domingo, 26 de janeiro de 2025

MELQUISEDEQUE E OS DÍZIMOS.


 

Os judeus sempre foram bons em lidar com o dinheiro, e são donos de muitos Bancos. E a classe sacerdotal também. Foi a classe sacerdotal que fez a última edição do Gênesis, e que foi buscar uma figura “lendária” chamada Melquisedeque com o perfil de “sacerdote”, sem pai, sem mãe e sem genealogia, heb.7,3 e que deu os dízimos ao patriarca Abraão. E ainda mais, para completar a lenda o homem tinha que ser rei. Ficava feito o jogo que serviu 100 por cento para ser o suporte de um sacerdócio rico, político e dominador de toda a história judaica. Sacerdócio aliado com o poder real, truculento na recolha dos dízimos e despoticamente dominador: com o domínio imperial e o domínio econômico do dinheiro e o domínio da religião. E tudo isto para provar que o Dízimo era de instituição divina e estava escrito nos céus, como dizem os estudiosos. Aliás, conta a história dos primórdios do antigo judaísmo e dos povos vizinhos como começou o histórico do sacerdócio. Não havia sacerdote nem sacerdócio. O rei é que exercia o sacerdócio e oferecia os sacrifícios aos deuses, como também entre os judeus assim era. Paulatinamente os funcionários mais próximos do rei foram encarregados desse ofício pelo rei, pagos com bom salário. E para isso começaram a ser construídos os templos para oferecer sacrifícios porque ainda não havia. É por isso que vem a lenda dos dízimos de “rei Melquisedeque” que ofereceu ao patriarca Abraão. Esta era a situação do sacerdócio no A.T. Aí o rei tomava conta do palácio, e o sacerdote tomava conta do templo e dos sacrifícios. O rei tinha os impostos, e o sacerdote tinha os dízimos. E como tinha que obedecer ao rei, assumia também as funções de mágico para adivinhar as guerras, as fortunas e as mulheres. Um item: na época de Jesus tudo funcionava assim. A Carta aos Hebreus, que foi escrita por um judeu convertido para colocar o look de sacerdote em Jesus, nos diz que “ninguém deve atribuir-se essa “honra”, (Hb.5,4). Isto é, o tal cargo era uma baita de uma honra, e portanto com os direitos de personagem igual a um rei. E ainda, falando de Cristo como ele o imaginava, o que diz a Carta: “Ele foi por Deus proclamado sumo sacerdote na ordem do Melquisedeque”, (Hb.5,10). Expliquemos: na ordem de uma lenda? Mais: se Jesus foi proclamado sacerdote, porque é que Jesus nunca exerceu o sacerdócio no templo e nunca vestiu as vestes de sacerdote? Então Jesus teria sido desobediente e nunca foi sacerdote na sua vida, e nunca vestiu vestes sacerdotais nem ofereceu sacrifícios no Templo. E ainda mais, foi condenado à morte pelos sumos sacerdotes. E ainda mais, ele fez a Ceia pascal numa casa enquanto os sacerdotes ofereciam o cordeiro no Templo. E agora? Esse judeu anônimo que escreveu essa Carta  esqueceu todas essas coisas. No entanto, essa Carta aos Hebreus, leia Judeus, foi muito apreciada e seguida por uma Igreja triunfalista, dado que oferecia todo o suporte para que os sacerdotes do N.T. continuassem com as mesmas regalias do A.T. Foi por isso que ela foi redigida, e reeditada mais vezes em datas posteriores. Aí batem as saudades desses tempos de “glórias” hoje em dia, em que a Igreja vive de uma reflexão das bem-aventuranças, e ao mesmo tempo de uma pressão obsessiva pela volta ao passado, com os privilégios, os salários, os abraços aos poderosos de hoje, e às mesmas roupagens e looks lendários do passado. A este respeito eis o que o Papa Francisco afirma aos que andam flertando com esse passado: “É curioso esse fascínio, que muitas vezes desperta o interesse de muitos jovens. Esse imaginário geralmente vem acompanhado de vestes preciosas e caras, com bordados, rendas, e estolas. Isso não é uma alegria por esse passado, mas ostentação de clericalismo, e uma modernidade sectária. Às vezes, por trás dessas vestimentas escondem-se distúrbios afetivos, problemas de comportamento ou um desconforto pessoal que pode ser instrumentalizado. Há candidatos com algo de errado, algo que os leva a esconder sua personalidade por detrás de conceitos rígidos e sectários”.Cf. www.katolish. de, 14-01-2025). O Papa certamente tem conhecimento de fatos reais, como seminários e formandos que flertam com as honrarias do passado, para não passarem essa ambição para as novas gerações.

Conclusão. Afinal das contas a figura lendária de Melquisedeque  serviu para suporte de todo um passado de conluio entre sacerdócio e poder temporal, coleta de dízimos, e domínio do sacerdócio sobre o povo, igual a ditadura imperial, sacralizando-o com uma “divina lenda” sagrada. Será que não tem gente flertando agora numa volta aos tempos dessa lenda sagrada?

P.Casimiro João       smbn

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

OS LOOKS DE JESUS CRISTO DO PASSADO E DE HOJE


 

Podemos arriscar e dar uma chance de considerar os diferentes “looks” de Jesus durante a história. Quem sabe, os looks foram mudando e acompanhando o processo da revelação. Na teologia clássica se considerava que a Revelação se encerrou com a morte do último apóstolo. Isso hoje se considera como uma falácia, primeiro porque ninguém sabe quando morreu o último apóstolo; segundo, porque quase todos os livros do Novo Testamento vieram à luz depois que todos os apóstolos não eram mais vivos. Em terceiro lugar, porque hoje se sabe que a “revelação” foi feita por camadas, e segundo o entendimento e a “fé” das várias camadas de gerações de cristãos. Por esse mesmo motivo todos os looks dos judeus sobre Jesus não serviram para os gregos e os Sírios, como o look “Messias” e “Cordeiro” ou “filho do homem”, que eram da cultura judaica. Para os gregos e sírios serviam mais os looks que incluíam Jesus como o ser que tinha o poder sobre o Cosmo e sobre a Terra como os generais. E lhe deram o look de “pantocrator” e “Logos”, assim como os sírios. Também ninguém lhe dava o look de “sacerdote” e “sumo sacerdote”. Foi preciso um anônimo judeu ir ao Antigo Testamento e pegar os links do sacerdócio do A.T. para vestir Jesus com esse look, porque queria apresentar Jesus aos judeus vestido com esse look sacerdotal e por isso redigiu a “Carta aos Hebreus” com esse objetivo. Embora as páginas da Bíblia não digam nada sobre o aspecto físico de Jesus, os primeiros cristãos se apropriavam de figuras pagãs para representar Jesus. Era comum recorrer a imagens pagãs de pastores jovens e sem barba para apresentar Jesus como pastor. Com a autorização do culto cristão pelo imperador Constantino em 313 os artistas traduziam Jesus com sentimento de vitória e o representavam em belos e grandes mosaicos bizantinos. Assim ficou o primeiro look de Jesus, uma figura com rosto de um nobre romano, de túnica e barba. Na Idade Média ficou famoso o look de Leonardo da Vinci, outro nobre romano, da elite, e junto com esse, o Jesus da Última Ceia do mesmo autor. Um pouco mais à frente ganhou fama o look dos afrescos de Michelângelo, no Vaticano, inspirado nos looks dos deuses gregos Apolo e Orfeu. Antes do século dezoito não havia o look de Jesus como “Coração de Jesus”. Foi preciso uma freira como Santa Margarida Maria de Alacoque ter na sua imaginação a representação de Jesus mostrando o seu coração para vestir esse look em Jesus, em 1678. Isso porque era um tempo em que a comunhão não se praticava. O povo tinha medo da “hóstia” e do “sacrário” e nem podia pensar em comungar. Dizia São João Eudes que “se soubéssemos do valor da “reserva” que era a hóstia no sacrário, tínhamos que colocar grades em volta para não se aproximar. Isso refletia a frieza e o medo daquela época em que ninguém comungava por aquela magia daquela presença que até podia fulminar quem se aproximasse. Havia na teologia da época a magia até de quem tocasse nos panos da missa e do altar ficava excomungado. Esse ambiente repercutiu no espírito da Santa Margarida, e foi o estopim para esse look e essa “experiência” de um Cristo que teve que usar até a estratégia de mostrar o coração fora do peito para que o povo se aproximasse de um Jesus que amava as pessoas em vez de expulsar. E havia uns pedidos e umas promessas para que o povo se aproximasse da comunhão nas primeiras sextas-feiras. Imagine se pedisse todos os domingos ou todos os dias. E Jesus foi assim vestido com esse look do Sagrado Coração de Jesus. Como vemos, foi um look para uma época, se fosse hoje não teria sentido porque com o andar dos tempos a missa e a comunhão tornou-se popular. Como dizem os teólogos, toda a devoção inclui uma experiência. E na Igreja católica as experiências têm um objetivo direcionado à prática sacramental, enquanto que nos evangélicos a experiência é sobre  a “Palavra” da Bíblia. Essa experiência do look do “coração de Jesus” chegou “como vinda do céu”. Ainda não havia o look de Cristo Rei. Foi na época do Papa Pio XI que Jesus foi vestido com o look de Cristo Rei em 1925. E tem uma simples motivação da proclamação de Jesus com esse look. O papado estava de baixo astral porque tinha perdido os Estados Pontifícios. A cidade de Roma tinha passado das mãos do Papa para ser a capital da Itália, quando foi tomada por Victor Emanuel em 1870. Por seu lado, Pio XI foi o primeiro Papa a ficar confinado no Vaticano pelo Tratado de Latrão. O papado ficou reduzido no seu poder temporal, como sempre deveria ter sido, acarretando humilhações e decepções nesse sentido. De sua vez, Pio XI flertou muito com as opiniões de seus antecessores que detonaram e condenaram os avanços do mundo moderno. Ele condenou o que chamou de “modernismo”. E isso foi o estopim para proclamar Jesus como Rei do universo, vestindo mais esse look em Jesus, o look de Cristo Rei.

Conclusão. Tivemos oportunidade de ver como os looks de Jesus têm mudado conforme a história, a cultura e a política. Pode imaginar qual seja hoje o look de Jesus preferido, ou que mais adequa com o nosso tempo.

P.Casimiro João      smbn

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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

RELIGIÃO E SISTEMAS RELIGIOSOS

 

Religião é só uma. Sistemas religiosos não têm limites: adornos, roupas, purificações, contos, narrativas, crenças, lendas, sacrifícios. O problema é que confundimos religião com sistemas religiosos. Os Fariseus viviam só de sistemas religiosos, com suas abluções e purificações, proibições e obrigações. E o interessante é que estava na Bíblia, e seguiam a Bíblia à risca. Acontece que a Bíblia também faz parte do sistema religioso. Há outras religiões e outros sistemas que também têm os seus livros fazendo parte dos seus sistemas religiosos. E oitenta por cento da Humanidade não têm a Bíblia, mas se salvam como diz o conc.vaticano II (G.et Spes, n.16). Jesus teve muito que enfrentar com os fariseus: “Vós, fariseus, purificais o interior do copo e do prato, mas vosso interior está cheio de avareza e de rapina” (Mt.23,25). Por seu lado a Epistola de Tiago afirma sobre a religião: ”A religião pura e sem mancha consiste em socorrer o pobre e a viúva” (Tg.1,17). Tenho falado neste blog que somos em três quartos de judeu e apenas um quarto de não judeu. Mas não só, o próprio judeu por si só já tem três quartos de outras religiões e culturas e só um quarto de judeu. Nem o primeiro livro do mundo foi a Bíblia mas os poemas de Gilgamesh e Enuma Elish, que influenciaram muito a Bíblia, e o Avestá de Zoroastro. Cada uma destas religiões encarnou a cultura geográfica e antropológica de seus países e seus sistemas religiosos. Eles chegaram e estagnaram numa geografia da Europa confinada por potências tais como Roma, Grécia, e Síria. Este local tomou o nome histórico de bacia do Mediterrâneo. Este conglomerado é considerado o berço do cristianismo, desde Jerusalém, Antioquia da Síria, Constantinopla, Atenas e Roma, como pontos fulcrais da famosa bacia do Mediterrâneo. Por isso o teólogo J.Comblin afirma: “Uma coisa é o evangelho de Jesus Cristo, outra coisa é o sistema religioso complexo de 2.000 anos que se apresenta hoje como cristianismo que é o resultado de 2.000 anos de miscigenação com muitas religiões humanas principalmente aquelas que floresceram na bacia do Mediterrâneo”. (J.Combin, Soter, Paulinas, 2005, p.7). Na verdade, o nosso mundo é um mundo miscigenado. Desde os primórdios da humanidade com a evolução do ser humano há cerca de 500 mil anos, os humanos não ficaram parados. A essência do ser humano é peregrinar como dizem os especialistas. E há uma certeza científica: o primeiro sinal da existência do ser humano como ser pensante é quando se descobrem restos e sinais de enterro de seus mortos. E onde há mortos há religião e solidariedade. O ser humano mostrou religião e solidariedade, e por onde passava ele a exercia e a comunicava. E quem a recebia  aumentava com novas formas, sinais e símbolos a religião que recebia e aumentava os sistemas religiosos. A religião é essencialmente um conjunto simbólico (J.Comblin). Sua finalidade é entrar em relação com a divindade. Cada grupo humano cria seus símbolos, comunica com outros grupos, que por sua vez aumentam outros símbolos e assim como o ser humano se multiplica numa miscigenação assim os símbolos e os sistemas aumentam em miscigenação. No final das contas a religião é uma só, como o ser humano é uno, mas os modos de se entender com Deus são muitos. Na verdade, outro símbolo é a linguagem. Por isso a religião fala por símbolos também, como uma linguagem. E isso é cultura. Eis como se exprime o teólogo J.Comblin: “A religião pertence à ordem natural. Ela não pertence à revelação que nos veio por meio da história de Israel e de Jesus Cristo. A religião é uma virtude moral e não uma virtude teológica. A religião é uma criação humana, é uma parte da cultura: é uma criação cultural diversa, múltipla. Cada tribo tem a sua religião, embora possa haver semelhanças entre tribos vizinhas. No sistema cristão atual há pelo menos 95% por cento de construção cultural em que se depositaram as heranças de muitas culturas, e há 5% por cento que procede de Jesus Cristo    “ o.c.p.8). Na verdade, não reparamos assim tanto na questão simbólica. Os símbolos das religiões existem feitos roupagens, gestos, enfeites que exprimem o que não vemos e nem podemos falar, ritmos, danças, e comidas. Quanto a Jesus, vejamos: “Abrindo os evangelhos, descobrimos que Jesus não criou nenhum sistema religioso. Além disso, ele se opôs com vigor contra todo sistema religioso edificado ao redor do templo ou da lei, pelas elites do seu povo. Ele contestou tudo isso em nome das necessidades corporais dos pobres. Para ele, em vez do encontro com Deus ser feito através dos sistemas religiosos preferiu fazê-lo através dos corpos sofredores dos pobres, com a misericórdia, e o serviço. Encontrar-se com Deus é dar de comer ao faminto, de beber ao sedento e saúde ao doente” (o.c.p.10), como fala a Carta de Tiago: “A religião pura e sem mancha consiste em socorrer o órfão e a viúva”(Tg.1.17).

Conclusão. Enquanto os sistemas “religiosos” teimam em perder tempo com o acidental que são os embelezamentos simbólicos, e nisso lhes falta tempo para o essencial, Jesus dedicou-se ao irmão, e deixou de lado o acidental. Uma coisa é religião, outra coisa são os sistemas religiosos. Do mesmo jeito, uma coisa é o evangelho de Jesus cristo, outra coisa um sistema religioso, que no nosso caso, mesmo sendo cristão, se configura como os outros sistemas religiosos.

P.Casimiro João   smbn

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

A INTERNETIZAÇÃO, HERDEIRA DA SEMITIZAÇÃO.

 

Foi preciso chegar ao século vinte, 20, para que a Comissão Bíblica Internacional explicasse que o “Gênesis” não é “história”, mas a continuação dos mitos tradicionais dos povos primitivos do entorno dos Judeus. Embora que a tal explicação possa soar como “cantiga para boi dormir” porque todo mundo, em todo lugar, e em todo culto e catequese e liturgia, continua lendo os eventos da tal “história da criação”. Os livros são os mesmos, e o entendimento é o mesmo. E acontece uma coisa: a repetição das mesmas leituras faz e continua fazendo a lavagem cerebral dos cérebros. É como assim: “alguém disse mas não disse” porque a leitura continua a mesma, a percepção continua a mesma, e a inércia da história internalizou essa bendita criação em todo bicho humano. Abstraindo da historia científica, do barro no palco da ação do homem no tal “jardim”, o que era esta terra nua e crua? O que aconteceu é realmente assustador: esse tal humano, isolado dos restantes animais, que pode ter desobedecido ao criador, viu-se expulso do seu lugar por dois guardas com “espadas de fogo”, Gn.3,24. À terra foi dada ordem para castigá-lo, trabalhando e nada produzindo; os animais se tornaram os piores adversários; o sexo em vez de prazeroso, tornou-se um enigma e até castigador; os primeiros filhos mataram-se um ao outro; finalmente veio o pior castigo que se podia imaginar: o afogamento de todo mundo no castigo das águas que subiram até o cume das montanhas. O que mais podia acontecer? Só o inferno no fim das contas, para completar a última infelicidade da pobre criatura. E isto os antigos anunciaram como coisas dos deuses deles. E os judeus, de quebra, anunciaram também como fiéis companheiros e ouvintes e aprendizes. E a internalização de todo este complexo de um imaginário terrífico se concretizou na minha, na sua e nas nossas cabeças. E há sempre aquela sombra divina: “Deus arrependeu-se de ter criado os homens” para completar a nossa pouca sorte. (Gn.6.6). Não me admiro de tantos meninos e meninas chegarem um dia a um ponto de dizer ”para que eu nasci” Melhor eu não existir”. É assim que um olhar sobre os textos reunidos no Livro do A.T coloca-nos diante da visão semita que imaginou o mundo semiticamente e o semitizou até hoje em dia. Como hoje a Internet globalizou-se usando a cultura anglo saxônica, assim os povos semitas semitizaram, leia globalizaram, os seus pensamentos superprimitivos. E, como disse, eles continuam fazendo a lavagem dos nossos cérebros. Anotemos mais algo do acervo semítico do A.T. sobre a violência que eles atribuíam aos seus deuses e como semitizaram a violência dos nossos dias: “Não é difícil constatar o que alguns estudiosos afirmam: o Antigo Testamento é, certamente, um dos livros mais banhados de sangue da literatura mundial” (Barraglio, J. “Dio violento, Lettura della Scritture ebraiche e Cristiane, 1990, Apud Maria Inês de Castro Millen - SOTER- pag.184). A Bíblia não dará ocasião para a prática da violência como busca de legitimação divina para a violência praticada pelos seres humanos? Na verdade os violentos encontram na Bíblia um ponto de apoio para a sua violência, até pensarem que estão prestando culto a Deus. Jo.16,1-3. A imagem de um deus irado, castigador e violento acompanha nosso imaginário desde crianças. E ensinaram-nos que a Bíblia é a palavra de Deus. E como “palavra de Deus”, o que mais fez a cabeça do cristão foi a “bendita história da criação”. E como fixada na mente da criança, a ideia dessa história está universalizada. Foi preciso chegar ao século 20 como dissemos, para que alguém da Igreja dissesse que isso não é histórico mas mítico.

Conclusão. Concluindo, podemos tirar uns corolários: Primeiro, existe ainda o “querer desculpar Deus” desviando para escanteio, quando mais tarde “Deus exigiu mais mortes de filhos primogênitos, até chegar à morte de Jesus. (Cf. Jz.cap.11 e Gn.22). O segundo corolário: a violência contra a natureza, cujas consequências vão sempre em cima dos pobres; o terceiro corolário: a violência moral: o dinheiro da nação que deveria prevenir as catástrofes naturais é roubado para os donos do poder “comprarem mais poder e deixarem o povo ao deus-dará; assim as calamidades que “venham e matem” porque eles já compraram mais votos aumentando seus currais para encurralarem o seu “gado”, leia o cidadão que virou gado nas mãos deles.

P.Casimiro João    smbn

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