segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O INSTINTO DE MATAR E DESTRUIR.


 

São Tomás de Aquino (1225-1274) explicava o desenvolvimento do embrião humano pela teoria do hilemorfismo, que se dá em três fases: Na 1ª fase o embrião só tem a vida vegetativa ao modo de planta; Na 2ª fase ganha uma vida vegetativa-sensitiva ao modo de animal; na 3ª fase ganha a forma humana de consciência. Por seu lado, os cientistas afirmam não haver vida humana antes do 4º ou 5º mês de gestação, quando se forma o sistema nervoso central (Jaques Menod e Y.Jacob). Estas proposições são muito paralelas com a teoria do Hilemorfismo de Tomás de Aquino, como dito atrás. E também adequam com Darwin e T.de Chardin sobre a célula embrionária do córtex cerebral e do sistema neuropsíquico. O maior teólogo do século vinte, o jesuíta Teilhar de Chardin disse: “a formação do embrião não depende da ideia antropomórfica de colocar Deus feito um oleiro soprando uma alma, mas no desenvolvimento da consciência, isto é que origina o ser humano, e ocorre na formação do córtex cerebral” (Cross F.L.Livingstone – The Oxford Dictionary of the Christian Church,1997).

Vamos nos deter nesta reflexão: Na teoria do hilemorfismo, o ser humano concentra a vida do mundo vegetal e do mundo animal, até chegar ao mundo humano na terceira fase. Começa como planta, e foi assim como começou a vida na terra há bilhões de anos. Em seguida prossegue com a vida animal. Assim prosseguiu também a vida há milhões de anos depois das plantas; depois das plantas começou a vida animal com as primeiras amebas unicelulares. Das amebas a vida se desenvolveu no reino animal até chegar aos primatas tanto como aos dinossauros. E dali para atingir a perfeição da consciência nos primeiros hominídeos. Nalgumas espécies a consciência parou bem próxima do ser humano, como nalguns répteis, e nos gatos e nos cachorros com seus sentimentos quase humanos, assim como no inicio de inteligência dos cavalos, sem falar nas aves da inteligência dos papagaios, e insetos como formigas e as abelhas.

Vimos que a 2ª fase de desenvolvimento do embrião é a fase sensitiva-animal. Nos humanos primitivos esta fase do animal estava muito viva, enquanto que a 3ª fase, da forma humana da consciência, estava em lento desenvolvimento. Por isso mesmo o homem primitivo vivia praticamente só para a guerra e a sobrevivência. Não havia outro esporte além da guerra. A vingança gerava ódio e a morte; não havia televisão, cinema, celular, turismo, e outros lazeres. A única diversão era a guerra, e matar-se uns aos outros, e até se devorar. Não é em vão que o primeiro mandamento do código de Hamurabi e também dos Judeus, era: “Olho por olho, dente por dente, morte por morte”. O homem vivia quase só do desenvolvimento da 2ª fase do embrião: a fase sensitivo-animal. Até que chegasse o desenvolvimento da 3ª fase levou milhões de anos, isto é o nível da consciência e do desenvolvimento da razão.

Vemos que no Antigo Testamento o povo tinha Deus como deus-vingador; deus-guerreiro; deus-dos-exércitos.(Sabaot). Deus tinha que andar na frente dos exércitos para destruir o inimigo (Salmo 143,6). É o que acontece conosco quando nascemos: todos queremos destruir o inimigo; todos nascemos com o instinto de matar.

A oração se baseava a maior parte das vezes na destruição do inimigo. A oração, no conceito do Antigo Testamento era para que Deus mudasse de parecer e se vingasse dos nossos inimigos. Hoje em dia, porém, julgamos já bastante desenvolvida a 3ª fase do embrião, com a consciência e a razão, com milhares de milhões de anos que se passaram. Então a oração hoje em dia, e após o ensino de Jesus Cristo, não é para mudar a ideia de Deus mas para mudar a nossa ideia. Qual então a diferença? Assim: Em vez de dizer, Deus destrua os meus inimigos, deverá ser: Deus que eu tenha juízo, que eu possa mudar minha raiva e minha vingança para eu não matar. Se eu não puder ser amigo, mas que eu possa conversar e dialogar com o meu inimigo. Não a morte, mas a conversa e o diálogo. Assim chegamos ao ponto da democracia moderna, que tende à convivência com o adversário. Pode haver adversários mas não inimigos. Porque Deus não é inimigo dos meus inimigos. Para Deus não há inimigos, todos filhos e irmãos. Porque se eu digo: Deus, mate o meu inimigo, o meu inimigo também diria: Deus mate o meu inimigo. E assim teríamos que morrer  os dois, e todo mundo iria morrer. E Deus não quer que ninguém morra, mas que todos vivam. (Jo.10,10).

Conclusão. Do dito atrás resta dizer: Nos tempos atuais uma parte considerável de cidadãos nas nações ainda não desenvolveram corretamente a 3ª fase do embrião que é a razão, a consciência e a convivência. Talvez vivam ainda governados pela segunda fase do sensitivo-animal que incentiva o instinto de matar. E com o tanto de aparelhamento policial se torna ainda muito difícil neutralizar esse instinto de morte. Uns porque o seguem ainda, outros porque o incentivam, muitas vezes em postos de mando e de influência. Quando se chegará a um grau global em que se viva menos com polícia e mais com o 3º grau do embrião do desenvolvimento humano da autoconsciência desenvolvida?

P.Casimiro João     smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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