Desde
já argumentamos que o Templo representa o império, por exemplo de Davi, de
Constantino, da Idade Média, e dos colonizadores. E as tendas significam a
Amazônia, as fábricas e os seus trabalhadores, os campos e os agricultores, os
escravos e os escravizadores, os quilombos e as senzalas. Já tivemos ocasião de
nos reportarmos a isto no tema: O Messias de Pedro e o Messias de São Francisco
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10/04/22.
Tentarei
dar uma resposta a uma pergunta
enigmática que o evangelho de Marcos coloca na boca de Jesus: “Como é
que o próprio Davi chamando o Messias de Senhor poderá então ser seu filho?”
(Mc.12, 37). A resposta vem do ambiente e do local onde Jesus se encontrava, o
Templo. O ambiente era a polêmica em três questões entre Jesus e os ouvintes
perigosos: a parábola dos vinhateiros assassinos, o tributo a César, e a mulher
que serviu de cobaia aos sete irmãos sem deixar filhos. E de supetão vem a
questão quase sem nexo que vamos procurá-lo, da seguinte maneira, como segue.
As classes reinantes apoiavam-se no Templo para a volta de um Messias que
restabelecesse o império de Davi com o poder simbolizado pelo Templo. E
proclamavam e reivindicavam a volta do filho ou rebento de Davi como o
Messias esperado para restabelecer o antigo poder de Davi. Volta Davi com o teu
Messias! E na sequência cobravam que Jesus se manifestasse dessa maneira caso
fosse ele o tal Messias. “Se tu és o Messias diga-nos abertamente” (Jo.10,22).
Implicitamente este tipo de Messias enchia a cabeça e o imaginário de todo
mundo. E em primeiro lugar, dos próprios discípulos, como manifestou Pedro
afirmando que o Messias não podia ser um homem fraco que pudesse passar por
algum sofrimento “Mc.32-33.
Ao
lado desta ideologia de domínio imperialista havia outra que não se baseava na
instituição do Templo, mas na Aliança original do deserto, num Messias como
Moisés caminhando com o povo e no meio do povo, sem Templo e seu reis. Esta ala
achava que a monarquia é que tinha afundado o povo de Israel tornando-o escravo
das nações vizinhas. E não só, esta ala mantinha a teoria de que Davi tinha
sido usurpador, e nem era um rei legítimo, haja vista que não tinha sido
ungido, pelo contrário usurpou o trono de Saúl vendendo-se aos Filisteus para vencer
Saúl e subir ao trono. (Cf.Chad Meyers, Evangelho de Marcos, p 93-95 e 296).
A
reposta de Jesus, portanto está implícita na recusa, e pelos vistos, rechaçando
a primeira ideologia, dos dirigentes judaicos e as suas pretensões, e seguia a
via da segunda ideologia do Messias do Sinai. Os reis tinham abandonado o Deus
do Sinai e introduzido na monarquia toda a espécie de deuses e ídolos da nações
vizinhas com quem faziam alianças, deixando para trás a Aliança do Sinai.
Como
resultado, a decepção e a ruina. Estas duas ideologias estão estampadas hoje,
senão vejamos: O Messias de Pedro e o Messias de São Francisco; o Messias da
Idade Média e os Messias dos Pobres; o Messias do império e o Messias dos
povos; o Messias dos colonizadores e o Messias dos colonizados, das senzalas e
dos quilombos; o símbolo do poder do Templo do Edir Macedo e o outro símbolo das
tendas do deserto, da Amazônia, dos trabalhadores das fábricas, das favelas e
dos campos.
Conclusão. A resposta não respondida da cena do evangelho em questão
dependia do tipo de Messias que esperavam. Uns, do tipo do rei Davi, guerreiro
e vencedor de todo mundo para sujeitar todos os povos ao seu domínio. Outros,
do tipo de Moisés que caminhava no meio do povo e com o povo, rechaçando o rei
usurpador que tinha sido Davi. O Messias imaginado não poderia ser o tal filho
de Davi que eles pensavam. Marcos coloca para suas comunidades a resposta de
Jesus onde conclui: “Portanto, o próprio Davi chama o Messias de Senhor; como é
que ele pode, então ser seu filho?” (Mc.12,37). Pela resposta concluímos que a
opção de Jesus não seguia a ala do Messias dos poderosos e do seu Templo mas da
Aliança do Sinai, o Messias das tendas dos pobres e de Moisés.
P.Casimiro
João smbn
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