Segundo o evangelho de João, cap. dois, num dia de casamento
são colocados dois símbolos muito significativos: Seis grandes panelas de água,
de 100 litros cada uma, e o vinho que acabou. Logo um observador atento nota que a água era “para abluções dos
judeus” (Jo.2,6). E a história que o vinho acabou é para focar no que vem a
seguir sobre as panelas e a água. O Antigo Testamento baseava-se nas abluções e
na observância da lei de Moisés. Era isto que representavam as panelas e a
água. E desde logo o Novo Testamento irá se basear na obediência a Jesus
Cristo. É o significado do vinho novo que “veio” da dita transformação da água.
No fundo, vem sempre a questão: aceitar Moisés, ou aceitar Jesus? Aqui a
teologia deste trecho fica paralela com o que Paulo afirma: “A lei de Moisés já
era; agora é a cruz de Cristo pela qual eu estou morto para o mundo e o mundo
para mim”, (Gl.6,14) e: “Cristo é o fim da lei, para justificar todo aquele
que crê.” (Rom.10,4). No final da cena vem a intervenção da mãe de Jesus
para fechar a situação com chave de ouro: Vão fazer tudo que Jesus disser, ou
vão continuar fazendo tudo que Moisés disse?
Conclusão. Temos falado na resistência que o evangelho de João
encontrou para ser incluído no cânon do Novo Testamento porque não fazia
referências aos sacramentos. E foi só aceito porque um redator posterior postou
as referências ao batismo com o episódio de Nicodemos de Jo.cap.3 e com as
referências à eucaristia no capítulo seis. E no presente caso uma referência ao
matrimônio. “O evangelista fez uma reflexão sobre Jesus Cristo como esposo da
comunidade o qual oferece o vinho da alegria e da vida nova aos que participam
de sua festa.” (Nilo Luza, em Liturgia Diária, 2025 p.78). Cf. também R.Brown, Comentário
ao evangelho segundo João, vol.I p.305).
P.Casimiro João
smbn
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