domingo, 30 de setembro de 2012

PARÓQUIA DE CHAPADINHA - ELEIÇÕES 2012 - NOTA OFICIAL DO PÁROCO DE CHAPADINHA

NOTA OFICIAL DO PÁROCO DE CHAPADINHA SOBRE AS ELEIÇÕES

Está quase terminando a campanha eleitoral. Deve ter sido a mais complexa que Chapadinha viveu. Tanto para eleitores como para candidatos. A bipolarização das candidaturas à Prefeitura facilitou a competitividade, extremou as posições, radicalizou as atitudes e fez que as propostas se dissolvessem em propaganda agressiva e incômoda demais para a população. Preferiu-se a bagunça à ordem, a baixaria à educação, as demonstrações de valentia injuriosa ao respeito mútuo. Seja-nos lícito, agora, fazer uma análise fundamentada no que sentimos no ambiente e facilitar a reflexão das comunidades católicas:

1)- “A Igreja não pode deixar de se preocupar pelo bem comum dos povos e, em especial, pela defesa de princípios éticos”. O laicismo materialista, o relativismo ético e a ignorância interesseira tentam desviar o trabalho pastoral desta preocupação para se proporem eles como fundamento da democracia. Mas a vida cristã não se pode expressar só nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas. Tudo isto é afirmado no documento da Aparecida. Não devemos fugir da realidade que vivemos, fomentando o intimismo e o individualismo religioso. Por isso, nossa Paróquia trabalha para formar as consciências e ser advogada da justiça e da verdade e educar nas virtudes individuais e políticas, a conselho do Papa Bento XVI. Custe a quem custar, mas não abdicaremos das indicações de nossa Igreja.

2)- “É aos leigos que compete ser conscientes de sua responsabilidade na vida pública. Devem estar presentes na formação dos consensos necessários e na oposição contra as injustiças” (Bento XVI em Aparecida). Não tememos em afirmar que estão saindo de nossa comunidade, com prática religiosa, candidatos honestos com compromisso social e com a força da fé que, mesmo sem usar a palavra exclusivista “irmão”, se merecerem o voto dos eleitores, irão trabalhar pelo bem comum.

3)- Para todos, eleitores e candidatos, esta campanha foi complexa. O candidato a Prefeito surgiu desgastado pelo exercício do poder, depois de apoiar uma Administração Municipal frustrante e vergonhosa e com necessidade de se defender de processos que lhe foram promovidos. A candidata apareceu sem experiência pública, mais confiada no dinheiro que em sensibilidade social e apoiada por liderança política reconhecida, oficialmente, como “ficha suja”, com demonstração, no passado, de incompetência administrativa. Ambos, julgamos, sem exemplar comportamento familiar e, alguém, até, com promoção e aproveitamento da promiscuidade e da infidelidade conjugal. Isto num ambiente em que é indispensável o incentivo e a promoção de políticas públicas que respondam aos direitos da família como sujeito social imprescindível. A família faz parte do bem dos povos e da humanidade inteira.

4)- Os candidatos viram-se obrigados a recorrer a um excessivo e perturbador barulho, a uma preocupante, suscitada e aceite  alienação popular, a uma agressiva e selvagem propaganda quer nas músicas, quer nos confrontos de palanque. Preferiu-se a bagunça à ordem, a baixaria à educação, as demonstrações de valentia injuriosa ao respeito mútuo pela população e pela diversidade de opiniões. Tudo isso, ofensivo à dignidade pública. Da parte da população notou-se mais inclinação para a folia que para a responsabilidade cívica, mais entusiasmo na alienação que propensão para a reflexão.  Assim, a população consciente teve ou tem dificuldade em fazer sua opção de voto e as coligações acharam-se no direito de usar e abusar do barulho ensurdecedor, da exagerada panfletagem, do impossível festival de foguetes, do jeito populista de alienar multidões. Gastos enormes, exagerados demais e que vão prejudicar o desenvolvimento na futura administração. Pensemos bem qual é a origem de todos esses dinheiros que estão a ser queimados agora.

5) – É importante e deve preocupar-nos a escolha dos nossos futuros representantes, tanto na Prefeitura como na Câmara. Interessa ao Município, na Prefeitura, uma pessoa que, com intrepidez, trabalhe pelo desenvolvimento sem perseguir pessoas. Que sirva e não se sirva. Mas, para a Câmara, será também necessário que escolhamos pessoas não viciadas na corrupção, capazes de reprovar o que já foi reprovado pelo Tribunal de Contas, que tenham propostas válidas para o Município, preocupadas pelo bem comum e inquietadas pela degradação da dignidade pessoal com a droga, a prostituição, o álcool e as sutis miragens de felicidade.

6) - Democracia não é só o povo escolher representantes. É também contínua participação ativa e responsável. É perpétuo exercício da cidadania. É compromisso com o bem comum. A paróquia tem consciência do esforço que tem feito para formar a consciência pública e evangelizar a dimensão social das pessoas, onde é importante a ação política. Não é arbitrariedade dos agentes de pastoral, mas seu dever indeclinável, formar para a participação, para a paz e a para a solidariedade, além de fazer oposição às injustiças, denunciar abusos graves, sistemas de perseguição, satisfação criminosa das exigências dos agiotas, compra de votos, falta de transparência na administração e passividade perante a urgente problemática do Município. A campanha eleitoral devia ter sido um tempo de reflexão e educação para uma melhor democracia. Mas, cremos, que não foi. Não houve respeito pelas diferenças e não se auscultou os anseios da população. Predominaram as demonstrações de espíritos centralizadores e de incompetências atrevidas. Falaram alto demais a busca de interesses individuais e a baderna de tipo carnavalesco que excita o ambiente, cria confronto de grupos, abafa a reflexão e aliena as pessoas. Por sua vez, a população entusiasmou-se demais, preferiu a folia à reflexão, apreciou mais carteiras cheias que cabeças pensantes, inclinou-se mais para interesses individuais que para o bem comum e predominou a falta de exigências morais aos candidatos, o que, no futuro, trará consequências graves.

7) - Um candidato nunca surge sozinho. Se aparece, é porque alguém se junta a ele no apoio e na organização do futuro, dentro de um partido. O candidato vale o que vale o seu grupo. Com ele surgiu e planeja e com ele vai ficar e trabalhar. Seja lícito e recomendável à comunidade católica ter isto como uma evidência. E seja-lhe também legítimo e de toda a conveniência consultar a memória do passado e lembrar exageros de concentração do poder, muita corrupção, contas da Secretaria de Saúde reprovadas e vingadas, agressões e invasão da residência sacerdotal, prejuízo em terrenos, falta de fidelidade em compromissos assumidos; durante anos impossibilitada de fazer o festejo da Padroeira, a educação esquecida, a segurança desprezada, os direitos dos trabalhadores não respeitados e os missionários ameaçados e perseguidos. Ao escolher devemos ter isto presente e saber de que lado veio. Quem não o fizer será pior que o pássaro “caburé” que, quando canta, sempre fica olhando em frente e para trás. A prevenção de ocorrências insanas e de prepotências vingativas devem ser, mentalmente, prevenidas e, inteligentemente, evitadas.  Tememos que, no auge da vitória, haja exageros. Responsabilizamos os grupos políticos por tudo que acontecer de desagradável.

8) – Agradecemos a atenção que todos, mais ou menos, tiveram durante o festejo da Padroeira para não perturbar as atividades da comunidade. Mas lamentamos que as carreatas tenham exagerado na perturbação da ordem e do sossego público e puxado para a bebedeira e vícios de baixaria inadmissível. Achamos que se deixou ir longe demais a arbitrariedade. Letras de músicas e outros excessos poderiam ter revelado mais educação. Se os “showmicios” são proibidos também as “showrreatas” o deviam ser. Quem não respeita o sossego da população em geral e, em particular, dos doentes e idosos, como conseguirá demonstrar que depois vai respeitar os direitos dos cidadãos? Hoje, com tantos meios sociais de comunicação, já não devia ser permitido barulho tão perturbador.

9) – A comunidade católica, através da equipe sacerdotal e das pastorais, fez todo o esforço para respeitar a liberdade das pessoas e não intervir em política partidária. A comunidade sai da campanha eleitoral com sua comunhão ferida, mas trabalharemos para tudo recompor. Não temos culpa se, por razões morais e temperamentais, alguns candidatos oferecem mais proximidade, mais possibilidades de diálogo e de educação que outros. Se houve reuniões de pessoas integradas em Pastorais e Movimentos, isso não prova adesão, mas legítima preocupação por causa de reboliços abusivos e perturbadores que andam no ar. Os Padres e a Paróquia não se fecharam em partidarismo. Respeitam a liberdade dos eleitores, embora se sintam na obrigação de lembrar que a Igreja é para todos, mas não pode servir para tudo, nem concordar com comportamentos que favorecem o contrário de sua tradicional moral.

10)-Desejamos, ao terminar, pedir que se evolua no respeito pela diversidade. É revoltante alguém fingir que ajuda as comunidades para depois ir cobrar apoio político. Quem for eleito não se julgue senhor do que é público. Não se use e abuse tanto da alienação popular. Incentivamos todos a votar e a se sentirem cidadãos no dia das eleições e sempre. Depois de tanto entusiasmo, ninguém adormeça no desinteresse. Ninguém encaroce em resignação perante o mal. Não deixemos que os eleitos possam governar sem transparência, pagar a vereadores para aprovarem contas reprovadas pelo Tribunal de Contas, pagar aos agiotas e retirar o que agora andam, excessivamente, gastando na campanha. A população deve organizar-se e a oposição não deve desaparecer, mas continuarem lutando, em colaboração de opiniões e denúncias, para uma melhor procura do bem comum.
A algumas notas que vieram a público na internet não respondemos pela sua insignificância. Os amigos analisam e aconselham. Os presunçosos apaixonados inventam, criticam e condenam. Esperamos que cresçam na responsabilidade.



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