O
mundo tem hoje oito bilhões de habitantes. Somos pouco mais de um bilhão de
católicos e cerca de um bilhão de protestantes, perfazendo dois bilhões de
cristãos no meio dos outros oito bilhões.
A
Bíblia lida por esses outros bilhões de pessoas deve ser maior do que a nossa Bíblia.
Estou me referindo aos 06 bilhões de habitantes do planeta que seguem suas bíblias, seus livros ou até livro nenhum.
Eles são esse tanto de gente, enquanto nós somos 2 bilhões, entre católicos e
protestantes. Aliás, já é proverbial aquela frase de Santo Agostinho quando
disse que “Deus fez dois livros, a Natureza e a Bíblia”.
Vejamos algumas estatísticas:
há cerca de 1 bilhão no hinduísmo;
1 bilhão no budismo; 1bilhão e 300 milhões nas religiões tradicionais da Oceania e
Polinésia e África; 1 bilhão
as religiões do mundo árabe; Religiões da Indonésia e Papuásia 500
milhões; Xintoismo, Mazdeismo no Japão na Ásia e na Pérsia 600
milhões; Gnósticos e ateus,600 milhões.
Na
verdade, antes de toda a escrita humana, a humanidade pré-histórica de há mais
de 300 mil anos lia essa Bíblia da Natureza, feita de astros, estrelas,
montanhas, arco-íris, chuvas e bom tempo. Como ainda os Índios atuais adivinham
o canto das aves, os comportamentos dos animais e a reprodução dos
peixes. E após os diversos sinais de os homens se entenderem com a natureza,
começaram se entendendo também uns com os outros com a fala. E dando
mais um passo quiseram deixar para a posteridade os seus pensamentos e suas
preocupações e suas vitórias gravadas em alguma coisa como tijolos, cerâmica,
e logo depois até em tábuas, até chegar aos pergaminhos e papiros, antes
do papel. E começaram com a escrita
cuneiforme, já na época dos sumérios, a primeira escrita que foi
detectada, de há 9 mil anos. Eram escritos de contratos, de comércio entre
nações e reis. E por último, como o engenho humano não tem limites, começaram
pondo nesta escrita o que pensavam de Deus, do amor, e por aí adiante. Junto
com a escrita cuneiforme fizeram também pinturas rupestres.
As primeiras bíblias que foram escritas sobre
Deus foram os sumérios que as escreveram, e os sumério-babilônicos.
Depois, ao mesmo tempo que os gregos escreviam as suas filosofias, os
hebreus escreveram a sua bíblia. Nessa época os povos viviam em mistura,
continuamente guerreavam e todos copiavam uns dos outros. Os sumérios fizeram a
sua bíblia há 6 mil anos; os chineses fizeram a sua bíblia há 5 mil anos, e os
Indus há 4 mil anos, e os hebreus há cerca de 450 anos ou até mais
recente; e os japoneses há 2 mil anos. Neste panorama nós ficamos num
mapa muito reduzido. Na verdade a nossa Bíblia veio por último e foi beber
muitas coisas nas bíblias anteriores, haja vista que o monoteísmo já
vinha de longa data, por exemplo da filosofia de Sócrates, o pai da
Filosofia, e foi morto pelos atenienses justamente por conta disso. Platão,
discípulo dele livrou-se da morte por estratégia para continuar vivendo. Antes
deles já um dos faraós do Egito, Akinaton,(1.200a.C.) tinha decretado o monoteísmo
no seu reinado. Sem falar na doutrina mazdeista dos persas e iraquianos de
Zoroastro que também eram monoteistas. (Cf. Wajdenbaum o.c.p.110).
Um outro exemplo bizarro é que no Canto XIX da Ilíada de
Homero, Aquiles conversou com seus cavalos num oráculo semelhante à burra
de Balaão da nossa Bíblia (Num.21,21).
Um
sistema comum de todos por milênios era o sistema chamado do magisterdixismo.
O que significa: o que era “verdade”, era verdade porque o mestre
disse, daí a palavra “magisterdixismo”, o mestre disse e pronto. E como a
maior insistência e mandamento era a obediência, ninguém podia desobedecer,
seria rebeldia e impiedade. E por conta disso ninguém podia fazer perguntas ou
questionar. Os judeus chamavam a isto de “rebanho”, o povo era um
rebanho mandado. Na Igreja era muito vigiado o rebanho. E quando alguma
“ovelha” ousava pensar ou “questionar” era “excomungada”, podia até sofrer
morte. Excomungado quer dizer “fora do rebanho.” Os pais tinham poder de morte e de vida sobre os filhos e podiam matá-los em
caso de desobediência Os governos tinham poder de morte e de vida e podiam
matar o cidadão. Isto passou para a Igreja, que chegou a usar o poder de morte
com a fogueira e prisões, não só a igreja católica mas também a reformada
(protestantes).
Assim
chegámos ao século XVII e XVIII, em que as ciências e o ensino e o aprendizado
foi todo remexido e questionado. E a maior contribuição veio da filosofia da “Dúvida”:
A teoria do filósofo Renê Descartes com o seu LIVRO “O Discurso sobre o Método”(1637),
e Princípios da Filosofia. Daí surgiu o Iluminismo que colocava a
cabeça para pensar, em vez de só “concordar” e dizer “amém”. E,
claro, como os polos se contrapõem, como antes, de nada se duvidava, agora o Iluminismo
começava duvidando de tudo a priori. No entanto essa teoria, quando as
águas se aquietaram, é que trouxe as novas teorias modernas das pesquisas sobre
livros antigos; escavações arqueológicas, e pesquisas científicas e
astronômicas, o que deu origem a uma nova cosmologia, antropologia,
crítica bíblica, ciências da arqueologia;
chegou a psicologia com Freud e Jung, e a psicopatologia e
psicofisiologia e psicanálise, e por último a parapsicologia.
Com
estas ciências em mão, chegou também a Revolução francesa em 1789 contra
o poder absoluto dos reis. E como consequência veio a liberdade de
consciência e a liberdade de religião. E finalmente este progresso
fermentou toda a sociedade ocidental da Europa e chegou-se à célebre “Declaração
Universal dos Direitos Humanos”, assinada por praticamente todos os países
do mundo; e, na marra e a muito custo também, pela Igreja que junto com os
USA foram os dois últimos a assinar, em 1945. Digamos que assim surgiu esta
Bíblia mundial universal que, em teoria e em tese é seguida pelos 06 bilhões de
humanos e os 2 bilhões de humanos cristãos católicos e protestantes.
Conclusão. Nós somos “três quartos” do Antigo Testamento e
uma quarta parte do Novo Testamento. Ou por outra, o cristão que nós somos,
somos três quartos de judeu, um quarto de cristão primitivo, e
uma mistura de sumérios, de gregos, de europeus, de africanos
e brasileiros. Vale ainda lembrar o célebre dito do arcebispo Dormund
Tutu, da África do Sul num Congresso internacional das Igrejas em
Porto Alegre em 1984: “Deus não é cristão”, explicando que Deus
e a salvação tanto está nessas outras bíblias internacionais como na
Bíblia dos cristãos. Assim podemos dizer que Deus não é cristão, nem é
judeu: é chinês, africano, japonês, asiático, e de todas as nações.
Que
isto é bonito é; mas que é complicado é; e mais complicado do que bonito.
P.Casimiro
João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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