terça-feira, 13 de abril de 2021

Os mexicanos conseguiram concentrar numa só imagem tudo o que no Brasil representam os Orixás, o Candomblé, a Aparecida e todos os cultos Afro.


Uma reflexão da sociologia e fenomenologia religiosa nos leva a entender  como se processou e se consolidou o monoteísmo na história, e leva-nos a considerar que foi por duas vias: A primeira pela via das armas; A segunda pelo aniquilamento de sonhos roubados.

Primeira via: Houve já na antiguidade uma tentativa de monoteísmo que usou a força das armas. Foi com o rei Achenaton (1.700 a.C.) que foi um dos reis Hicsos. Não durou muito tempo porque gerou revoltas dos nobres e dos sacerdotes antigos. A segunda tentativa bem sucedida foi a de Maomé, na Arábia, que deu origem à religião do Islão, que é hoje a 2ª maior religião monoteísta do mundo, que veio pela força das armas.

A segunda via: foi o monoteísmo judaico-cristão, que veio pelo aniquilamento de sonhos roubados. Quais? Os sonhos da nação de Israel de conquistar as Nações. Não foi nunca possível, pelo contrário, caiu em dois cativeiros, da Síria, em 722, e da Babilônia em 586 a.C.

Só depois deste 2º exílio se consolidou o monoteísmo judaico. Motivo? Quando os Judeus voltaram da Babilônia vieram sem rei, porque os reis deram todos fim. Era só o povo e os sacerdotes que sobraram e retornaram para a Palestina. Aí o sacerdote começou exercendo o mando espiritual e o mando politico da nação. O rei era o único Deus Javé, sob o controle do sacerdócio.  Porque quando havia reis, cada um tinha os seus deuses, como  os anteriores, da Samaria e de Judá. Assim ficou consolidado o Monoteismo.

Avançando para os tempos modernos, vejamos como se deu a repetição dos fatos. Já reparou que a religião cristã avançou para as Américas do Norte e do Sul, e África pela força das armas e das conquistas? Aí as Nações, antigas colônias, ficaram cristãs.

Pelo contrário, no Oriente onde não chegou a força das armas e dos conquistadores, a religião cristã nunca foi estabelecida. E são praticamente os seis bilhões de seres humanos lá, que não são cristãos, sobrando os dois bilhões entre católicos e protestantes na Europa, África e Américas. Na China são 1.500 bilhões, com 4% de cristãos; na Índia também 1.500 bilhões, com 6.5% de cristãos; Na Indonésia perto de meio bilhão, com 9% de cristãos; no Japão, Paquistão, Ilhas do Pacífico  mais de 200 milhões, com 1 % de cristãos...

Sobrando dois bilhões entre protestantes e católicos no meio desses outros bilhões todos com suas religiões tradicionais de mais de 2.000 anos antes de Cristo. Aliás na Europa começou já com o imperador Constantino. E da primitiva Cristandade europeia partiu para os outros povos colonizados.

Na verdade, a religião foi uma das formas poderosas da sustentação do sistema colonial. Vejamos o que aconteceu no México, por exemplo. Os espanhóis no México derrubaram as imagens dos deuses astecas e lá colocaram as imagens cristãs. Os astecas pediam aos seus deuses que lhes concedessem favores e a vitória sobre os espanhóis, mas não obtiveram nenhuma resposta aos seus oráculos e então consideravam seus deuses mudos ou mortos.

E essa revolta contra seus próprios deuses fez com que “aceitassem” o cristianismo, já que os deuses dos espanhóis mostravam-se mais fortes dando-lhes a vitória nas guerras da conquista. A evangelização colonial deu-se em toda a parte pelas armas.

Até a famosa Virgem de Guadalupe não foi exceção desse processo. Tem segredos que os historiadores revelam de substituição de imagens num templo asteca da imagem da Deusa-Mãe pela outra imagem de Guadalupe, pintada pelo índio Marcos (Frei Francisco Bustamante). Também aqui a religião foi  usada pelos conquistadores e os religiosos como meio de dominação.

Estudos recentes colocam em cheque a própria história de Guadalupe como sendo uma substituição de imagens e formando toda uma grande catequização para induzir a conversão dos índios mexicanos, incluindo “milagres” de que ninguém ia cobrar da sua autenticidade nem comprovação “cientifica”.

E foi criada toda uma mística comparando-a à imagem do Apocalipse, onde os Anjos eram os conquistadores. Os mexicanos conseguiram concentrar numa só imagem tudo o que no Brasil representam os Orixás, o Candomblé, a Aparecida e todos os cultos Afro. (Sanches).

Encerramos reafirmando o processo da religião e do monoteísmo histórico como fenomenologia semelhante à que aconteceu antes de Israel e em Israel.

P.Casimiro    smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 


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