sábado, 2 de maio de 2020

SÓ JESUS SALVA – A FÉ SEM AS OBRAS DA LEI- A DECLARAÇÃO CONJUNTA CATÓLICO-LUTERANA DE 2016.

Só Jesus salva – A fé sem as obras da lei - O que quer dizer isso?

Quer dizer que após a vinda de Jesus, acabou o valor da Lei ou Torá, do Antigo Testamento. Não é mais a Lei ou Torá que salva, mas só Jesus, a sua vida e sua graça, numa palavra, a aceitação de Jesus como salvador. Daí o jargão: SÓ JESUS SALVA.

Na verdade, a LEI ou TORÁ, que era o patrimônio da salvação para Israel foi desbancada pela vinda de Cristo. E na medida em que os Judeus continuavam presos a ela, estavam perdendo entrar no trem da salvação. Não seria mais para a vida, mas para a morte. (cf. Rom.cap.7).

A Torá era a LUZ dos Judeus. O que fundamentava o povo como povo de Deus. Quando os evangelhos apresentam Jesus como “Eu sou a LUZ, estavam querendo dizer que a LUZ da Humanidade não era mais  a TORÁ, mas JESUS.

Assim acontece o que São Paulo chama  a “salvação pela fé.” Os Judeus se consideravam  perfeitos cumprindo as “Obras da Lei”. Em todos os detalhes; esta era a sua glória. Era ela que constituía Israel como exclusivo povo de Deus, daí excluíam todos os outros e discriminavam, até o ponto de nem tocar para não se contaminarem, como hoje acontece com o coronavírus. Esta era a salvação pelas obras da Lei.

Em contraposição, São Paulo põe a salvação ou “justificação” pela fé.” “A justiça de Deus é gratuita de Deus para todos os povos”(Rom.4,4). “A circuncisão identificou Israel como “Nação de Israel“, a Nova vida da graça faz a “Nação dos filhos de Deus”.

A tradição de Israel era que a “justiça” ou salvação de Deus pela Lei tinha que ser merecida, como salário que era devido a quem trabalha, (Rom. 4,4). 

Por isso a Torá e a salvação era restrita a Israel. Isso dava-lhes status, e a prerrogativa de povo escolhido, com o direito de “excluir” todos os outros povos do mundo. Quem quisesse ser salvo tinha que se fazer primeiro judeu para cumprir a  Torá e depois salvar-se.

A força da questão é a gratuidade da salvação. São Paulo declara “O homem não se justifica pelas obras de Lei, mas pela FÉ em Jesus Cristo” (Gál.2,16). Pondo isso como o grande princípio do evangelho, a justificação pela fé.

A virada no pensamento de São Paulo deu-se desde o encontro com Cristo na estrada (ou retiro) de Damasco. Até esse momento era fariseu, mas começou combatendo a sua própria convicção anterior de que a justificação era só de Israel e pelas obras da Lei. 

Daí em diante nasceu a sua teologia que ele chama “o meu evangelho”(Rom.2,16). E declara: “O que para mim era lucro, considerei tudo como perda por causa de Cristo.”(Fil.3,7).

Julgamos que o homem é justificado pela fé sem a obediência da Lei” (Rom.3,28). “Será que Deus é só o Deus dos Judeus? Não é também dos pagãos? Sim, é também Deus dos pagãos, o qual justifica pela fé os circuncisos e também os incircuncisos” (Rom.3,29-32).

O embasamento de toda esta teologia de São Paulo era a figura de Adão e de Abraão. Na época de Paulo corria o livro de um judeu, Filão chamado “A VIDA DE ADÃO E EVA”. Aí traz a promessa de um Adão fiel de ressurreição para acesso renovado à árvore da vida: “e serás imortal para sempre”.

Este segundo Adão seria Cristo, descendente de Adão, descendente de Abraão. E como Abraão sacrificou o filho e o teve de volta, assim também esse filho era a figura de Cristo que por seu sacrifício foi perdoada a Humanidade. Aí se firmou a teologia sacrificial de Paulo.


De tal maneira era a nossa incorporação com Adão e com Cristo que enquanto não morrermos todos em Adão não viveremos todos em Cristo: "Assim como todos morremos em Adão, todos seremos vivificados em em Cristo".(1 Cor, 15,22). Como membros do primeiro Adão pertencemos àquela era, morreremos; como membros do segundo Adão pertenceremos à era vindoura, experimentaremos o Espírito que dá a vida.

Desta Cristologia adâmica e batismal estavam lançadas as duas premissas de salvação pela fé: a promessa de Abraão e o valor salvífico de Cristo. Daí resulta que a salvação não é mais pelas obras da antiga Lei mas pela aceitação da fé na promessa de Abrão e do sacrifício de Cristo: a salvação pela fé.

Para Paulo, o evento salvação tem três pilares: primeiro justificação pela fé, segundo, participação em Jesus Cristo, terceiro o dom do Espirito Santo.  Pelo  dom do Espirito o cristão ganha um status  renovado, participa de Cristo e ganha  uma capacitação divina

Paulo, quando era ainda fariseu fazia dos pagãos filhos dos Mandamentos da Torá; depois da sua conversão, Paulo, o apóstolo, fazia  dos pagãos filhos do Espírito.

No ano de 2016 deu-se A DECLARAÇÃO CONJUNTA DAS IGREJAS CATÓLICA E LUTERANA sobre a DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO, em ORAÇÃO ECUMÊNICA na catedral luterana de LUND, na SUÉCIA na comemoração dos 500 anos da REFORMA de MARTINHO LUTERO, assinada pelo Papa Francisco e pelo Presidente da CONFEDERÇÃO LUTERANA MUNDIAL, Bispo Munib A.Younan.

O ponto central foi este: “Unicamente pela graça, na fé na obra salvadora de Cristo e não por qualquer mérito da nossa parte, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que renova os nossos corações, nos instrumentaliza e nos chama às boas obras. Luteranos e Católicos compartilham o alvo comum de confessar, acima de todas as coisas, Jesus Cristo como mediador uno pelo qual Deus, no Espírito Santo, dá a si mesmo e derrama seus dons renovadores”. 

Mais à frente esta Declaração  foi aceita também pelas Igrejas Metodista, Presbiteriana, e Anglicana


Portanto, o princípio SÓ JESUS SALVA – A FÉ SEM AS OBRAS DA LEI é agora patrimônio comum entre as Igreja cristãs, e foi um enorme passo no objetivo comum do ECUMENISMO em curso. 

Podemos argumentar: isso afinal tinha só em mente atingir os Judeus, que queriam que alguém se fizesse judeu para depois ser batizado e ser cristão. 

Negativo. Diante de Jesus, a Torá e suas obras perderam a validade absoluta. Igualmente as nossa obras não são embasamento para a salvação hoje, mas o princípio da GRATUIDADE absoluta de Deus cujo pêndulo é a ação salvífica de Jesus Cristo.

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