Em continuação do BLOG anterior, vamos dar
seguimento à segunda parte, os motivos que levam hoje a afirmar que as Crianças
que morrem sem batismo não se podem condenar, estão salvas, até porque alguém
pediu esta matéria. Antes de tudo vamos dar uma olhada às razões que
levavam à obrigação do baismo.
1. Razões antropológico-bíblicas primitivas:
1). As razões da Igreja da Idade Média para a
não salvação das Crianças sem o batismo baseavam-se na primitiva
antropologia da fabricação do homem com o barro (teoria Criacionista). Agora
atende-se à teoria evolucionista, na qual o Adão e a Eva são os nossos Ancestrais
desde 500 mil anos atrás, em evolução progressiva até chegar, por uma Sinapse
do Córtex cervical à formação da Consciência .
2). Devido a isto, acrescenta-se a teoria do
polimorfismo genético pela qual em muitos Casais primevos aconteceu esta
evolução (teoria do Poliformismo).
3). Não há como dizer que o homem na sua
evolução até ao Homo sapiens e Neandertal não tivesse morrido, antes numa
consciência em evolução, e depois já em plena consciência.
4). Não há portanto como como dizer que antes
o homem era imortal e que só teria morrido por causa do pecado.
5). Por fim, o ser humano foi evoluindo tanto
na sua Consciência como na sua evolução física e biológica, e da formação do
seu Genoma genético.
6). Atribuindo à história bíblica o gênero
mitico e lendário primitivo, do jeito primitivo de forjar uma explicação para o
inexplicável sem a Ciência de hoje, temos que a Criança nasce sem pecado, como
é afirmado na teoria evolucionista, hoje aceita oficialmente pela Igreja.
2. Razões filosóficas e antropológicas
Vamos ao ponto fulcral de Agostinho. Ele
dizia que o pecado original vinha da relação sexual, que é matéria. E porque
a matéria era má, todo o sexo era mau. Agostinho seguiu a filosofia dos
Maniqueus, fundada por Mani (250 d.C.) que tinham a matéria como má aproveitando-se
das ideias de Platão (450 a.C.). Segundo eles, o demiurgo era o
intermediário de Deus na criação, responsável pelo mal que não podia
ser atribuído ao Criador Supremo, que não tinha nenhum envolvimento com
o mundo e com a matéria. Seriam então dois deuses, o demiurgo e o deus
supremo.
Como a criança nasce da matéria pela relação
sexual, ela vinha condenada pelo pecado de origem dos pais. E foi nessa
linguagem que o fruto da relação começou a ser chamado de pecado original.
Chama-se Filosofia Maniqueista dualista e gnóstica da condenação da matéria.
Como vimos atrás, a esta filosofia dualista
maniqueísta juntava-se a primitiva antropologia da criação pelo barro, dum
único casal humano na descrição do mito da Criação. Tiradas estas
bases, pode se ver a nuvem em que Santo Agostinho trabalhava. Como dito antes,
não sendo consistente essa teologia, os pensadores da Idade Média quiseram
resolver o problema com a estória do Limbo, que também não deu certo.
Este pessimismo maniqueu vai na contramão da apreciação positiva do Gênesis: "E
Deus viu que tudo era bom" (Gn.1,19).
3. Razões históricas.
1ª etapa – A tese bíblica do Antigo Testamento era a certeza
que Israel estava destinado a ser o dono do mundo. E todo mundo seria
circuncidado para ser do reino. Os apóstolos tinham isso na cabeça e o mostraram
no episódio da Ascensão: “Senhor,
é agora que vais restaurar o reino de Israel”? (At. 1,6).
2ªetapa: Isso não foi possível, e chegou novo
dono do mundo, o império romano, que dominou a Palestina e todo
mundo ocidental. Até o séc. VI-VII. Mas também o império romano foi embora com
os seus sonhos imperiais de seis anos. No séc.VI o império romano se dividiu.
Mas ainda a Igreja e o império trabalharam unidos uns séculos.
E foi aí que, como no Judaísmo todo mundo tinha que se circuncidar,
na religião do império todo mundo tinha tinha que se batizar. Foi
por esse tempo que estavam sendo feitas as últimas edições dos evangelhos
sinóticos. E apareceram vários acrescentos, entre os mais importantes o acrescento
feito ao evangelho de Marcos na última metade do último capítulo: ”Quem crer e for batizado será salvo; quem não
crer será condenado” (Mc. 16,16).
3ª etapa: - Com o fim do império romano dividido,
chegou a Igreja católica. A Igreja herdou as vestimentas, os poderes
e os brazões da nobreza. O império romano se foi embora mas esses
costumes ficaram na Igreja. Os bispos eram os príncipes, o Papa
era o Rei dos reis.
4ª
etapa: Como no Judaísmo todo mundo teria que se circuncidar, na
Igreja todo mundo teria que se batizar, senão ia se condenar como falámos na 2ª
etapa.
5ª etapa; Nos povos das Colônias, no séc. XV em
diante todos os colonizados eram obrigados a se batizar, escravos e crianças
para irem pro o céu, e para ter os direitos de cidadão.
Esta é uma breve resenha
antropológico-filosófica, pré-cristã e histórica das andanças em que têm andado
os caminhos teológicos do Batismo.
Com a abertura da Igreja à teologia do
pluralismo teológico e ao pluralismo das religiões, e com as novas teorias
antropomórficas, foi possível olhar e compreender as razões históricas, e
afirmar corajosamente a salvação. Passando do antigo aporema: “Fora da Igreja não há salvação(Cipriano,
258), para o novo aporema: “Fora da Igreja muita salvação” como vem
desde o Concílio Vaticano II.
Na verdade, muitas hipóteses se têm
levantado, como aquela do “batismo de desejo”, outras vezes se tem falado na “igreja
visível e na igreja invisível”, daqueles que não pertencem visivelmente à
Igreja de Cristo. Tem se falado dos “com culpa ou sem culpa”.
Mas a Lumen Gentium (Vaticano II) afirmou “Quem se salva, salva-se por Cristo e em sua Igreja: pertença a ela visível
ou invisívelmente” (LG.16). Daqui a conclusão: As crianças se
salvam porque são sem culpa.
E o Catecismo
da Igreja Católica: “Aqueles que não receberam o Evangelho estão relacionados
com o Povo de Deus de várias maneiras” (CIC), 838-839.
P.Casimiro João smbn
Cf.Blog www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário