Escritores clássicos falavam em
ressurreições, o Antigo Testamento na saga de Elias e Eliseu conta
ressurreições. Em Mt.9,23 Jesus foi chamado para ressuscitar uma menina. “Um
chefe” falou: “Minha filha acaba de morrer, mas vem, impõe tua mão sobre ela, e
ela reviverá”. O texto fala inominalmente de “um chefe”, sem nome e designação,
o que por si leva a imaginar sobre o tipo de conto que vai ser esse, do chefe
inominado.
Na saga de Eliseu, ele tinha muito trabalho
no caso da ressurreição, deitando-se por três vezes sobre o menino” (2 R.4,33).
Enquanto que era diferente com Jesus, o que nos mostra outra diferença com
significado. No entanto, os “ressuscitados” de que estamos falando tornaram a
morrer, tanto os do Antigo Testamento como dos historiadores antigos, e assim
também como Lázaro ressuscitado por Jesus, e como o filho da viúva de Naim, e a
mesma menina deste chefe. (Cf.J. Batista Libanio, Creio na Trindade, p.59-60). Porém, devemos aceitar que quem ressuscita não poderá
mais morrer. Num outro capitulo, Mateus, e somente ele, afirma que quando Jesus
morreu no alto da cruz, “os corpos de muitos justos ressuscitaram; saindo de
suas sepulturas entraram na Cidade Santa depois de ressuscitarem e apareceram a
muitas pessoas” (Mt. 27,53). Em páginas anteriores afirmei que a Bíblia não é
histórica, nem geográfica, ela é teológica. (www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
18/6/23). Assim aqueles livros antigos das ressurreições, como de Flávio
Filóstrato e Porfirio que juntamente com o filósofo sírio Jamblico falam de
Apolônio de Tiana, homem que ressuscitava mortos. No Antigo Testamento é
comentada também a ressurreição ou arrebatamento de Enoque. Como diz a
Pontifícia Comissão Bíblica e a encíclica de Pio XII de 1943 "Divino aflante Spiritu"devemos atender ao gênero
literário e “aquilo que os autores quiseram expressar”. O que será que esses
textos quiseram expressar? Eu afirmo que a intenção deles será a seguinte: que os
“homens de Deus” têm a vida de Deus, participam em grau superior dessa vida de
Deus e espalham vida por onde eles andam e no que eles tocam. E se Eliseu e
Elias participavam tanto da vida de Deus, e Enoque ou o tal Apolônio de Tiana,
muito mais Jesus. Como essa teologia está expressa, ela é elaborada em quadros
e dramatizações plásticas pintadas com cores e cenas dessa maneira. Hoje em dia
temos maneiras de dizer coisas muito altas em palavras muito reveladoras como
esta, quando os namorados dizem pra suas namoradas:” os seus olhos são duas
estrelas”. Com que vida e alegria e emoção uma pessoa enamorada recebe estas palavras
é coisa só de viver aquela situação. Do mesmo modo essas cenas bíblicas transmitem
lições morais de maneiras adequadas para a época em que foram escritas, em
poemas épicos e sagas que perduram até hoje. Há um exemplo típico de sinais e linguagem
que hoje nós não entendemos: aquele de sacudir a poeira dos pés diante das
cidades ou pessoas que não receberam os apóstolos: (Mt.10,14): “Se nalguma cidade não vos receberem
e não ouvirem vossas palavras, quando sairdes daquela casa ou daquela cidade
sacudi a poeira dos vossos pés”. Explicação: Os judeus quando vinham do estrangeiro,
terras de pagãos, tinham que sacudir a poeira dos pés para não entrar com os
pés contaminados ou impuros com essa poeira na terra de Israel, porque os estrangeiros eram
impuros. E então essas cidades ou pessoas tinham que ser consideradas como terra impura dos pagãos, por isso a necessidade de sacudir a poeira.
Conclusão.
Que a Bíblia e o Antigo Testamento têm sua linguagem própria que não é a nossa,
podemos ver nas “ressurreições de muitos justos” na citação de Mateus que
referi atrás, Mt.27,53. Essa linguagem vem já do Antigo Testamento segundo a
qual os “justos” tinham que ressuscitar para o prêmio de seus tormentos na terra. Já
que na vida deles não tiveram quem lhes fizesse justiça por tantos maus tratos, teriam
que aguardar uma ressurreição final. Obs: esta fé na “ressurreição” não
existia na Bíblia até o séc.II a.C. Só foi incorporada na Bíblia após os escritos
dos Macabeus, e após os tormentos infligidos pelo rei Antíoco Epifanes. E em
segundo lugar eles traziam essa crença dos Babilônicos quando estiveram lá exilados,
só que não tinham ainda escrito na Bíblia. Foi preciso esperar o escritor
Daniel nesta época que falamos para colocar na Bíblia essa fé. Obs. dois: Mesmo assim nem todos os Judeus assumiram
isto, porque os Saduceus nunca adotaram a fé na ressurreição. “Os saduceus não
acreditavam na ressurreição dos mortos, e nem anjos e nem espíritos.” (At.23.
8).
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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