Os primeiros escritos
dos evangelhos eram a narração da paixão. Estes escritos, que certamente têm algo a ver com a fonte “Quelle”
fizeram pela primeira vez a catequese coligida que fez a raiz e o broto do evangelho
de Marcos, ou ‘São Marcos’. Daí a cópia passou a fazer parte da outra comunidade
onde se desenvolveram as catequeses do evangelho chamado de Mateus e de Lucas. Mas
sempre as origens da vida de Jesus onde o carro chefe era a paixão, morte e
ressurreição.
Hoje em dia no domingo
de Ramos é apresentado ao povo cristão o evangelho, ou a Paixão segundo Mateus,
cap.27, 11-54. Impressiona-nos a
seguinte temática, como um refrão repetido, ou a tecla fundamental da música: Quando
Pilatos perguntou ao povo se era pra soltar Jesus ou Barrabás, qual dos dois
quereis que eu solte? A multidão gritou: Barrabás. “Que farei com Jesus, que
chamam de Cristo?” –“Que seja crucificado”; “Mas que mal fez ele?” –“Eles porém
gritaram com mais força: seja crucificado”. Pilatos lavou as mãos e disse: “então
esse problema é vosso”.
São três as vezes em
que Pilatos se mostrou como inocente da morte de Jesus. E as culpas todas atribuídas
aos Judeus. Além daquele detalhe hilárico da mulher de Pilatos pedindo que “não
se envolvesse com esse justo”. Porquê isto? Todos os estudiosos recentes dão o
seguinte motivo sobre a maneira de inocentar Pilatos sobre a morte de Jesus: Os
evangelistas não queriam impressionar os romanos, mas adulá-los. Tiveram todo
cuidado para não atribuir as culpas a Pilatos, mas aos Judeus e às autoridades
dos judeus. Justamente, porque em causa estavam as primeiras comunidades que
estavam se formando entre os romanos no meio dos quais viviam como povo colonizado
e não independente. E por outro lado a admiração é maior por quanto os historiadores sabem que Pilatos era um terrivel assassino e governador tirano e cruel com histórico de muitos massacres em cima da população judaica como quando mandou massacrar centenas de sacerdotes no templo quando protestaram contra a imagem de Cesar Augusto que tinha colocado no Templo. A estratégia era portanto adular e agradar os romanos.
E como estes originários escritos da paixão foram o broto original que deram sequência
ao resto dos evangelhos, aí se criou o quadro e o formato para outras
narrativas seguintes da vida de Jesus. Vimos aqui em outros blogs o exemplo das
curas do servo do centurião romano apresentado com tanta fé, que Jesus “não
tinha encontrado tanta fé em Israel” (Mt.8,10). Não só, mas logo aquela afirmação
ainda na hora da morte de Jesus quando também outro centurião teria exclamado: “verdadeiramente
ele era filho de Deus” (Mt.27,54). Estratégias grandes para apelar à conversão
dos cidadãos romanos para não perseguirem os cristãos e para entrarem para as comunidades que estavam começando. Sempre inocentando os
romanos e suas autoridades e culpando os judeus e suas autoridades.
Não podemos deixar de
lado aspectos derivantes da história do Antigo Testamento que foram colocados
nas cenas da Paixão. Vou-me reportar apenas aos elementos da escatologia
judaica tradicional, em que “houve uma grande escuridão sobre toda a terra”; “A
terra tremeu e as pedras se partiram; os túmulos se abriram, e os corpos dos
santos falecidos ressuscitaram, saindo dos túmulos depois da ressurreição de
Jesus e apareceram na Cidade Santa e foram vistos por muitas pessoas”
(Mt.27,51-34). Estas afirmações são da escatologia antiga judaica sobre o que
os antigos imaginavam que ia acontecer no fim dos tempos (Cf. Joel, 2, 10.31 e
Is.26,19 e 13,10). Isto não foi verdade, são só imaginações antigas. E até
porque o Novo Testamento tinha esta proposta que o fim dos tempos antigos tinha
chegado, e começavam os novos tempos, o tempo da restauração e redenção com a morte
de Cristo, o que notamos noutro sinal, que “a cortina do Templo se rasgou de
alto abaixo em duas partes”(Mt.27,51).
Conclusão.
Chamamos aqui as palavras de Pio XII quando escreveu: “A regra suprema para uma
interpretação correta dos textos bíblicos consiste em encontrar e definir o que
o autor quis dizer e estar atento aos gêneros do discurso ou de escrita que ele
utiliza” (Encíclica Div. Aflante Spiritu,1943). Boa Semana Santa.
P.Casimiro
João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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