sábado, 28 de abril de 2012

PARÓQUIA DE CHAPADINHA- 29/03/2012- IGREJA NÃO É ARQUIVO DE BATISTÉRIOS

 

IGREJA NÃO É ARQUIVO DE BATISTÉRIOS


              Cristo é o Missionário do Pai. É a Sua manifestação histórica. E Cristo, ao deixar seus amigos e ser glorificado, entregou Sua Missão de trabalhar pela realização do Reino aos Apóstolos e neles a toda a Igreja. Por isso, a Igreja existe para ser missionária. É missionária por natureza.
Todo o batizado, participando da Missão de Jesus, porque Ele vive hoje, é nosso contemporâneo, deve ser missionário. Ou é missionário ou não é cristão. Ou trabalha para que a Mensagem evangélica seja mais conhecida ou opta pelo desinteresse, pela apatia, por não ser cristão. Quem é evangelizado, evangeliza. Ou evangeliza ou demonstra que não está evangelizado. Notícia alegre não pode apodrecer na garganta! A alegria tem que se comunicar a outros. Ninguém consegue ser alegre sozinho. A Missão de Jesus é mais importante que a Igreja nem que ela se faça maquiada de mil culturas ou dependendo muito de costumes da Idade Média..  Não é a Igreja que tem uma missão. É a Missão de Jesus que tem a Igreja para se concretizar entre os homens. A Igreja ou é missionária ou não é Igreja.
Jesus falou claramente que alguns recebem um dom e o enterram para não se incomodar. Preferem não se chatear a trabalhar para agradecer o dom recebido. Isso acontece muito entre nós. Há quem sinta o apelo de Deus a uma vida de mais comunhão com o divino, mas esse apelo é abafado com outras preocupações.




A Santa Missão Popular é uma experiência de fé. Tenta despertar os adormecidos. Deseja chamar a atenção aos distraídos. Quer congregar, de verdade, todos os que iniciaram a caminhada da fé e depois se perderam no caminho. Antigamente batizava-se os evangelizados. Primeiro, a pessoa aderia ao Evangelho, personalizava sua relação com Cristo... e depois é que era batizada. Hoje deve-se evangelizar os batizados. O Batismo das crianças, quando os pais não realizam o compromisso que assumiram na hora do Batismo, é um desastre. Ficam naquela apatia, naquela indiferença... não têm testemunho influente a que se agarrem. Ficam entregues a mil razões que inventam ou se deixam arrastar por emoções que os condicionam. E acabam por cair na insensibilidade religiosa. Os pais arrastam os filhos. E, passada uma geração, nada resta de vida cristã ou até de lembrança religiosa. Que tristeza!
Sei que, com a realização da Santa Missão, pode acontecer o que se dá com o tatu. Quando se vê atacado, sai do buraco, mas quando acaba o perigo, volta a entrar para sossegar. Mesmo sabendo disso, vamos fazer a Santa Missão. Deus está a chamar-nos a fazer algo para despertar muitos que dormem na fé. Temos que contagiar irmãos nossos na fé para que sintam a febre de se entusiasmar pela alegria, pela verdade, pelo Evangelho.




NOTICIÁRIO DA PARÓQUIA


1- O Encontrão Regional sobre as Santas Missões Populares que se está a fazer na nossa Paróquia é de muita utilidade para a nossa evangelização. A fé não é uma tradição familiar recebida. Deve ser personalizada, interiorizada, amadurecida e tornada ativa no dia a dia, a favor da realização do Reino de Deus. A Igreja não é também um mero arquivo de batizados. O Batismo é o princípio, a porta, o começo de uma longa caminhada. O desinteresse religioso é o pior cupim da fé. Faz desaparecer o sentido religioso e a pessoa acaba por viver num total paganismo. É impressionante sentir a situação da maior parte dos homens de Chapadinha. E isso é um fator que se faz sentir muito mesmo na dimensão social. Falta competência e compromisso ao lado masculino de nossa população. Ainda não sabemos quem são os candidatos à Prefeitura do Município, mas, pelo que ouvimos falar, muitas pessoas estão sem opção.

2- A inauguração do Centro Catequético de Novo Castelo, no domingo passado, correu bem. A comunidade aderiu e esteve todo o dia em festa. Às quatro horas da tarde, foi celebrada Eucaristia e depois houve a benção do Centro. Muita gente da comunidade presente. E houve até capricho na maneira como limparam as proximidades do Centro e as embelezaram.

3- Também na comunidade de S. António ouve feijoada, mas venderam pouco, porque a comunidade teve que entregar comida a quem a tinha pago, há semanas, e não tinha recebido por ela não ter chegado para todos.

4- Por causa da má situação da economia da Paróquia depois da construção da Igreja de S. Luzia e do Centro de Novo Castelo, vamos esperar algumas semanas sem obras. Todo o mês de Maio vai servir para descansarmos um pouco dessa tarefa.

5- Desejamos que todas as comunidades façam, como é costume na cidade, a peregrinação com as imagens de Nossa Senhora. Gostaríamos que fosse aproveitada a oportunidade para abençoadas as casas dos que o desejarem, sejam benzidas..

6- No próximo domingo, vamos dar os dias para a Primeira Comunhão das crianças que fizeram os quatro anos de catequese e perseveram nos encontros.
Vamos deixar mais esta semana para as pessoas adultas se inscreverem para a preparação do santo Crisma. Só mais esta semana. Quando o Sr. Bispo aqui passar falaremos para marcar a ocasião da administração do Sacramento.

7- A falta de chuva nesta época em que os arrozais se deviam encher de graus, leva muitos lavradores a uma situação difícil. Notamos aqui na cidade que muitos comerciantes já estão estocando o cereal.

8- Nesta semana, a comunidade de Nossa Senhora de Fátima iniciará a novena da sua Padroeira. Gostaríamos que tudo corresse bem e que aquele grupo de jovens que costuma ficar nas vizinhanças evite isso. Que a festa da comunidade no bairro corra bem participada e alegre, sem acontecimentos a lamentar..
SESSÃO DE EMGRANDECIMENTO DA SUZANO  FICOU PELO MEIO

  Como estava previsto, decorreu no ginásio do Pequeno Príncipe, no dia 25 próximo passado, a reunião que queriam fosse de engrandecimento sobre a construção da Unidade Industrial da Suzano em Chapadinha. A empresa tudo fez para ser grandiosa a demonstração do seu poder econômico, a escolha técnica, os preparativos científicos e jurídicos do projeto. A enorme assembleia que presenciava  tudo no máximo silêncio e admiração, depois de duas horas de cansativa exposição, irrompeu em participação com a intervenção do Pároco. A reunião teve duas partes: uma de elogio feita pela própria empresa e outra de indignação pelo público presente.

Eis os argumentos expostos pela empresa: vai empregar 250 pessoas, a construção custará 700 milhões de reais, é a maior fábrica do gênero no mundo, produzirá pequeno granulado de madeira de eucalipto prensada para aquecimento, vai trazer impostos e especialização de mão de obra. Os argumentos contra foram bem expostos: a Suzano é um empresa falida economicamente. Em 2009 pediu 705 milhões de reais e em 2011 um bilhão e duzentos milhões de reais ao BNDES. O Banco, em contrapartida, obrigou a Suzano a fazer projetos de promoção social, porque nos mais de vinte anos anteriores de sua presença na nossa região, não conhecemos o que fez em benefício do povo. Se a empresa está trabalhando é porque usa o nome de outras empresas dependentes. As suas ações despencaram 50% no ano de 2011, pelo que anda a procurar empresas estrangeiras para participarem no seu negócio. O eucalipto não é uma árvore sagrada para enfeitar presépios de Natal, como deu a entender a exposição feita, mas é uma árvore que degrada o ambiente, desertifica os terrenos, acaba com nascentes, brejos e correntes de água, piorará a nossa região que é de cerrado semi-árido, causará um êxodo rural enorme e reduzirá o Município a um fantasma social. Os terrenos usados nem capim darão, pássaros e qualquer outros animais se afastarão, porque o cheiro dos eucaliptais é forte demais. A Suzano (ou empresas que com ela trabalham!) maltrata as populações onde se instala, expulsa legítimos posseiros e causa grandes conflitos de terra, tem grilado grandes fazendas e, na nossa região, já se prevaleceu da fraqueza de cartórios de Anapurús, S. Quitéria e Brejo, cujos responsáveis tiveram que ser afastados.como foi noticiado na Imprensa. A Suzano só atua em regiões pobres tanto na Europa como aqui. Tem usado liminares judiciais para se apoderar de terrenos que o Ministério Público depois condenou, como no caso da Formiga em Anapurús. Segundo fomos informados, deu uma viatura nova à Polícia Militar local e uma ambulância à Saúde Pública, certamente, como pensamos, para possuir mais influência política. Sabemos da honra e brio profissional do atual Comandante da 4ª Companhia Independente que certamente não permitirá abusos policiais como era costume antigamente. Por todos estes motivos, a numerosa assembleia que só se dissolveu depois da meia noite, não concordou com a construção da Unidade em Chapadinha.  Vai ser feita uma sessão solene de esclarecimento sobre os malefícios da instalação da Suzano no nosso meio.
 
DIREITOS ENLATADOS E O POVO SEM A CHAVE DO PRESTÍGIO.

              Os direitos humanos são universais. Todas as pessoas deviam poder gozar deles. Mas não. Entre nós, muitos direitos ainda estão enlatados. Só os pode usar quem tiver a chave do prestígio para os obter. Mas é tarefa de quem tem fé lutar pela sua dignidade e por ser respeitado nos seus direitos. A política não é força exclusiva nem excludente do uso desses direitos. É triste que estejam a ser feitas opções na nossa região, não fundamentadas em análises técnicas, mas por mera decisão política. E rádios locais se fizeram eco dessa soberania política, porque estão sendo pagos com dinheiro público.
Aquilo a que chamaram “Audiência Pública”, sobre a construção da unidade industrial da Suzano, foi uma demonstração solene da falta de respeito às populações, do trabalho político de representantes do povo que, míopes no alcance histórico de opções presentes, apenas pensam em se prestigiar com ações que lhes possam trazer mais influência. Não lhes interessa o bem estar das populações. Todos nós compreendemos que também seria um emprego lucrativo um pai ser contratado para ser pistoleiro e matar o próprio filho. Mas ninguém tem coragem para aceitar isso. O eucalipto degrada o ambiente, provoca o êxodo rural em massa e, pela prática da Empresa Suzano, de que somos informados, causa conflitos de terra enormes, traz a grilagem de terrenos e, sendo uma Empresa com terríveis dificuldades econômicas, não promete futuro risonho. Quem aderir ao projeto deixa-se cegar por algum benefício pequeno e imediato, mas esquece o ambiente malicioso que irá prejudicar a todos. Pessoalmente, assisti a parte da sessão feita a favor da Unidade Industrial. Fiquei indignado. Tive que me ausentar, porque sou cardíaco e não posso brincar com emoções fortes. Não é assim que se engana uma população, com a promessa de empregos. A agricultura familiar, essa sim, daria emprego ao nosso povo, emprego útil e digno, mas nunca houve político que a quisesse promover. A agricultura da nossa região ( e este ano com esta seca!) é a maneira mais fácil de empobrecer e dar fome ao povo. Quem amar Chapadinha, quem tiver responsabilidade social e amar a terra em que nasceu, quem tiver visão ética da realidade não conseguirá destruir o interior de seu próprio Município com uma mono-cultura que degrada o ambiente, destrói riquezas naturais, acaba com espécies da floresta nativa e impossibilita a fauna (que não é de pequena relevância como foi dito na sessão!).
Queremos que seja feita uma outra sessão, essa sim esclarecedora, com autoridades responsáveis presentes e que os resultados sejam levados às Autoridades do Estado e da Nação. O povo deve ser auscultado. Não podemos deixar a decisão na mão de políticos num ano de eleições. Para já queremos que seja feita uma auditoria ao que está acontecendo entre nós e nos Municípios vizinhos: famílias de posseiros desapropriadas, polícia agindo com liminares concedidas sem conhecimento da real situação, cartórios fechados por irregularidades que favorecem a Empresa e tentativa evidente de compra de autoridades com ofertas generosas. Por enquanto, isto é um parecer que me é lícito expor fundamentado em casos concretos de que posso apresentar documentos.

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