Os povos primitivos viviam da caça e da
pesca, e paulatinamente foram aprendendo a tirar da terra o sustento para acrescentar a essa atividade primeira.
Nascia assim a agricultura. Quando os grandes agricultores e proprietários de
terras resolveram se agregar para defender os seus interesses e aumentar suas
posses, decidiram formar as cidades, onde construíram seus comércios e
armazéns. Não só, mas cuidaram de aumentar seus servidores a troco de subornos
e donativos baratos. E quando emprestavam dinheiro ou terras para outros
trabalhadores, arrebatavam as poucas propriedades deles como pagamento. Nas
cidades formaram-se centros de controle e policiamento para defender esta
classe de pessoas abastadas, e centros de mando e de poder. Em outras palavras,
a onipotência era o valor focal das cidades desde a sua fundação. Estudiosos
modernos sugerem que a crueldade é um processo de mutilar. A mutilação não é só
física mas mais ainda moral: enganar o cidadão com a ignorância, tirar-lhe o
direito de falar, de reclamar e de se expressar. É a violência
institucionalizada. E nas antigas cidades, como Roma, faziam-se festas para
celebrar esta mutilação, no Coliseu, com lutas ferozes de fortes contra fracos,
ou feras devorando os vencidos. Chama-se a isto que a onipotência anda junto
com a crueldade. O rei era grande quando mostrava que podia tudo e não
encontrava opositores iguais a ele. “Os romanos, como os mediterrâneos em
geral, incluindo Israel, eram inclinados à violência e crueldade,
consequentemente desejando se empenhar no conflito físico ao mínimo sinal de
provocação” (Bruce J.Molina, o evangelho social de Jesus, p.45). E essa era a
qualidade que também atribuíam a Deus exigindo
sacrifícios e crueldade extrema contra os inimigos. Esta era uma sociedade
violenta, com frequência violência pública e explosiva. O mundo mediterrâneo
era um mundo violento e a tradição israelita sacralizava tal violência, o que
se reflete nos sacrifícios que pensavam que Deus exigia, às vezes dos seus
próprios filhos, tanto como de animais. “Eles
ofereceram seus próprios filhos e filhas como sacrifício a deuses pagãos.
Mataram aquelas crianças inocentes, os seus próprios filhos e filhas, como
sacrifício aos ídolos de Canaã. E o País se tornou impuro por causa desse sangue”
(Sal 106,37-39). Este comportamento violento aplicava-se também pela
família aos seus membros, pela multidão aos concidadãos ou estrangeiros, pelas
autoridades aos opositores. Um resumo do que fica dito se concretiza no mito da
torre de Babel (Gn.cap.11), que sintetizava o conceito de onipotência e crueldade. Na verdade, a
etiologia da torre de Babel era a luta contra a construção das cidades. As
primitivas tribos viviam do pastoreio e conviviam numa confederação de tribos
onde ninguém era maior do que ninguém e olhavam a fundação da cidade como
ameaça, por causa da acumulação de riquezas e da crueldade subsequente. Quanto
a cidade é mais poderosa ela se mostra mais cruel, quanto mais onipotência mais
crueldade. Essa constatação foi transferida para Deus. Na antiguidade o rei era
o filho dos deuses que tudo podiam e sabiam. Daí que o rei era o princípio do
poder e da sabedoria como os deuses. Na entronização do filho do rei se faziam
grandes festas onde ele era entronizado e aclamado como o filho de Deus. Logo
logo ele era o deus, com poder de morte e de vida sobre os mortais. A
obediência cega e sem limites ao rei ficou coisa sagrada. Assim nasceram as
teocracias que foram os primeiros sistemas de governo no mundo, “o governo
sagrado de Deus” que tudo pode e tudo manda, e onde a onipotência anda junta
com a crueldade: Logo, a teocracia e ditadura eram a mesma coisa. Com a
agravante que a ditadura era em nome de Deus. Essa onipotência e essa ditadura
da crueldade automaticamente passaram para o rei, que se arrogava, como deus,
poder de vida e de morte sobre os cidadãos. Quanto mais cruel, mais poderoso se
achava o rei, o que levou um filósofo a dizer: “A crueldade é um dos prazeres
mais antigos da humanidade” (Fredrich Nietzsche).
Conclusão.
Hoje em dia constatamos a sobrevivência
desse sistema antigo e obsoleto nas ideologias modernas das diversas ditaduras.
Ideologia das extremas direitas que revivem um passado mofado, fora da época de
validade que mata as cabeças, envenenando-as como quem engole um remédio passado de prazo que causa morte.
Veneno que entra em cabeças tanto de religiosos como de políticos que exercendo
influência e sendo eles manipulados pelo deus do dinheiro Mamón envenenam e
manipulam por sua vez consciências e cabeças até à exaustão.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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