Nas Farmácias de todo mundo se olha o
sinal de uma árvore com uma serpente enrolada. Não há dúvida: ali é uma
Farmácia. Esse ícone vem de longa data, de escritos antigos antes da Bíblia, do
poema épico “Os argonautas do deserto” do Apolônio de Rodes. Conta esse mito
que os argonautas eram picados por cobras venenosas. O rei, Lico, invocou o
deus Apolo, deus da saúde. Apolo respondeu que iria mandar o filho dele
Esculápio enrolado numa planta feito uma serpente. “Preste muita atenção, disse
Apolo, e não tenham medo, e distingam-no bem das outras serpentes. O rei Lico
juntou o seu povo, e prestaram culto a Esculápio, filho de Apolo, e as
serpentes sumiram, e os doentes ficaram curados. Hipócrates, discípulo de
Esculápio continuou com o ofício de médico dos argonautas com o mandato de
Esculápio. Este conto que circulava na época dos Judeus foi copiado no Livro
dos Números, da Bíblia (Nm.21.4-9) quando esse Livro foi escrito, para destacar
os perigos do deserto, e para encorajar os judeus depois da travessia do mar
vermelho. O estudioso Phelipe Wajdenbaum fala claro nessa cópia, tão paralela
com a narração do Livro dos Números (Wajdenbaum, Argonautas do Deserto, p.197).
Esse mito na verdade originou o ícone das Farmácias de todo mundo, e originou
também o Juramento dos Médicos, chamado de Juramento de Hipócrates.
Ah, mas você pode reclamar: no
evangelho vem escrito: “Do mesmo modo
como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do
Homem seja levantado para que todos que nele crerem tenham a vida
eterna”(Jo.3,14). Sim, mas também o evangelho fala na Arca de Noé, na Torre
de Babel e na Criação do Éden, e na jumenta de Balaão, no entanto, a Igreja já
falou que os primeiros Onze Capítulos da Bíblia que trazem estas histórias também
são derivados dos mitos antigos do poema de Gilgamesh. Não só, o mesmo autor
citado fala ainda que mais contos dos Argonautas foram também transportados e
adaptados para a Bíblia como: Abrão e Sara; A água que brotou do rochedo; Elias
e o carro de fogo; Eliseu e o seu machado “que dividiu o rio Jordão em duas
partes”(o.c.p.186-322).
Conclusão.
À guisa de conclusão repare bem nas afirmações da narrativa bíblica sobre as serpentes:
”Javé mandou contra o povo serpentes
venenosas que os picaram, e muita gente morreu”(Nm.21,8). Pensemos se era
possível Deus mandar serpentes para “matar o povo”? Linguagem que não adéqua
com Deus. Deus não manda serpentes, e não mata. Nós divinizamos muito a Bíblia,
aliás tudo no mundo é divino, mas a Bíblia não é mais que as outras coisas.
Precisamos colocar a Bíblia dentro do contexto universal dos Livros da
humanidade.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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