Moisés exercia o “poder” religioso e o
poder “civil”. Nele, como em todos os líderes da Antiguidade, tudo funcionava
assim. Era o tempo da teocracia. Uma consequência foi um dia uma resposta de
Jesus à pergunta dos discípulos: “Como é
que Moisés mandou dar certidão de divórcio e despedir a mulher? Respondeu-lhes
Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar
a vossa mulher” (Mt.19,7). Na verdade Jesus não condenou aí Moisés, mas
aceitou o que ele fez. Isto é, segundo o texto, ele fez o correto. Qual foi o
correto? Dar a certidão de divórcio e despedir a mulher. Por “causa da dureza
do vosso coração”. Todo o problema aqui se baseia numa antropologia e numa
cosmologia antiga. É diferente considerar se houve um primeiro homem e uma
primeira mulher no tocante ao princípio da humanidade, o que se chama teoria do
criacionismo, ou se houve ancestrais donde se originaram muitos homens e muitas
mulheres originários da humanidade atual, o que se chama evolucionismo. Na
antropologia e na cosmologia atual funciona a segunda teoria científica, a
evolução ou evolucionismo. Por outro lado, essas duas teorias fundamentam
teologias diferentes. E na verdade, toda a teologia do Antigo Testamento foi
criada na base da antiga antropologia e cosmologia chamada do criacionismo.
Essa teologia passou para o Novo Testamento, e ainda faz parte do imaginário de
99% de nossas cabeças. E como é um tronco de dois mil anos antes de Jesus, e
mais outros dois mil anos depois de Jesus, levará outros dois mil e mais dois
mil para brotar outra planta nova. Evidente que nessas teorias antigas não
entravam coisas como bebês de proveta, barrigas de aluguel, manipulações de
embriões e engenharia genética, assim como métodos anticoncepcionais. Todas
estas coisas hoje lícitas seriam reprovadas, assim como seriam reprovadas as
uniões que não produzissem filhos, porque nessas teologias arcaicas a união dos
sexos seria só para reprodução de muitos filhos, porque ter muitos filhos era
aumentar a riqueza da casa. Como uma fábrica que aumenta os funcionários. A
fábrica eram as terras para cultivar, e os funcionários eram os filhos. É por
isso também que eram proibidas uniões homofóbicas porque não produziam filhos e
masturbações e companhia. Não tinha valor o afetivo, só o sexual produtivo.
Inclusive na Igreja católica não eram permitidas carícias entre casados, e
preliminares do sexo, porque seriam imorais, assim como seriam imorais se não
houvesse o “sexo reprodutor”. Só este é que devia ser almejado. Foi grande a
surpresa e a reação da cúpula da Igreja quando foram iniciados os métodos
anticoncepcionais, e ela os condenou na época.
Conclusão.
Hoje não é mais a teocracia mas a democracia e a separação de poderes inerentes
à mesma democracia. As Nações são autônomas em organizar suas famílias e têm
esse poder por direito natural de existência e sobrevivência. Assim como os
primeiros seres que “originaram” os primeiros hominídeos tiveram esse direito
natural de “criar homens e mulheres” que somos nós hoje.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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