segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

O BIG-BANG DA EXPLOSÃO E DA EVOLUÇÃO FÉ E DA RELIGIÃO EM ISRAEL


 No ano de 586 a.C. quando começou o exílio israelita em Babilônia o politeísmo fazia parte da cultura de Israel. Foi apenas após o exílio que a adoração única e exclusiva de Javé tornou-se estabelecida e possivelmente só mais tarde no tempo dos Macabeus, duzentos anos a.C.

O Deus bíblico do Antigo Testamento provavelmente foi uma fusão de vários Deuses pagãos. A personalidade e os atributos de Javé foram influenciados por outras antigas divindades do Oriente como o Pai celestial El, e o jovem guerreiro Baal e a deusa Asherah.  Elementos comuns à cultura das antigas civilizações do Médio Oriente, principalmente da região onde hoje fica o Estado de Israel, o território palestinense, o Líbano e a Síria contribuíram para as ideias sobre os seres divinos. Há bons indícios de que o Deus do Velho Testamento é uma fusão entre um Deus idoso e paternal El, um jovem Deus guerreiro, Baal e a Deusa do sexo feminino Asherah, porque na realidade os antigos não concebiam um Deus sem família. 

A poucos quilômetros ao Norte de Canaãn, a atual Síria, ficava a cidade-Estado de Ugarit, cuja língua e cultura eram praticamente idênticas às de seus primos israelitas Os estudiosos chegaram à conclusão de que Israel e Ugarit pertenciam à mesma grande matriz cultural. Todos eles tinham a “grande deusa” da luz, a deusa do Sol, ou a “Luz dos deuses”, o grande Sol, que também era seguido pelo antigo Israel. Mais à frente essa luz foi aplicada à Torá, (a Lei), como a luz de Deus, a “luz da Torá” como os Judeus gostavam de dizer. Compare com a afirmação de Jesus “Eu sou a luz do mundo” (Jo.8,12). Tanto nos textos ugaríticos como no antigo Israel o Sol fazia parte do panteão dos deuses, e portanto fazia parte dos deuses e do culto ritual. O antigo número de 70 deuses encontrado nos textos ugaríticos sobreviveu na religião judaica dos 70 anjos, um para cada um dos povos do mundo (Cf. Dt.32,8).

Em geral, a imagem de Javé como deus guerreiro e patrono divino  pressupunha certa tolerância e culto a outras divindades em sua casa divina, mas sendo subordinados a ele. Existiam outros deuses para Israel mas Javé deve ser  o incontrolável deus patrono (Mark Smith “O Memorial de Deus”, 148). Notemos que o primitivo nome de Israel era Isra-yahu, e quando adotou o deus El, dos vizinhos mudou o nome para Isra-El, Israel do novo Deus.

Em Jeremias, cap. 7 e 44 fala-se de uma grande deusa, a rainha dos céus. Esta rainha dos céus ou Asherah fazia o casal junto com Javé. Porém, na habilidade e psicologia israelita esta deusa deu lugar mais tarde à “Sabedoria” descrita em Provérbios, 3,18 como tendo todos os atributos divinos, como uma “emanação de Deus”.

Em outras tradições, os “filhos divinos“ eram filhos de Deus que depois se transformaram em anjos. Faziam parte do panteão dos deuses. Alguns tinham cargos especiais e nomes como Miguel. O mais importante deles quis ocupar o trono de Javé mas acabou jogado para a terra. 

O  evangelho de Lucas faz-se eco desta  tradição lendária quando coloca na boca de Jesus: “Eu vi Satan caindo do céu como um relâmpago” (Lc.12,10), assim como o Livro do Apocalipse no cap. 12,7-9. Também isto da literatura ugarítica é partilhado em Gn.6, 1-2: “quando os homens começaram a ser numerosos sobre a terra, e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas e tomaram como mulheres todas as que que lhes agradavam” (Gn.6, 1-2).

Vamos dizer que o monoteísmo só conseguiu implantar-se depois do exílio da Babilônia. Antes disso o povo vinha convivendo com tantos deuses. Porquê? E nos Mandamentos? “não terás outros deuses diante de mim”? (Ex.20,3)? Isso é uma prova de que eles conviviam com esses deuses. Acontecia entre os judeus o que acontecia na Idade Média. Os reis recebiam as Encíclicas dos Papas e diziam: "Publique-se, respeite-se, mas não se cumpra”. Assim também faziam os Judeus sobre os mandamentos:  "Publique-se, respeite-se, mas não se cumpra”.  E sempre os Judeus foram convivendo com outros deuses. Jeroboão, no ano 930 a.C. quando se separou do reino de Judá, fez os templos de Dãn e Betel e lá tinha os seus deuses e os bezerros de ouro (1 Reis 1,12-26). E quando foi vencido pelos reis da Pérsia em 722, os reis do Sul disseram que foi castigo de Javé. Porém, em 580 a.C o reino do Sul, Judá, também foi vencido por Nabucodonosor rei da Babilônia, e foram também para o exílio. E agora, foi castigo de quem?

Bem que Jeremias dizia que também era castigo de Javé, mas o povo continuava negando e dizia que era castigo de Aserah, a rainha dos céus, que era a família de Javé,  por terem esquecido dela. (Mark Smith o.c.148). Daí em diante, no exílio, o povo refletiu e refizeram as suas teologias. Foi nessa época que nasceu o livro do Êxodo e Gêneses. E de toda a sua experiência tiraram a lição de que, para sobreviverem como povo e como religião não podiam mais agarrar-se a outros deuses, mas escolheram Javé como único Deus. Na verdade Jeroboão tinha deuses e foi vencido. Roboão tinha Javé embora adicionando outros, e também foi vencido. E agora? Politicamente não podiam sobreviver imitando outras nações mas fecharam com um só deus Javé. E no caso de se recuperarem ainda como povo se comprometiam a ser no mundo um povo monoteísta. Esta foi a opção deles, e é assim que fizeram o novo Catecismo que foi Gênesis e Êxodo, donde nasceu a Torá. Foi assim que assumiram a sua condição de povo “sofredor”. E assim o povo de Israel deu uma volta de 190 graus de conversão. Em vez de quererem deus ao seu serviço“deus dos exércitos”), o povo dominado pelos outros povos, decidiu ser o povo servidor do Senhor e se colocar ao seu serviço como “servo”. Daí nasceu um dos Cantos mais bonitos da Bíblia, o “SERVO DE JAVÉ” do segundo Isaías, cap.42-54. E de quebra, teriam que levar a sua luz, que era a “Luz da Torá” a todas as nações.

Conclusão: Pela história da religiões sabemos que antes do séc. décimo a.C. o rei Akenatón já tinha promovido o monoteismo. E no séc. VI na Pérsia a religião do Masdeismo também houve o monoteismo, pregado por Zoroastro. E os judeus só acertaram com o monoteismo depois de retornarem do Exílio da Babilônia, "sem rei e sem papa", como se diz,  porque  os reis tinham ficado todos na Babilônia, ou morotos ou presos, porque se voltassem com o rei, continuariam com os deuses do rei porque todos os reis tinham os seus deuses. Portanto, o monoteismo em Israel vingou só depois do séc.II antes de Cristo pelos motivos citados. Por isso que podemos considerar essa realidade como falámos no titulo desta nossa publicação: O BIG-BANG DA EXPLOSÃO E DA EVOLUÇÃO FÉ E DA RELIGIÃO EM ISRAEL


P.Casimiro João       smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br



 

 

 

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