domingo, 12 de julho de 2020

A Origem do Mal no Mundo e o Gnosticismo e o Cristianismo inicial

O mundo que se começou a encontrar com o cristianismo era muito divertido, mas muito questionador.

Naquelas épocas as filosofias correntes se cruzavam com a religiosidade de tal maneira que se tornava difícil saber onde terminava a religiosidade e começava a filosofia. 

No cristianismo da Grécia havia de mistura uma filosofia dominante que era o gnosticismo que era muito devedora do platonismo e adaptava o platonismo à religião. Essa filosofia influenciou muito a escrita do evangelho de São João, e algumas Cartas de São Paulo.

Nesse sentido havia uma preocupação muito grande em responder às perguntas como: donde vem o mal no mundo, se o Ser máximo lá em cima está no controle de tudo? A esse Ser máximo, eles chamavam Pleroma, que tinha a completude de todos os bens.

Segundo a filosofia de Platão que lhes dava respaldo, esse Pleroma ou o Deus prefeito estava bem acima das preocupações dos mortais, estava lá no mundo das Ideias, e não tinha contato com a matéria. 

Porém, no próprio Ser divino havia uma parte inquisidora que desejava conhecer sua própria origem dentro da máquina divina: era a SOFIA em português SABEDORIA.

Nesse intervalo de tempo a Sabedoria conseguiu fazer uma viagem para a Terra e aí concebeu outro ser divino, um tipo de rei ou príncipe que não  obedeceu ao Ser Máximo o deus primário ou Pleroma. Este ser assim caído do céu é que resolveu criar a matéria, porque seu pai não tinha ainda criado a matéria porque a matéria era má.

Este ser que criou a matéria é que ficou sendo o deus deste mundo, como lhe chama São Paulo na 2ª Carta aos Corintios: “para os incrédulos cuja inteligência o deus deste mundo obcecou...” (2 Cor.4,4). Ou “o príncipe deste mundo” no evangelho de São João: “Já não vou falar mais convosco porque vem o príncipe deste mundo” (Jo.14,30). Este "príncipe deste mundo" também era chamado de demiurgo ou criador.

Entre os seres humanos criados por este ser divino demiurgo havia dois partidos: os que só se importavam com a matéria e o que ela podia lhes oferecer, e os que não se conformavam com este mundo e tinham sentimento profundo que não pertenciam a este mundo: “Vós não sois do mundo, como eu também não sou do mundo” (Jo.17,16, e Jo15,20).

Quando no processo de separação, quando a mãe Sofia se desprendia do deus primário PLEROMA, uma centelha da realidade divina chamada Espirito foi concedida a SOFIA e continua na mesma versão em cada um destes seres humanos. 

Assim, a humanidade não vem só com seus primários elementos matéria e alma, mas com seus primeiros elementos do Espírito divino do mundo do eterno dentro do Pleroma. É por isso que esses seres humanos não se sentem em casa, e anseiam por se libertar deste “corpo de morte” que é a matéria. “Quem me livrará deste corpo de morte”? (Rom.7, 23).

A Sabedoria dos gnósticos encontra uma versão paralela na Literatura hebraica em seu poema sobre a SABEDORIA (Provérbios, todo capitulo oito).

Podemos concluir agora enumerando os 05 princípios do Gnosticismo: 1. O mundo gnóstico não se sentia em casa neste mundo; 2. A composição dualista da realidade, em espirito e matéria; corpo e alma; 3. A  compreensão de salvação como libertação de sua prisão terrestre e carnal; 4. Desprezo deste mundo; 5. Seres espirituais que pertenciam ao mundo divino e podiam assumir forma humana e comunicar conhecimento secreto aos mortais.

Terminando, tivemos ocasião de ver como estas correntes e filosofias, querendo ou não, estavam no imaginário quotidiano dos cristãos da época e como sinais delas ficaram  nos escritos do Novo Testamento, e querendo ou não influenciam ainda hoje o nosso imaginário.
P.Casimiro SMBN www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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