sábado, 14 de novembro de 2020

O Fundamentalismo bíblico-religioso: onde e como nasceu e quais os objetivos.

 


O fundamentalismo nasceu nos Estados Unidos da América do Norte no ano de 1920, com quatro objetivos principais. Primeiro, em oposição aos progressos dos métodos históricos dos estudos bíblicos que se incrementaram no século XIX e XX. Segundo em oposição às teorias segundo as quais algumas Cartas não eram de São Paulo das Quatorze atribuídas a ele.

O terceiro objetivo era a ênfase e o destaque à Segunda vinda iminente de Cristo a iniciar-se com Pragas, Fomes e com uma violência e degradação das  condições do mundo.

O quarto objetivo  foi a ideia de que era inútil qualquer esforço e preocupação social, uma vez que ninguém podia fazer nada para melhorar o mundo e nem impedir que os Pobres morressem, e assim condenavam a teologia da libertação.

Financiados por Empresários conservadores publicaram milhões de Panfletos e distribuíram por pastores, empresários, classes políticas e por todos os setores das igrejas protestantes americanas. Eles oficializaram o nome de Fundamentalismo em 1920 na Revistas “Baptist Standard” onde conclamavam todos os “corajosos” que defendiam esses princípios focais, e oficializaram o nome de fundamentalismo como sua bandeira (H.Cox, 197).

Este nome fundamentalismo migrou facilmente para outros continentes e religiões que o adotaram, como o Islão e judaísmo, que o adotaram, e formaram também as suas fileiras de fundamentalistas. Os fundamentalistas americanos se consideravam o “Bote salva-vidas” dos tempos atuais, e também se consideravam os “guerreiros fundamentalistas”.

Até hoje, no séc.XXI, fazem seleções de palavras e frases extraídas da Bíblia fora do seu contexto e as empregam numa batalha atual. É assim que também os próprios tradicionalistas católicos gastam pouca energia criticando os protestantes, antes sua apaixonada crítica vai contra a atual liderança da Igreja, às vezes incluindo o Papa.

Sociologicamente falando, todo movimento novo tem suas origens e causas em acontecimentos novos. O Iluminismo, o Liberalismo, o Racionalismo, os Novos métodos científicos e históricos aplicados em todos os campos literários donde não escaparam as investigações bíblicas, foram o rastilho que deu origem à explosão do fundamentalismo bíblico-religioso.  Mas, como diz o ditado, “quem vive do passado é museu”.

Durante as últimas décadas do séc. 19, sobretudo nos Estados Unidos “seguir a Bíblia” passou a ser uma espécie de teste decisivo para ver se alguém era ou não “cristão de verdade”. Para os fundamentalistas, seguir Bíblia significava seguir a letra e não o espírito, e ficavam confusos quando ouviam por exemplo que Moisés não escreveu o Pentateuco, e que Deus não precisava se abaixar para, como oleiro, amassar barro e soprar para formar os homens. Considerando então os avanços da época é compreensível que algumas pessoas sentissem a sua fé abalada, saindo daquela bitola.

Por coincidência, as mesmas mudanças da sociedade foram também sentidas na Igreja católica na Europa. E como o protestantismo tremeu com o perigo em relação à Bíblia, o catolicismo tremeu com o perigo em relação à Igreja como um todo. Nesta virada histórica, a Igreja temia o perigo de não ser mais a única instituição doutrinária que determinava as regras e normas que conduziam a sociedade e a vida dos homens.

 A Revolução Francesa em 1789 tanto se fez sentir  nos Estados Unidos como na Europa, com os seus três pilares “Igualdade, Fraternidade, Liberdade” que foram a base para a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS no dia 10 de dezembro de 1948, que deram origem à também moderna ordem política da SEPARAÇÃO DE IGREJA E ESTADO na maior parte das Nações.

Ainda bem que Pio IX encontrou um meio de se livrar de tantos apuros, convocando o Concílio Vat.I em 1870 onde ele torceu para a definição da infalibilidade pontifícia.

Concluindo, vemos que para novos eventos tem que haver novos enfrentamentos. Será que as Igrejas iriam virar sempre museu se segurando simplesmente no passado sem se abrir para o presente? As Igrejas protestantes encontraram-se com novos apuros que as surpreenderam, e a Igreja católica com os mesmos apuros que também a surpreenderam. E as reações foram em parte semelhantes, será que foram as melhores? O tempo ainda não foi suficiente para um resultado completo, e por isso vale a máxima: “ o tempo o dirá”.

P.Casimiro    smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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