Tem histórias para divertir no segundo
Livro dos Reis, nos primeiros 13 capítulos, que mais parecem um tipo de
aperitivo para depois os avós resumirem bem resumidas para os netos as
histórias dos reis de Israel e de Judá. Eis como começa: 1- Um certo Ocozias
deu uma quebradeira e mandou consultar os deuses, quando um tal profeta Elias o
enganou dizendo que ele iria morrer. Ocozias mandou um oficial com 50 soldados
buscar o profeta para matá-lo, mas Elias mandou um raio do céu cair sobre ele e
queimou o oficial e os 50 soldados. Ocozias mandou segunda vez outro oficial e
50 sodados, e de novo outro raio caiu sobre eles e queimou o oficial e os seus
50 soldados. Ainda o rei mandou pela terceira dois oficiais com 50 soldados
cada um, e pela terceira vez outro raio queimou os dois oficiais e os 50
soldados de cada um (2 R.1,1-18). No seguinte capítulo, depois de Elias subir
ao céu num redemoinho e num carro de fogo, o discípulo Eliseu conseguiu ficar
com o manto do mestre, e precisava passar para o outro lado do rio Jordão.
Então pegou o manto de Elias e voltou para a margem do rio. Segurando o manto
de Elias bateu com ele na água, que se dividiu em duas partes e ele atravessou o
rio. (2 R. 2,11-15). Dali Eliseu foi para Betel. “Enquanto subia pelo caminho,
um bando de garotos que tinham saído da cidade começaram a zombar dele
gritando: “Suba careca! suba careca! Eliseu voltou-se, olhou para eles e os
amaldiçoou em nome de Javé. Então duas ursas saíram do bosque e despedaçaram os
quarenta e dois garotos” (2R.2,23-25). Em sequência, um dia três reis iam lutar
contra o rei de Moab. E dirigiram-se ao profeta Eliseu, porque entraram num
deserto depois de caminhar sete dias e faltou água. Ele mandou que cavassem
bastantes poços: “cavem diversos poços
nesse vale, pois vocês não verão vento nem chuva, mas este vale ficará cheio de água e vocês poderão beber com seus exércitos e animais” (2R.3, 9-20). Daquele
lugar eles entraram no território de Moab e o arrasaram, “destruíram a cidade e cada um atirou
pedras nos melhores campos até os cobrir, fecharam todas as fontes e
cortaram todas as árvores frutíferas diante do riso dos atiradores de pedras.
Então o rei Moab pegou seu filho primogênito que lhe sucederia no trono e o
ofereceu em holocausto sobre a muralha” (2R. 3,24-27). 2- Os irmãos
profetas disseram a Eliseu: “Como você
pode perceber, o lugar onde estamos é muito pequeno, vamos até o rio Jordão, e
cada um nós pegará um tronco para construir ai uma casa. Eliseu disse, podem
ir. E Eliseu foi com eles. Chegando ao rio Jordão começaram a cortar madeira.
Um dos irmãos estava cortando um tronco e o machado caiu na água. Então ele
gritou, mestre, o machado era emprestado. Eliseu correu ao lugar onde o machado
tinha caído, cortou um galho de árvore, jogou na água, e o machado subiu e veio
parar na mão do rapaz” (2R. 6,1-8). Noutro dia Aram, rei de Moab
preparou-se para fazer guerra contra Israel, mas Eliseu soube e avisou as
tropas de Israel. Aram soube que estavam sabotando a guerra. Um general disse:
“Não somos nós, é o Eliseu. Aí mandou os
seus soldados cercar a casa de Eliseu. Quando eles estavam chegando, Eliseu
pediu a Javé para cegar os olhos deles, e disse, espere Deus até que eu chegue.
Então o próprio Eliseu se juntou a eles, levando-os por outro caminho, onde os
soldados de Israel aguardavam para acabar com eles” (2R.6,18-21). Outra vez o rei de Aram, Ben-Adab cercou com
seus soldados a cidade da Samaria. Então houve uma grande fome na Samaria. O
rei de Israel estava passando pela muralha, e uma mulher gritou para ele: “Socorro senhor meu rei. Ele respondeu: Se
Javé não socorre você, onde vou achar auxílio para você? Então ela falou pro
rei: Traga o seu filho para aqui o comermos hoje, e amanhã comeremos o meu. Nós
cozinharemos o meu filho e o comeremos. No dia seguinte o rei disse a ela:
Agora entregue o seu filho para nós o comermos. Mas ela escondeu o filho dela”
(2R.6, 24-32).
4- O rei Acab tinha 70 filhos. O rei de
Israel mandou uma carta aos chefes da cidade pra cortar as cabeças dos 70
filhos do rei. E eles colocaram as cabeças em sacos. Jeú disse: “Façam com as cabeças dois montes e coloquem
na entrada, junto à porta da cidade e deixem lá até amanhã de manhã. Jeú foi
para s Samaria. No caminho encontrou parentes do rei. Jeú ordenou: “Prendam
todos esses homens. Eles foram presos vivos e depois foram degolados no poço da
cidade”.(2R.10, 1-9). 5- Último episódio da saga de Eliseu: ”Eliseu morreu e foi enterrado. Todos os
anos, bandidos moabitas faziam incursões no país. Certa vez, alguns homens que
estavam enterrando um morto avistaram um desses bandidos. Eles o mataram, Jogaram o corpo
dentro do túmulo de Eliseu e foram
embora. Aconteceu que o corpo,
tocando os ossos de Eliseu, reviveu e se colocou de pé”(2R.13, 20-22). Sem
mais noticias sobre Eliseu assim encerra esta série “de trancoso”. O restante
do livro, após este aperitivo, resume a vida dos reis, terminando sempre: “O resto da história vem escrito nos anais
dos reis de Judá”.
Quer divertir-se “biblicamente” lendo
com espirito de humor desimpedido de preconceitos, arrume um tempinho livre e
vá degustando algum aperitivo de azeitonas com salame e queijo ou amendoim com
batatas fritas e iscas de frango empanado, sozinho ou acompanhado, lendo estes
primeiros capitulos do II livro dos Reis e compare com histórias “de trancoso”
que os avós contavam para os netos como introdução a umas historinhas leves do
resumo das guerras dos reis de Israel e de Judá. Você decidirá.
Conclusão.
Compare com o conto moderno do “Pequeno príncipe”, de Saint Exupery, uma
“história de trancoso”, que no evangelho poderia se chamar de “parábola”, cujo
enredo consta do autor que se perdeu no deserto e foi guiado por uma estrela
que se transformou no “pequeno príncipe” que o encaminhou para as águas do
deserto. Contos “de trancoso” são contos de uma tradição oral que são
transmitidos de geração em geração, pertencentes a uma cultura oral para diversão. O nome vem
do popular contista Gonçalves Fernandes Trancoso que escreveu o livro “Contos e
histórias de proveito e exemplo” em 1.577 e teve mais de 10 edições até os
nossos dias.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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