Trata-se do rico e do pobre,
consequências e causas das consequências. Estamos pensando na parábola do rico
avaro e do pobre que na parábola tomou o nome de lázaro. Durante a existência
terrena estes dois personagens não viviam juntos e por isso não foram juntos
depois desta vida. Entre eles havia um grande abismo de vida, um de banquetes
“todos os dias”, o outro “com chagas” e com fome todos os dias. De tal maneira
conviveram com esse abismo que só se deram conta mais tarde, mas já era tarde
demais. No centro da parábola, e como consequência da divisão, vem a resposta
para o sofrimento do rico que pedia ao “pai Abraão” para que mandasse o Lázaro “molhar ao menos a ponta do dedo
para refrescar a sua língua” (Lc. 16,24). Resposta do pai Abraão: Não é
possível, “porque há um grande abismo
entre nós, porque ninguém pode passar daqui para aí, e nem os daí podem passar
até nós” (Lc.16,24). Quem fabricou esse abismo?
No concilio vaticano II a Igreja fez ou
sinalizou o caminho para a opção preferencial pelos pobres (G.et Spes,n.26).
Essa orientação foi especialmente acolhida nos países da América do Sul, onde
as consequências do colonialismo tinham feito muitas marcas, e, depois disso, a
maior parte dos países estavam em voltas com as ditaduras, impostas pelos
presidentes dos USA, que no auge da guerra fria estavam espalhando uma
dominação econômica, ideológica, religiosa fundamentalista e politica como um
bloco contra as pretensões do Leste europeu. As pessoas eram tratadas e
manobradas como instrumentos a serviço dessa ideologia e não como pessoas. Não
podiam pensar por elas mas tinham que pensar pelo pensamento dos Estados Unidos
da América. Lyndon Johnson e Ronald Reigan surgiu como o maior furacão do poder
e da imposição dos interesses americanos, não olhando a meios nem modos. (https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2024/04/07/espero-que-nos-deem-credito-como-eua-apoiaram-os-militares-no-golpe-de-64.htm).
A pobreza e os pobres não podiam reclamar nem cobrar seus direitos porque a
ideologia e a religião americana proibiam. E apareceu a religião
fundamentalista que só era religioso quem defendesse os Estados Unidos. Caso
contrário, os Estados Unidos mobilizavam os exércitos e as polícias locais para
prender, torturar e matar. Um detalhe importante é que os Estados Unidos
encontraram um forte aliado para impor esta sua ideologia. A Igreja. E de
quebra foi nessa época que aumentaram as igrejas protestantes nestes países das
Américas. Foi como mel nos favos. Os Estados Unidos invadiram nossos países com
seus pastores, suas bíblias, seus grossos salários a igrejas e a pastores. O
carro chefe era a Igreja católica, e de quebra espalharam seitas e igrejas por
todo canto. É historicamente certo e comprovado que os mesmos Estados Unidos encheram
os deputados e o senado de Brasília de dinheiro para iniciar a ditadura militar
no Brasil em 1964. Igualzinho como já tinham feito no México, no Chile e na
Colômbia. Estava instaurada a religião fundamentalista, e o império
neo-colonialista dos USA não só no Brasil mas nos países vizinhos. O suporte
religioso era a teologia capitalista que defendia que só era religioso quem
defendesse os Estados Unidos. E não só. Quem fosse defender as classes da
pobreza estaria contra os interesses dos USA. Nessa altura e nessa situação
dramática em que foram mergulhadas as nações da América do Sul foi a época que
encerrou o concílio vaticano II. E como seria para enfrentar esta situação em
toda América do Sul? Com o desenvolvimento do concílio formou-se a teologia que
visava se colocar ao lado das classes marginalizadas e esquecidas, já que ninguém
as atendia nos seus direitos básicos de salários, trabalho, saúde moradia. Além
do medo natural do pobre ainda vinham todas as ameaças, se arriscassem falar
alguma coisa. Em contrapartida à teologia capitalista, esta foi chamada teologia
de libertação, inspirada na Bíblia quando marca o perfil do futuro Messias e
que Jesus assumiu para a sua vida: “O
Espírito do Senhor está sobre mim e me ungiu para levar a boa nova aos pobres,
anunciar a libertação aos cativos, a vista aos cegos e publicar o ano da graça
do Senhor”(Lc.4,18). Ficou bem claro que enquanto a teologia capitalista
escolhia o capital, esta teologia escolhia não ser rica. A teologia capitalista
dando sempre o braço aos donos do capital, a teologia da libertação dando o
braço a quem sofria os abusos do capital. A capitalista dando o braço ao político
que flerta com o capital, a da libertação se afastando deste tipo de flerte. A teologia
capitalista visando sempre os interesses e a obediência aos Estados Unidos, a
da libertação não visando esses interesses, nem essa subserviência e nem essa
obediência. Não admira então que os detentores daquela política e daquela
teologia capitalista ficassem de olho na teologia da libertação e nas igrejas. Até
porque nas ditaduras foram proibidos e controlados os Sindicatos, associações e
até as reuniões de oração eram vigiadas.
Conclusão.
A teologia capitalista seguiu aliás a tradição histórica como regra geral.
Desde a entrega do poder político que os primeiros imperadores cristãos no
séc.IV fizeram à Igreja, ao mesmo tempo lhe entregavam a teologia capitalista.
Embora eles sejam chamados de “imperadores cristãos”, de cristãos não tinham
nada, só mudaram o nome de “pagãos” para convertidos de fachada. E esta fachada
eram seus interesses políticos e pessoais para se aproveitarem da Igreja. Isto
levou a Igreja a entrar no seu trem de domínio, de ditadura, de poder absoluto
e de riqueza e ostentação. Desse jeito, por regra geral a teologia da Igreja
caminhava com a política capitalista que geralmente oprime o povo. E a teologia
da libertação tinha o lema de caminhar com o povo. “Não sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as
tiranizam?” Entre vocês não deverá ser assim”(Mt.20,17).
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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