segunda-feira, 21 de outubro de 2024

VIVER EM DEUS SEM DEUS COMO SE DEUS NÃO EXISTISSE.

 

Esta afirmação é de Dietrich Bonhoeffer, teólogo luterano, morto no campo de concentração nazista da Alemanha. Foi parafraseada pelo sacerdote, teólogo e filósofo jesuíta Roger Lenaers nas suas publicações, e leva-nos ao simbolismo do desenvolvimento da criança para o adulto, e à evolução da humanidade  desde os primeiros humanoides até hoje. Vamos ao primeiro item, que são as fases do desenvolvimento da criança. A primeira fase: desde o embrião até o feto, esse ser faz uma só coisa com a genitora mãe. O elo de ligação é abrangente mas concretizado num ícone  vital que é o cordão umbilical. O cordão umbilical é o elemento físico e biológico da alimentação, mas todo o ser intrauterino se alimenta psicoefetivamente e emocionalmente  do total do ser materno. Sem a mãe não poderia ir em frente na vida. O “eu” ainda não funciona e não tem consciência de si. Tudo é dependência da mãe genitora. É a primeira fase do ser humano. Passamos para a segunda: o corte do cordão umbilical onde a criança ganha 5%por cento de sua independência física e emocional, e onde se vê o primeiro grau de independência, a qual não é 100% por cento mas 5% por cento. Passamos para os três anos de idade, onde a criança está exigindo e cobrando andar sozinha e afasta o braço da mãe genitora quando quer controlá-la. É a segunda fase do corte do cordão afetivo e emocional. É nesta fase que os cientistas dizem que a formação da cabeça da criança é de três quartos. E vem a terceira fase dos 13 aos 16 anos quando acontece o exercício da autossuficiência e da independência. Daí a pouquinho o(a) adolescente ou jovem diz tchau papai, tchau mamãe, agora vou viver a minha vida, fiquem com Deus. É a quarta fase e definitiva. Chegou quando o homem e a mulher assumem família, profissão, e compromissos sociais, econômicos e políticos. Antes tinham muito em conta os pais, agora vivem dos pais, i.é das heranças dos pais que carregam na sua pessoa e na sua ideossincracia mas sem os pais e como se os pais não existissem. E neste triângulo biológico o referido teólogo D.Bonhoeffer se firma para elaborar o nosso triângulo fiducial de cristãos: “viver em Deus sem Deus como se Deus não existisse”. Esta reflexão tem sua extensão nas explicações das várias formas de fé dos cristãos, como nas as várias formas de fé dos primitivos humanoides, e comecemos por eles, coisa de fenomenologia das religiões. Senão vejamos. As religiões começaram sendo como o elemento embrionário do feto e do embrião, em que tudo é a genitora e nada faz sem a mãe genitora. Os primeiros humanoides e os primeiros bíblicos colocaram isso na Bíblia. Era Deus que fazia tudo e sem Deus não faziam nada: era Deus que ganhava as guerras, e era Deus que perdia as guerras; era Deus que castigava, era Deus que fazia a chuva e o trovão e o relâmpago, que separava as águas dos mares, que fazia as doenças e as tirava... Esta era e a fé de embrião e de feto intrauterino. Isto está no início de todas as religiões e da religião bíblica. Ficou no A.T. desde a primeira página até à última, e com isso estavam lidando e passando para as nossas gerações uma fé de embrião e de feto. Daqui só podemos passar para uma segunda fase do corte do cordão umbilical emocional na fase após a Idade Média quando a humanidade começou a pensar com a sua própria cabeça dizendo “tchau” aos reis e aos Papas. Foi a idade da independência da razão, chamada de Iluminismo e do Renascimento, no século XVIII. Foi quando a humanidade ficou adulta e pensando com sua própria cabeça. A duras provas a Igreja aceitou, porque seguia a atitude dos pais quando veem os filhos crescerem e tornarem-se independentes e adultos, deixando a sua “saia” e o controle dos pais para trás. Mas finalmente depois do choro, a Igreja aceitou isto na sua doutrina. E finalmente a terceira fase, esta expressa pelo teólogo citado quando elaborou toda a situação e resumiu na frase lapidar do nosso título: “viver em Deus sem Deus como se Deus não existisse”. Reparemos bem o sentido das conjunções: “em”, “sem” e “como se”.  Finalmente, a modo de

Conclusão: o que vimos de desenvolvimento do embrião e do feto, continuando com a evolução da humanidade, não se aplicará também à fé do cristão, minha, e sua? Aquela fé que acha que “Deus tem que fazer tudo”, e se lamentado “Será que a mão de Deus não é a mesma? (Sl.77,9); que “sem ele você não faz nada”, que tem que fazer milagres a nosso pedido”: isso não é igual ao embrião e ao feto, e mais adiante à criança “mimada” para a qual o pai e a mãe tem que “fazer tudo” para ela, sempre dizendo: “Deus, faz para mim”? Onde está o crescimento do cristão adulto que vive “em Deus, sem Deus, como se Deus não existisse”? O exemplo é, como explicado no embrião e no feto que dependem 100% da mãe genitora, depois na independência crescente da e do adolescente, e finalmente na total independência do adulto, que vive "em" os pais, "sem" os pais, "como se" os pais não existissem.

P.Casimiro João      smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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