Podemos
estabelecer a origem do culto ao imperador como um deus nos inícios do
pensamento dos filósofos da antiga Grécia, com Platão, Xenofonte e Aristóteles.
Eles afirmavam que os reis podiam reivindicar honras divinas, e que o exercício
da realeza na terra correspondia à realeza de Deus no céu. Entre eles havia
alguns mais sensatos para os quais “um rei podia receber honras divinas, mas a
cidade pertencia aos cidadãos.” Enquanto que para outros o povo era propriedade
do rei.” (H.Koester, Comentário do Novo Testamento vol.I,p.36). Quando o rei
conquistava pela lança outros territórios, os territórios conquistados
pertenciam como direito de propriedade ao rei. Os novos países eram ‘terras
conquistadas pela lança’, sobre os quais o rei possuía direitos soberanos
ilimitados. Os habitantes desses países eram simplesmente escravos. O mundo
grego ou helenista assumiu esta filosofia, fato que passou posteriormente para
as diversas partes do mundo onde, por exemplo os imperadores romanos seriam
reverenciados como seres divinos, como César Augusto, Vespasiano, Nero e
Domiciano. Para aprofundarmos mais a evolução desta ideologia temos que prestar
atenção ao seguimento da História. A potência maior da época antiga antes do
Egito, Mesopotâmia e Persa e Roma era a Grécia. Ela tinha colônias inclusive no
Egito, na Mesopotâmia e na Pérsia. Conseguiu essa epopeia devido não só ao seu
poder econômico e militar, mas sobretudo ao poder da sua sabedoria e sua
capacidade organizativa. Os séculos XI e X a.C. renderam-lhe tributos e riquezas
de outros Estados e colônias e foram a época de ouro da Grécia. Porém, com o
tempo, esses Estados começaram também a se fortalecer e deixaram de enviar seus
produtos e matérias primas para a Grécia, transformando-os por sua própria indústria
e livre iniciativa. O resultado foi o começo do empobrecimento da Grécia que já
não recebia as matérias primas de suas colônias, lá nos séculos VI e V a.C. Uma
nação concorrente se fortaleceu: foi a Pérsia que desde tempos vinha
concorrendo com a Grécia e que se tornou império concorrente. Foi nesta época
que os filósofos foram os primeiros a apresentar a ideia de que somente um
individuo com dons divinos seria capaz de restabelecer a paz, a ordem e a
prosperidade da nação. A esse indivíduo davam o nome de messias. No caso da antiga
Grécia, só um rei na qualidade de um filho de Deus, ou messias, podia levar a
nação à antiga glória. Aí apareceu Alexandre Magno, o grego, que se prestou
para conquistar de novo o mundo. Alexandre quando chegou ao Egito e o
conquistou, o sacerdote egípcio o saudou diante do templo de Amon como “filho
de Deus”. (o.c.§1.5b,p.37). De volta à Grécia, Alexandre Magno enviou uma carta
a todas as cidades gregas para exigir ser adorado como deus. Então construiu os
seus templos onde mandou colocar estátuas de seu pai Filipe II, assim como dele mesmo e de sua esposa Olímpia
e de seu filho. Os atenienses reverenciavam e tiveram estes “deuses” como
deuses salvadores (o.c.§1,p.38). Por sua vez a rainha Berenice II, era chamada
de “Isis”, “Mãe dos deuses”. Daí em
diante Alexandre Magno conquistou a Ásia Menor, a Palestina, a Judeia, a Síria,
o Líbano, o Egito, a Líbia, a Fenícia e Mesopotâmia, e a Babilônia. A principal
cidade com o nome dele foi Alexandria. Nós veneramos
os Santos como exemplos e de humanidade de virtudes cristãs. Já nem é tanta
novidade assim, porque na Grécia antiga pessoas excelentes tinham honras de
heróis depois da morte, como estamos vendo, sendo celebradas pelos poetas como
seres quase divinos (o.c.p.36). Porém a aclamação e entronização como deuses
eram reservadas aos reis e filhos de reis. Alguns destes reis-deuses respeitavam o povo e seus súditos como
“cidadãos”, porém, em relação aos outros povos conquistados eram deuses e senhores
absolutos enquanto as populações eram
escravas. Eles governavam em linha vertical, i.é, como deuses e senhores da
vontade da nação. Isto, além de ser regime da teocracia, ou poder de deuses,
era poder de ditadura, onde a nação não tinha vez nem voz, onde o povo não tinha
vez nem voz também. O rei era a lei. Era governo de linha vertical onde tudo
descia de cima, dos deuses e das deusas que estão “lá em cima”. Porém, nos séculos 18 e 19 o
mundo evoluiu para que os governos não governassem em linha vertical mas em
linha horizontal, escutando a voz e as petições das nações. Era já o governo da
democracia. Foi isto que falou uma vez o presidente do Brasil Luis Inácio da
Silva Lula, na 5ª Conferência nacional dos Direitos da Pessoa Deficiente: ”Nós
não queremos governar em linha vertical, com uma voz que vem só de cima, mas em
linha horizontal, ouvindo a voz e as necessidades do povo com deficiência
física”.(Canal Gov. 21/07/24).
Conclusão. Para terminar, notemos também uma
espécie de paralelo entre a história da Grécia antiga e a história de Israel:
Israel perdeu o seu período de ouro com os reis Davi e Salomão nos séculos V-IV, e ficou
suspirando sempre para que Deus mandasse outro período de ouro igual. Como na
Grécia também eles queriam esse enviado “do alto” para a volta das antigas glórias de Davi. Era essa a
missão e o significado de messias assim
como Alexandre Magno tinha sido o messias da Grécia.
P.Casimiro
João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário