O
matrimônio era muito interessante para os judeus. Para eles: era um conceito
econômico. Hoje: inclui conceitos antropológicos e filosóficos e sociológicos.
Para os judeus podia-se trocar de mulher. para aumentar a riqueza do marido. Era
o sistema patriarcal, que favorecia o macho. (Cf. Werren Carter, o evangelho de
Mateus, p.276-280). O casamento não é só do domínio da fé, mas da sociologia,
antropologia e filosofia. Para os judeus era só do domínio da fé porque eles
botavam Deus em tudo, até para matar, e com a mente do domínio do homem sobre a
mulher como a equipe sacerdotal que redigiu a segunda redação do Gênesis botou lá
também. Se uma família era mais rica e tinha uma moça para casar, um homem
encontrava um defeito qualquer na esposa para deixá-la e pegar a mulher rica
que tinha lhe agradado. E cumpria a lei do libelo de Moisés. (o.c.p.278). E também podia comprar uma
autorização do rabino para ficar com duas mulheres. Aí entra Moisés, os
rabinos, o sistema patriarcal, as propriedades rurais e o dinheiro, de mistura
com a Bíblia. Depois entrou também a Igreja, no séc. XII d.C. Hoje, numa visão míope e limitada, ainda
pensamos que o casamento é do domínio da Igreja. Mas atentemos no matrimônio na
Índia, no Japão, e em toda a Ásia e em todas as Áfricas. E veremos que o casamento é em primeiro lugar um negócio
humano. É que antes de sermos cristãos, somos gente. O casamento é para
humanizar as pessoas, e não desumanizar. Em primeiro lugar é um negócio da
humanidade, não da Igreja. A Igreja não pode desumanizar o matrimônio. Igual a
fé. A fé é para humanizar, não para desumanizar. O critério será este: o
matrimônio humaniza, ou desumaniza? Que o matrimônio é em primeiro lugar um
negócio da humanidade até a gente dá conta quando a Igreja não tinha nada a ver
com os casamentos antes do séc.XII. Quem autorizava ou separava eram os pais, e
na sociedade civil eram as “autoridades”, eram os “políticos” e também o
parlamento ou Senado. Somente no século XII, de um pedido de um pai de família
é que começou algum sacerdote a estar presente na cerimônia. E daí em diante
ficou entrando no número dos Sete sacramentos os quais estavam sendo elencados
nessa época. Assim sendo, a Igreja deve cuidar de humanizar os casais, não
desumanizar. Foi o que pretendeu Jesus, segundo vem no evangelho. O evangelho
de Mateus é claro quando declara para os escribas e fariseus “não matarás, não
cometerás adultério” (Mt.5,21-27). Daí avança para os julgamentos, xingamentos
e ambições sobre a mulher alheia. E porque os fariseus se gloriavam de dar
ofertas vultosas nos cofres do templo e ser cumpridores “só para serem vistos”,
eles não se importavam com os desejos e ambições sobre riquezas, vinganças, e ambições sobre outras mulheres, mas só
de conseguir o libelo de divórcio da lei de Moisés para se desquitarem pensando
que ficavam quites na lei de Moisés. E aqui, como no roubo e no matar, e no
adulterar não cogitavam sobre as ambições do coração mas só da prática de
matar, roubar e adulterar sem o libelo, mas com o libelo achavam que não
adulteravam. Esta era a questão. Por isso as recomendações de Jesus: “Se vossa
justiça não for maior que a dos escribas e fariseus não entrareis no reino dos
céus” (Mt.5,20). E notemos que eles, “escribas e fariseus” eram os “melhores ‘católicos”
da época. Saindo da margam da Bíblia: Como se organizavam as sociedades do
mundo, uma vez que os judeus eram uma porcentagem de 0,2% (zero dois por cento)
da população do mundo. Os outros tinham seus matrimônios, seus casamentos, suas
famílias e seus filhos. E daí como é o mundo de hoje? Católicos somos na
porcentagem de 17,76 por cento (17,76%), e entre nós nos organizamos só desde o
séc.XII. E antes? E esse mundão de Deus? Como era? Como pode uma partezinha do
mundo pretender plasmar os outros à sua imagem? Vá lá, se fosse como nos tempos
atrás, quando a Igreja pensava que todos tinham que ser católicos para se
salvar, mas agora se deu conta que não, que ninguém é obrigado a ser católico
para se salvar. E se não são obrigados a ser católicos também não são obrigados
a obedecer as leis da Igreja, nem de católicos, e nem de protestantes. O mundo
segue, e a Igreja ficará para trás olhando para suas leis e ambições bem pouco
admiradas, como as leis do nascimento, controle de nascimentos, e métodos de anticoncepção.
Os da Igreja só estão se casando no sacramento na porcentagem de 5 por cento
(5%) no mundo e no Brasil, e dos que se casam só 17 por cento (17%) ficando
fiéis ao sacramento.
Conclusão. Casamento e família é em primeiro lugar um negócio da
humanidade, não em primeiro lugar da Igreja. Tanto que a Igreja só tomou parte
nos matrimônios a partir do séc. XII, do nada, por um convite de um casal. Por
isso o primeiro cuidado da Igreja deve ser colaborar para humanizar, e não
desumanizar os casais. Mostramos uma estatística de hoje. Não
diremos, igualzinho aos matrimônios judeus “por qualquer falha de beleza,
qualquer prato não saboroso da esposa” pedia a separação?(Mt.19,7). Dissemos
que as palavras “Se vossa justiça não for maior que dos escribas e fariseus não
entrareis no reino dos céus” eram dirigidas aos “melhores ‘católicos” da época
(entenda os melhores e mais “santos” judeus). E hoje quem são os “melhores
católicos e protestantes” “mais santos”?
P.Casimiro
João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.cm.br
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