segunda-feira, 14 de outubro de 2024

CHARLATANISMO RELIGIOSO E FILSOSÓFICO EM QUE SE DESENVOLVEU O NASCIMENTO DO CRISTIANISMO.

 

Era um período muito agitado por um fervilhar de filosofias e de filósofos ambulantes aquele período imperial do séc.II depois de Cristo. Para não omitir o conteúdo e para não parar o fôlego da leitura vejamos na íntegra esse ambiente surpreendente escrito por um especialista: “Muitos filósofos deixaram as escolas e foram às praças e mercados e às ruas da cidade. Eles se diziam “filósofos” mas era difícil saber se um homem que que oferecia sua sabedoria na rua era um deus, um mágico, apóstolo de uma nova religião, ou um sábio do futuro. O exército de missionários e filósofos  ambulantes transformou-se numa legião. Competindo uns com os outros, eles anunciavam sua arte para atrair discípulos, superavam-se uns aos outros em demonstração de poder, e não eram de forma nenhuma avessos a tirar dinheiro das pessoas. Essas competições ocorriam, aliás, no seio do mesmo movimento religioso. Inclusive o próprio Paulo, para qualquer lugar que ele se dirigisse, ele sempre se defrontava com outros pregadores cristãos que procuravam superá-lo com suas apresentações. Filósofos pagãos, cristãos e judeus dessa natureza não se dirigiam às camadas educadas, mas às pessoas comuns, isto é, a quem quer que encontrassem na rua. Além do discurso público em que o orador dava tudo de si, demonstrações de poder sobrenatural eram um instrumento importante de propaganda. Milagres eram realizados não somente por missionários cristãos mas também por pregadores judeus, filósofos neoplatônicos e por muitos outros professores, médicos e magos. Toda a escala de feitos miraculosos de poder era em geral usada, de truques de magia a predições do futuro, desde horóscopos até á cura de doenças, até à ressurreição de pessoas mortas. Nos círculos a que esses filósofos de mercado se dirigiam, o poder da palavra e a magnitude dos milagres exerciam efeitos mais decisivos do que a profundidade da mensagem racional, moral e religiosa. Poderes astrais tomavam o lugar dos velhos deuses; novas divindades atraíam mais do que doutrinas filosóficas; forças demoníacas explicavam melhor o mundo do que o conhecimento científico. Regras morais simples de comportamento orientavam mais do que conteúdos psicológicos. A solução de problemas pessoais urgentes mediante artimanhas mágicas era aceita com mais disposição do que as exigências de reforma social. Era difícil traçar uma linha clara entre o impostor  e o missionário sério. O que mais facilmente atraía as pessoas eram fenômenos ocultos, visões e êxtases, exorcismos e conjurações, milagres e magia. Os papiros de magia relatam as práticas mais diversificadas para controlar o “poder” e para receber predições e revelações: manipulações de água e luz, conjurações de pessoas mortas, de espíritos de deuses, e a manipulação habilidosa dos meios de comunicação. Práticas ocultistas podiam até invadir escolas filosóficas. Relatos informam que Jâmbulo levitava durante a oração, e que Proclo ficava envolvido no meio de raios de luz enquanto apresentava seus discursos. Uma filosofia usava rodas mágicas para falar com os deuses; e conhecia direitos mágicos para fazer chover” (Helmut Koester, Introdução ao N.T. vol.I §6 p.360-361). Não dá para segurar certamente o fôlego para tentar adentrar no ambiente daquele séc.II onde se desenvolvia o primitivo cristianismo com todas as consequências que daí derivam, querendo ou sem querer, deste tsunami de filosofias, conjurações, magias e milagres que entraram no cristianismo. Por isso afirma o mesmo autor: ”Para apresentar sua mensagem o cristianismo precisava entrar neste debate seguindo as leis da oferta e da procura do mercado” (o.c.p.361).  Ou, como diz o ditado brasileiro, “dançar conforme a música”. No meio de toda essa competição por verdades e novidades, e novas religiões entrava também o cristianismo. Não seria daí que o autor de Apocalipse colocou Deus num carro de fogo, com rodas de fogo,  e cercado por  um mar de fogo, no Apocalipse?(Apoc.4,1-7). Damo-nos conta dos métodos descritos: ressurreição de  mortos, curas mágicas, feitos miraculosos de poder, competindo uns com os outros. Forças demoníacas e solução de problemas pessoais urgentes. Eram as ofertas ora de uns ora de outros. E o que mais facilmente atraía as pessoas eram fenômenos ocultos, visões e êxtases, exorcismos e conjurações e milagres e magia. De tudo isso um pouco ou bastante os pregadores cristãos também teriam usado, porque teriam que usar dos mesmos métodos para serem ouvidos, e oferecer o produto “segundo a lei do mercado”.

Conclusão. Veja bem como esses métodos continuaram: a Igreja católica viu nisso um recurso sobremaneira importante na escrita das biografias dos Santos onde se fazem milagres sem conto colocando essas figuras não mais como humanas como seres divinos. Assim como nos escritos do Novo Testamento. E nas Igrejas protestantes, que continuam assumindo o mesmo ambiente nas pessoas dos Malafaias, dos Edir Macedos e Cia que continuam com as mesmas habilidades mágicas. E pense em pastores que vão de encomenda convidados para grande palanques com “falsas profecias”, “revelações”, com “conjurações de pessoas mortas, de espíritos e de deuses, e manipulações habilidosas dos meios de comunicação, justo como na época descrita. Só falta subir nos ares, ou levitar, como o Jâmbulo, e se colocar no meio rodas de fogo mágicas para falar com Deus.

P.Casimiro João     smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

 

 

 

 

 

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