segunda-feira, 6 de outubro de 2025

VINHO E ÁGUA NO CASAMENTO DE CANÁ


 

Segundo o evangelho de João, cap. dois, num dia de casamento são colocados dois símbolos muito significativos: Seis grandes panelas de água, de 100 litros cada uma, e o vinho que acabou. Logo um observador atento  nota que a água era “para abluções dos judeus” (Jo.2,6). E a história que o vinho acabou é para focar no que vem a seguir sobre as panelas e a água. O Antigo Testamento baseava-se nas abluções e na observância da lei de Moisés. Era isto que representavam as panelas e a água. E desde logo o Novo Testamento irá se basear na obediência a Jesus Cristo. É o significado do vinho novo que “veio” da dita transformação da água. No fundo, vem sempre a questão: aceitar Moisés, ou aceitar Jesus? Aqui a teologia deste trecho fica paralela com o que Paulo afirma: “A lei de Moisés já era; agora é a cruz de Cristo pela qual eu estou morto para o mundo e o mundo para mim”, (Gl.6,14) e: “Cristo é o fim da lei, para justificar todo aquele que crê.” (Rom.10,4). No final da cena vem a intervenção da mãe de Jesus para fechar a situação com chave de ouro: Vão fazer tudo que Jesus disser, ou vão continuar fazendo tudo que Moisés disse?

Conclusão. Temos falado na resistência que o evangelho de João encontrou para ser incluído no cânon do Novo Testamento porque não fazia referências aos sacramentos. E foi só aceito porque um redator posterior postou as referências ao batismo com o episódio de Nicodemos de Jo.cap.3 e com as referências à eucaristia no capítulo seis. E no presente caso uma referência ao matrimônio. “O evangelista fez uma reflexão sobre Jesus Cristo como esposo da comunidade o qual oferece o vinho da alegria e da vida nova aos que participam de sua festa.” (Nilo Luza, em Liturgia Diária, 2025 p.78). Cf. também R.Brown, Comentário ao evangelho segundo João, vol.I p.305).

P.Casimiro João        smbn

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