Para entendermos a posição dos Judeus
sobre Jesus iremos considerar em 1º lugar algumas premissas e em 2º
lugar alguns pontos comuns.
Para inicio de diálogo com os Judeus
sobre Jesus a quem eles chamam de “o nosso irmão”, desde Martin Buber(1879),
devemos ter presentes quatro premissas.
1ª premissa:
Levar em conta que a fé e a visão cristã refletem em muitas coisas a inclusão
de teologias arrumadas posteriormente à vida histórica de Jesus. Premissa:
Olhar o Jesus histórico da Galileia sem as roupagens com que foi vestido e
investido muito tempo depois. Os Judeus olham para a figura puramente humana de
Jesus, enquanto que o cristão olha para a figura “ressuscitada” de Jesus, i.é,
como se fosse uma figura “caída do céu”. E fica tecendo um Jesus do modo grego
e gnóstico e quase nada de histórico.
2ª premissa: Levar em conta as consequências de como a
visão dos cristãos impactou a história social do povo judeu, por exemplo
alegações e insinuações que levaram a maus-tratos e perseguições
contra os Judeus, como a sucessivas expulsões dos países da Europa até culminar
no Holocausto da Alemanha. E o grau de inverdades ou de preconceitos que
isso arrasta.
Os Judeus têm outras certezas a
respeito de Jesus. Eles acham que os evangelhos estão sobrecarregados de
questões e dogmas de épocas posteriores, que dificultam a vidão a olho nu da
pessoa que era Jesus quando viveu na Palestina.
Afinal, nisto também estão de acordo os
historiadores bíblicos modernos quando descobriram documentos históricos
datados ainda antes das últimas redações e edições dos evangelhos. Porque, na
verdade os redatores do Novo Testamento seguiram um formato helênico em que
aumentavam os fatos tipo fábulas ou novelas sobre realizadores de prodígios. E
não só, mas durante a Idade Média os escritores de vidas de Santos
seguiram o mesmo formato. Você vai ler a Vida de Santo Antônio, e o que
aparece? E de São Francisco? Que eles nem eram homens mas anjos...E sobre as
Santas?...Por outro lado, nas áreas do Mediterrâneo havia as aretotologias,
que eram maneiras de narrações escritas exclusivamente com a finalidade
de atrair novos fiéis ou adeptos. Isto é o que aconteceu com muitos
escritos do Novo Testamento, como Atos e muitas partes dos evangelhos.
3ª premissa:
A terceira premissa é a afirmação do pluralismo religioso segundo o qual
nenhuma religião detém o monopólio da verdade. “Nenhuma fé humana é definitiva,
nunca é ponto de chegada mas antes uma interminável peregrinação” (Byron).
4ª premissa:
A recuperação da judaicidade de Jesus apresenta novos problemas à
formulação de Cristologias contemporâneas. Constatamos que as modernas
investigações arqueológicas adequam com as considerações do conhecimento e da
teologia judaicas sobre Jesus.
Como dito acima, não devemos subestimar
os ressentimentos e os sofrimentos sofridos pelos Judeus, os quais têm que ser
vistos no seu histórico. Hoje em dia eles sabem, e não só eles mas os críticos,
que muitas inverdades foram colocadas nos evangelhos sobre os Judeus depois da
sua escrita primitiva.
Eles hoje sabem que havia conflitos
entre grupos judaicos da época. Nesse contexto várias passagens do evangelho de
Mateus expressam tom de chacota e desprezo acusando um grupo de todo tipo de
coisa ruim como se fosse de todos os grupos. Eles agora sabem que este ríspido
trato foi feito pela hierarquia institucional ulterior para não desagradar ao poder
imperial, culpando o Povo judeu da condenação de Jesus. Faziam isso
para livrar Roma de toda a responsabilidade, por motivos políticos portanto.
Elementos comuns.
1º Oração do Pai Nosso:
Os rabinos encontram no Talmude, a catequese oficial dos Judeus,
coletâneas de orações curtas semelhantes às petições do Pai Nosso,
onde se fala no nome de Deus para torná-lo santo, sobre o reino de Deus,
e sobre o perdão dos pecados mormente no Dia do Perdão. E vem a recomendação: “Tu
conheces as nossas necessidades”, como também Jesus dizia.
2º O sermão das bem-aventuranças.
Os Judeus reconhecem que muitas destas bem-aventuranças se encontrar nas
Orações curtas e Salmos das Horas do dia
onde se fala em “felizes” e
“afortunados”.
3º “Imbecil e “raca”.
“Apelidar ou injuriar como os “bulling” de hoje – Os rabinos também assim se
expressam. Era prática comum usar a hipérbole, o exagero para
enfatizar e impactar. Por outro lado, temos que considerar o que representa
insultar alguém em público e praticar o bulling: é um homicídio psicológico,
equivale a assassinar. O Talmude referia que a pessoa ficava sem sangue nas
veias só de amarelar, e isso era como matar, assassinar.
4º “Onde dois ou três”-
(MT. 18,20). Vale a pena lembrar uma tradição rabínica que diz: “ Quando dois
ou três se sentam juntos, a Presença divina os ilumina”
5º o reino de Deus
– Os Judeus têm duas hipóteses sobre como Jesus encarava a proximidade do reino
de Deus. Primeira: Jesus formularia algumas exigências rigorosas para quando
chegasse o reino puderem entrar nele. Segunda hipótese: Esta hipótese será a
mesma dos rabinos, para os quais o reino de Deus e o messianismo ocorreria no
tempo, no espaço e na história que eles viviam. Assim adequam aquelas
afirmações do evangelho: “Não tereis
tempo de percorrer todas as cidades da Judeia antes que chegue o reino de Deus”(Mt.
10,23)
Conclusão - Os Judeus hoje respeitam e
veneram Jesus como o “nosso irmão”. E por nossa parte temos de reconhecer que
eles estão mais próximos das fontes originais, assim como foram descobertas
pelos investigadores bíblicos e arqueólogos
modernos, e que essas fontes foram esquecidas ou ignoradas pelos
primeiros escritores cristãos.
Por quê ignoradas? Porque com as
guerras que houve, muitos documentos ficaram soterrados nos escombros, e
achados agora nas modernas escavações. E por quê esquecidas?
Porque muitos escritores esconderam a vida real de Jesus pera exaltar a sua
glória. Ao jeito como atrás dito, do formato helenístico de aumentar fábulas e
lendas sobre realizadores de prodígios. Por isso, os críticos hoje também
afirmam que a real identidade de Jesus tem sido coberta por tantas camadas de
traduções e transmissões fica quase impossível divulgar a real imagem original
de Jesus de Nazaré, o Yeshua da
Galileia.
Por isso, refirmamos: “Nenhuma fé
humana é definitiva, nunca é ponto de chegada mas antes uma interminável
peregrinação” (Byron).
P.Casimiro Joao smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.combr
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