Uma reflexão da sociologia e fenomenologia religiosa nos leva a entender como se processou e se consolidou o monoteísmo na história, e leva-nos a considerar que foi por duas vias: A primeira pela via das armas; A segunda pelo aniquilamento de sonhos roubados.
Primeira via: Houve já na antiguidade uma tentativa de
monoteísmo que usou a força das armas. Foi com o rei Achenaton (1.700
a.C.) que foi um dos reis Hicsos. Não durou muito tempo porque
gerou revoltas dos nobres e dos sacerdotes antigos. A segunda tentativa
bem sucedida foi a de Maomé, na Arábia, que
deu origem à religião do Islão, que é hoje a 2ª maior religião
monoteísta do mundo, que veio pela força das armas.
A segunda via: foi o monoteísmo judaico-cristão, que
veio pelo aniquilamento de sonhos roubados. Quais?
Os sonhos da nação de Israel de conquistar as Nações. Não foi nunca possível,
pelo contrário, caiu em dois cativeiros, da Síria, em 722, e da Babilônia em
586 a.C.
Só depois deste 2º exílio se consolidou o monoteísmo
judaico. Motivo? Quando os Judeus voltaram da Babilônia vieram sem
rei, porque os reis deram todos fim. Era só o povo e os sacerdotes que
sobraram e retornaram para a Palestina. Aí o sacerdote começou exercendo
o mando espiritual e o mando politico da
nação. O rei era o único Deus Javé, sob o controle do
sacerdócio. Porque quando havia reis, cada um tinha os seus
deuses, como os anteriores, da Samaria e
de Judá. Assim ficou consolidado o Monoteismo.
Avançando para os tempos modernos, vejamos como se
deu a repetição dos fatos. Já reparou que a religião cristã avançou para as Américas
do Norte e do Sul, e África pela força das armas e das conquistas? Aí as
Nações, antigas colônias, ficaram cristãs.
Pelo contrário, no Oriente onde não chegou a força
das armas e dos conquistadores, a religião cristã nunca foi estabelecida. E são
praticamente os seis bilhões de seres humanos lá, que não são
cristãos, sobrando os dois bilhões entre católicos e
protestantes na Europa, África e Américas. Na China são 1.500 bilhões, com 4%
de cristãos; na Índia também 1.500 bilhões, com 6.5% de cristãos; Na Indonésia
perto de meio bilhão, com 9% de cristãos; no Japão, Paquistão, Ilhas do
Pacífico mais de 200 milhões, com 1 % de cristãos...
Sobrando dois bilhões entre protestantes e
católicos no meio desses outros bilhões todos com suas religiões
tradicionais de mais de 2.000 anos antes de Cristo. Aliás na Europa começou já
com o imperador Constantino. E da primitiva Cristandade europeia
partiu para os outros povos colonizados.
Na verdade, a religião foi uma das formas poderosas
da sustentação do sistema colonial. Vejamos o que aconteceu no México, por
exemplo. Os espanhóis no México derrubaram as imagens dos
deuses astecas e lá colocaram as imagens cristãs.
Os astecas pediam aos seus deuses que lhes concedessem favores e a vitória
sobre os espanhóis, mas não obtiveram nenhuma resposta aos seus oráculos e
então consideravam seus deuses mudos ou mortos.
E essa revolta contra seus próprios deuses fez com
que “aceitassem” o cristianismo, já que os deuses dos espanhóis
mostravam-se mais fortes dando-lhes a vitória nas guerras da conquista. A
evangelização colonial deu-se em toda a parte pelas armas.
Até a famosa Virgem de Guadalupe não
foi exceção desse processo. Tem segredos que os historiadores revelam de substituição
de imagens num templo asteca da imagem da Deusa-Mãe pela
outra imagem de Guadalupe, pintada pelo índio Marcos (Frei
Francisco Bustamante). Também aqui a religião foi usada pelos
conquistadores e os religiosos como meio de dominação.
Estudos recentes colocam em cheque a própria
história de Guadalupe como sendo uma substituição de imagens e formando toda
uma grande catequização para induzir a conversão dos índios mexicanos,
incluindo “milagres” de que ninguém ia cobrar da sua autenticidade nem
comprovação “cientifica”.
E foi criada toda uma mística comparando-a
à imagem do Apocalipse, onde os Anjos eram
os conquistadores. Os mexicanos conseguiram concentrar numa só
imagem tudo o que no Brasil representam os Orixás, o Candomblé,
a Aparecida e todos os cultos Afro. (Sanches).
Encerramos reafirmando o processo da religião e do
monoteísmo histórico como fenomenologia semelhante à que aconteceu antes de
Israel e em Israel.
P.Casimiro smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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