem “desobedeceu” para que fosse culpado e castigado.

Falámos que o homem então é uma faísca das estrelas. Nós somos alguma coisa brilhante, alguma coisa de luz, alguma coisa de Deus. E ser luz é um anseio da humanidade. A saudade de Deus e a saudade da luz andam sempre nos acompanhando.

Um dia um profeta da Bíblia teve uma expressão maravilhosa quando disse: “Naqueles dias dez homens de todas as línguas faladas entre  todas as nações vão segurar pelas bordas do manto um homem de Judá dizendo, nós iremos convosco porque ouvimos dizer que Deus está convosco” (Zac.8,20-23).

Aconteceu assim com Francisco de Assis, aconteceu assim com Maria de Nazaré, aconteceu assim com o Padre Cícero, aconteceu assim com Jesus de Nazaré. Porquê? Porque neles se manifestava de modo brilhante essa faísca divina, faísca das estrelas e de Deus.

Na verdade, o ser humano precisa de ícones que o ultrapassem, que vão à frente e mostrem um caminho de luz. Os caminhos de Jesus de Nazaré são os caminhos da felicidade humana, da solidariedade, fraternidade, igualdade, daquele ideal que todos tenham o pão de cada dia, de ninguém tirar nada de ninguém, mas de doar a sua vida para um mundo mais igual e melhor.

Este foi o Francisco de Assis, a Santa Dulce dos Pobres da Baía, um S.Camilo e São João de Deus, fundadores de Hospitais e Ordens hospitaleiras, um Antônio Conselheiro e  um Padre Cícero, e um Mahtma Gandi e um Luther King. Todos eles nas pegadas de Jesus de Nazaré , porque “ouvimos dizer que Deus está convosco”. Gente que deu a vida para que outros tenham mais vida.

Estas pessoas são patrimônios da humanidade. Não há quem não tire o chapéu a uma figura como Francisco de Assis ou um Luther King, ou um Einstein ou Galileu Galilei. Donde vinha tanta força e iluminação para essas figuras mundiais? Não seria a mesma força e iluminação que explodiu na pessoa de Jesus de Nazaré?

Ainda bem que dessa faísca divina participamos todos nós, seguidores de Jesus, ou imitadores também de um Francisco de Assis, de um Paulo de Tarso ou admiradores de um Luther King, ou de um Einstein? Se nós somos uma faísca de estrelas, nessas pessoas essa faísca virou uma estrela de 1ªgrandeza no céu da humanidade, ou da ciência ou no céu da entrega ao próximo.

Os profetas do Antigo Testamento eram assim também homens luminosos que eram ícones do povo no seguimento de Deus. Profetas eras um tipo de catequistas ambulantes, que, queimados pela faísca de Deus, pegavam fogo em toda a sua volta, e faziam o bem e transformavam as pessoas. O maior bem que faziam era sustentar a fé dos pobres da nação, incentivando-os a viver, porque Deus é maior. Catequistas andarilhos. Era a faísca que os movia. Como os franciscos de assis e os santos e santas de hoje, e os sábios que nos ensinam os segredos da ciência.

Resumindo, na mística atual de um autor célebre: “Deus não vem de fora para o mundo, mas surge de dentro do mundo. Jesus é a aparição do divino na evolução, mas não só ele, também o divino se manifestou nas grandes personagens de fé como o pobre de Assis, Buda e os grandes santos e cientistas. A encarnação também é redenção, mas é em primeiro lugar a exaltação e a divinização da criação”(L.Boff).

P.Casimiro      smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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