O cristão, por regra, tem medo de ser feliz. Quando goza de certo
ambiente momentâneo de felicidade, logo já vem a saudade da infelicidade que
tomou conta da sua vida, como a ave que, acostumada na prisão, não se sente bem
quando voa dois metros longe da sua gaiola onde se acostumou. Os estudiosos o
que dizem sobre a fé que tem orientado a Igreja? “Há todo um lado dolorido
da religião que alimenta a melancolia. Frequentemente a fé transforma-se num alibi
de que o fiel depende, que quer “agradar” e em função do qual age. Fonte de
angústia, porque nos anula a liberdade, a autonomia para tomarmos nas mãos o próprio caminho, sentindo-nos comandados por
outro” (Libanio, Olhar para o futuro, p. 67). O cristianismo é especialista em grande dureza
de uma fraternidade áspera, falta de coração e insuficiente capacidade de amar.
Imagem deformada de Deus, rigorismo moralista e masoquista, medo da novidade,
insuficiência crítica, fideísmo camuflado, falta de criatividade, repressão da
liberdade. Há uma esquizofrenia que afeta muitos eclesiásticos ao terem que
ensinar, defender, pregar verdades importantes impostas que não correspondem às
suas experiências, à sua interioridade, à verdade deles mesmos. Ou então
renunciam a viver no mundo de hoje, aceitando tudo sobre o que pensar e o que
conhecer. (Cf. Drewermann, apud Libanio o.c.p.68). E vejamos o que afirma o
mesmo autor: “Algum dia a Igreja acabará descobrindo que enquanto continuar
presa ao conceito de uma verdade
exterior que não se coadune com a realidade vivida, ela mais ocultará a verdade
divina do que revelará. Entretanto os leigos estão a passar por uma trágica
experiência de fracasso, incapazes de transmitir aos filhos as suas convicções
religiosas, ou seja, o que eles pensam e o que ainda continuam ensinando de
maneira antiquada”. E isto torna-se um drama de consciência porque esbarra
com a realidade de cada dia. Deste modo, faz-se necessário o questionamento: “Há todo
um lado dolorista da religião?” O que nos remete à discussão filosófica,
socilógica e psicológica sobre os aspectos negativos ou problemáticos que
podem emergir de crenças e práticas religiosas. A literatura atual, incluindo referências filosóficas como
Paul Tilich e estudos sociológicos e psicológicos contemporâneos,
descobriu diversas dimensões em que certasformas de religiosidade podem gerar sofrimento ou dor,
seja individual ou socialmente falando. Vejamos as causas: primeiro, a
religião e o medo: Muitas tradições religiosas estruturam a experiência humana
em torno de conceitos de pecado, julgamento e punição eterna, provocando medo
constante nos fiéis. Esse temor pode afetar a saúde mental, levando a neuroses
ou sensação de inadequação. Segundo: tensão ente religião e modernidade:
Estudos contemporâneos apontam que a religião, quando não dialoga com os
valores democráticos, culturais e científicos do mundo moderno, pode gerar
conflitos internos ou sociais, aumentando o sofrimento de quem tenta
reconciliar fé, liberdade individual e conhecimento crítico.
Conclusão: Sim,
podemos afirmar que há um lado dolorista na experiência religiosa,
particularmente associada a culpa, medo, intolerância e perda de autonomia,
sobretudo quando se enfatiza a obediência rígida, dogmas punitivos ou exclusão
social.
P.Casimiro
João smbn
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