Diz a
lenda, aliás o poema, a Odisseia de Homero que o navegador Ulisses, para não se
deixar seduzir pelo canto das sereias se fez amarrar a um mastro do navio
depois de tapar os ouvidos dos seus homens. Porém, Orfeu superou esse canto com uma música mais bela, e por isso as
sereias, despojadas do seu poder, se lançaram no mar e se transformaram em
recifes. Santo Agostinho disse um dia que “dois trompetes soam de modo
diferente mas um mesmo Espirito sopra dentro deles”. O mesmo ar, a mesma música ressoou dentro dos trompetes dos ouvidos e do
coração de Ulisses e de Orfeu, mas a reação foi diferente. Ulisses esboçou uma
reação que foi se amarrar para não se deixar apaixonar, já Orfeu esboçou a
reação de superar o canto das sereias, cantou melhor e as derrotou.
Aqui temos
exemplo de resiliência e de superação em relação aos sons que ressoam nos
nossos ouvidos e às imagens que grudam nos nossos olhos. Certamente que Orfeu
poderia ter-nos deixado este poema encantador: ’’A música é a graça do
universo, o presente que as esferas do universo oferecem aos homens. Eu não
vejo que a harmonia das esferas se deva unicamente à coordenação que existe
entre elas como pensava Aristóteles, mas creio que decorra sobretudo do som que
dimana do seu movimento. Trata-se do movimento que harmoniza a nossa alma com
os pontos invisíveis do universo e com muitos mundos distantes. E aqui chegamos a precisar melhor o conceito de “harmonia”, que não está
tanto na combinação dos sons mas na correspondência entre a emissão da
sonoridade cósmica e a percepção da alma humana. Certamente que este lugar
não é descritível, como não é descritível a música, que quando está escrita não
soa, e quando soa não é visível. Entre o sinal preto da nota e o papel branco
sobre o qual ela está impressa existe aquela distância que eu chamo de infinito.
O universo se foi construindo com ritmos e harmonia e as esferas em seus giros
produzem música” (cf.htt:// Pitágoras a e música das esferas).
É o
infinito que a música preenche e a alma sente. Foi esse infinito que
preencheu a alma de Orfeu e superou o finito da distância das Sereias.
Falamos
agora da ressurreição e da superação da morte. Alguns se amarram nas tábuas do
caixão e pensam que nunca mais delas sairão. Outros cantam o hino da claridade
da Páscoa, e seus voos sobem tão lindo e tão alto como Jesus. “Não me segure,
que ainda tenho que subir para o Pai” (Jo,20,17).
Mais curta
que a distância entre o cadáver e o sepulcro é a distância entre a fé e o amor
da Madalena e de todas as Madalenas. FELIZ PÁSCOA.
P.Casimiro
João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspopt.com.br
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