Pergunta
séria. O que significa precisar ? Por
ventura de um Deus “tapa-buracos”? Substitutivo no caso de insucessos ou
infelicidades? De um Deus tirânico para cumprir só por cumprir em “honrá-lo”
esquecendo que o principal que Deus quer é a “dignidade humana”?
De
um Deus que num acidente qualquer, até por comprovada culpa humana, a gente diz
“é a vontade de Deus”? Não será isso com
frequência blasfêmia contra Deus atribuir à vontade de Deus coisas que são
frutos dos pecados humanos?
Gente
de muitas religiões abusaram muitas vezes do nome de Deus, pondo a perder a
honra e a dignidade e a felicidade humana, escravizando o homem, impondo ao
homem e principalmente à mulher cargas que nada tem a ver com a vontade de
Deus.
Sendo assim, temos que compreender que quando uma pessoa sincera diz que
não crê em Deus está se referindo a esse “Deus” desumano e escravizador, ou
“tapa-buracos” como é entendido por muita gente.
Desta
afirmação que não adéqua com o conceito de Deus como sendo também vingador é
que vem a ideia que ele exigiu o sacrifício de Jesus na cruz.
Por
outro lado, nos conceitos das teologias do Antigo Testamento encontramos tanto
a raiva e a vingança de Deus, como a afirmação de que ele não é
deus de raiva, e de vingança, mas só de perdão e de companheirismo.
E Jesus veio confirmar isto com a sua vida e ação, como no caso do filho
pródigo. (Lc. 15,11)
E
nas primeiras teologias de São Paulo ele refletiu dois princípios: o primeiro, a
abolição da Lei, isto é, a salvação não vinha da Lei; e o segundo, a salvação
vem só pela fé.
A
salvação não vinha da Lei significa que
após a vinda de Jesus, acabou o valor da Lei, ou Torá. A salvação vinha
pela fé quer dizer que com a vinda de Jesus já não é mais a Lei ou Torá que
salva mas só a ação e a graça de Jesus, numa palavra, a aceitação de Jesus como
salvador. Vem daí o jargão: “Só Jesus salva”.
Mas
como para São Paulo a ação mais importante de Jesus foi a entrega na cruz,
resumiu e colocou toda a força na cruz de Jesus como salvação para todos,
esquecendo, digamos assim, toda a vida
de Jesus com a mesma força salvadora.
Paulo era um continuador da religião dos seus pais; mesmo como apóstolo dos pagãos continuava sendo Paulo, o israelita, como diz James Dunn.
Paulo era um continuador da religião dos seus pais; mesmo como apóstolo dos pagãos continuava sendo Paulo, o israelita, como diz James Dunn.
É
um paralelo com as “tentações” de Jesus: os evangelhos resumem tudo nesse
quadro, enquanto que essas tentações estavam em toda a vida de Jesus como estão
nas nossas vidas: “ou ir atrás da fama, da ganância e do prestígio, ou não desistir da entrega da vida pelos irmãos”.
E nesta entrega da vida de todos os dias é que Jesus foi colocando sua cabeça a
prêmio.
Por isso a afirmação do início: A cruz de Jesus foi preparada por homens e não por Deus.
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