Dentro
do contexto do Novo Testamento esta é uma afirmação que caracteriza a descrição
da vida e história de Jesus como a continuação dos 40 anos do povo de Israel
depois da passagem do mar vermelho.
E tem outros paralelos: Jesus saiu das águas
do rio Jordão após o batismo e foi para o deserto; os judeus saíram do mar
vermelho e foram para o deserto. Por cauda do faraó foram mortos os
primogênitos do Egito; a “matança dos inocentes” descreve a figura de Herodes
com os mesmos traços do Faraó opressor.
Ou
seja, assim como no Egito tinha o faraó que decretou a morte dos primogênitos,
neste novo país de opressão que era a Palestina tinha outro opressor que era
Herodes.
Esta descrição vem logo antes quando em Marcos se diz que depois do batismo de
Jesus ele se dirigiu para o deserto onde permaneceu por 40 dias e 40 noites, e
“passou fome”: A grande alusão aos 40 anos do antigo povo durante 40 anos no
deserto, onde o povo passou fome e sede.
Aliás, os 40 dias que Jesus “passou” no
deserto ainda mais representam o tempo da sua vida pública, em paralelo aos mesmos “quarenta anos” que Israel passou no deserto.
E assim toda a obra de Jesus se
apresenta como “êxodo libertador” até chegar, como primeiro, à “terra prometida”
muito melhor e mais fielmente que o antigo Moisés.
Daí
as outras afirmações todas pertinentes em alusões ao Antigo Testamento: “desde
o Egito chamei o meu filho” (Mt.2,15), referente tanto ao povo judeu como a Jesus. Muitos outros pormenores dos evangelhos
se inspiram nas categorias do Êxodo.
Na Palestina não havia mar, só lago,
mas eles chamam-lhe mar em referência ao mar vermelho (o lago de
Genesaré), que Israel atravessou para sair da escravidão e encaminhar-se para a
terra prometida.
E
nos três evangelhos, a terra de escravidão é o país judeu, isto é, a ideologia
do judaísmo e as suas instituições. A “terra prometida” está na pessoa e a
vida de Jesus, o novo Moisés que é urgente aceitar.
Especialistas
anotam outras citações que são alusões a textos do Antigo Testamento relativos
ao êxodo do Egito: “tomando o cego pela
mão levou-o para fora”(Mc.8,23). E
em Mc.1,43:” Jesus curou o leproso e
mandou-o logo “sair”, i. é, “sair das categorias religiosas judaicas que o mantinham
marginalizado.
E também em Jo,2,14 no episódio da expulsão das ovelhas do
templo.
Famosa
também é alusão à figura do “cordeiro” de Deus em que no evangelho de João se
faz o paralelismo do texto de Êx. 12,46 em que não se devia quebrar nenhum osso. Também a Jesus na Cruz não deviam quebrar nenhum osso: “nenhum osso lhe será quebrado” (Jo.19,36).
E
por fim temos o paralelismo do maná, alimento dos israelitas durante a
travessia do deserto, que foi chamado “pão do céu”. Jesus
opõe o outro pão céu que é ele próprio (Jo,6, 57) como alimento para o novo êxodo que agora terá melhor êxito.
É maravilhosa a
transposição que os evangelistas fazem dos elementos do antigo êxodo, que é para dizer que é preciso sair dos princípios da sociedade injusta judaica e aceitar a pregação de Jesus, o novo Moisés do Novo Testamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário