segunda-feira, 29 de setembro de 2025

TEOLOGIA DA HISTÓRIA, ORIGEM DO CULTO AO IMPERADOR.


 

Podemos estabelecer a origem do culto ao imperador como um deus nos inícios do pensamento dos filósofos da antiga Grécia, com Platão, Xenofonte e Aristóteles. Eles afirmavam que os reis podiam reivindicar honras divinas, e que o exercício da realeza na terra correspondia à realeza de Deus no céu. Entre eles havia alguns mais sensatos para os quais “um rei podia receber honras divinas, mas a cidade pertencia aos cidadãos.” Enquanto que para outros o povo era propriedade do rei.” (H.Koester, Comentário do Novo Testamento vol.I,p.36). Quando o rei conquistava pela lança outros territórios, os territórios conquistados pertenciam como direito de propriedade ao rei. Os novos países eram ‘terras conquistadas pela lança’, sobre os quais o rei possuía direitos soberanos ilimitados. Os habitantes desses países eram simplesmente escravos. O mundo grego ou helenista assumiu esta filosofia, fato que passou posteriormente para as diversas partes do mundo onde, por exemplo os imperadores romanos seriam reverenciados como seres divinos, como César Augusto, Vespasiano, Nero e Domiciano. Para aprofundarmos mais a evolução desta ideologia temos que prestar atenção ao seguimento da História. A potência maior da época antiga antes do Egito, Mesopotâmia e Persa e Roma era a Grécia. Ela tinha colônias inclusive no Egito, na Mesopotâmia e na Pérsia. Conseguiu essa epopeia devido não só ao seu poder econômico e militar, mas sobretudo ao poder da sua sabedoria e sua capacidade organizativa. Os séculos XI e X a.C. renderam-lhe tributos e riquezas de outros Estados e colônias e foram a época de ouro da Grécia. Porém, com o tempo, esses Estados começaram também a se fortalecer e deixaram de enviar seus produtos e matérias primas para a Grécia, transformando-os por sua própria indústria e livre iniciativa. O resultado foi o começo do empobrecimento da Grécia que já não recebia as matérias primas de suas colônias, lá nos séculos VI e V a.C. Uma nação concorrente se fortaleceu: foi a Pérsia que desde tempos vinha concorrendo com a Grécia e que se tornou império concorrente. Foi nesta época que os filósofos foram os primeiros a apresentar a ideia de que somente um individuo com dons divinos seria capaz de restabelecer a paz, a ordem e a prosperidade da nação. A esse indivíduo davam o nome de messias. No caso da antiga Grécia, só um rei na qualidade de um filho de Deus, ou messias, podia levar a nação à antiga glória. Aí apareceu Alexandre Magno, o grego, que se prestou para conquistar de novo o mundo. Alexandre quando chegou ao Egito e o conquistou, o sacerdote egípcio o saudou diante do templo de Amon como “filho de Deus”. (o.c.§1.5b,p.37). De volta à Grécia, Alexandre Magno enviou uma carta a todas as cidades gregas para exigir ser adorado como deus. Então construiu os seus templos onde mandou colocar estátuas de seu pai Filipe II,  assim como dele mesmo e de sua esposa Olímpia e de seu filho. Os atenienses reverenciavam e tiveram estes “deuses” como deuses salvadores (o.c.§1,p.38). Por sua vez a rainha Berenice II, era chamada de “Isis”, “Mãe dos deuses”. Daí em diante Alexandre Magno conquistou a Ásia Menor, a Palestina, a Judeia, a Síria, o Líbano, o Egito, a Líbia, a Fenícia e Mesopotâmia, e a Babilônia. A principal cidade com o nome dele foi Alexandria. Nós veneramos os Santos como exemplos e de humanidade de virtudes cristãs. Já nem é tanta novidade assim, porque na Grécia antiga pessoas excelentes tinham honras de heróis depois da morte, como estamos vendo, sendo celebradas pelos poetas como seres quase divinos (o.c.p.36). Porém a aclamação e entronização como deuses eram reservadas aos reis e filhos de reis. Alguns destes  reis-deuses respeitavam o povo e seus súditos como “cidadãos”, porém, em relação aos outros povos conquistados eram deuses e senhores absolutos  enquanto as populações eram escravas. Eles governavam em linha vertical, i.é, como deuses e senhores da vontade da nação. Isto, além de ser regime da teocracia, ou poder de deuses, era poder de ditadura, onde a nação não tinha vez nem voz, onde o povo não tinha vez nem voz também. O rei era a lei. Era governo de linha vertical onde tudo descia de cima, dos deuses e das deusas que estão “lá em cima”. Porém, nos séculos 18 e 19 o mundo evoluiu para que os governos não governassem em linha vertical mas em linha horizontal, escutando a voz e as petições das nações. Era já o governo da democracia. Foi isto que falou uma vez o presidente do Brasil Luis Inácio da Silva Lula, na 5ª Conferência nacional dos Direitos da Pessoa Deficiente: ”Nós não queremos governar em linha vertical, com uma voz que vem só de cima, mas em linha horizontal, ouvindo a voz e as necessidades do povo com deficiência física”.(Canal Gov. 21/07/24).

Conclusão. Para terminar, notemos também uma espécie de paralelo entre a história da Grécia antiga e a história de Israel: Israel perdeu o seu período de ouro com os reis  Davi e Salomão nos séculos V-IV, e ficou suspirando sempre para que Deus mandasse outro período de ouro igual. Como na Grécia também eles queriam esse enviado “do alto” para a  volta das antigas glórias de Davi. Era essa a missão e o significado de  messias assim como Alexandre Magno tinha sido o messias da Grécia.

P.Casimiro João     smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 


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