segunda-feira, 23 de setembro de 2024

ACADEMIA E DEMONOLOGIA, SAIBA O QUE É

 

Academia deriva do herói grego Academo, a quem Platão dedicou sua Escola, em 351 a.C. A demonologia foi a primeira ciência da Academia. Xenócrates foi o sucessor de Platão e desenvolveu mais a demonologia. O fundamento da demonologia de Platão era que havia uma alma do mundo boa, e uma alma do mundo má. Estas duas almas do mundo eram seres intermediários, ou “daimones”, que eram capazes de comunicar-se com os seres humanos em nome dos deuses. Depois de Platão, Xenócrates, chamou as duas almas do mundo de dois deuses ou dois Anjos responsáveis pelas ações boas ou más dos homens. Dois deuses intermediários entre Deus e os homens. Em terceiro lugar veio Posidônio, chamado estoico que fez a seguinte cosmologia: Há um mundo celestial acima da Lua, imperecível e imutável, e um mundo sublunar, transitório e sujeito a mudança. E daí fez também a sua antropologia: O espírito humano tem origem no Sol; a alma tem origem no mundo sublunar, a Lua; e o corpo que pertence à Terra é seguro pela alma. Na morte o espírito volta para o Sol donde ele veio; a alma volta para a região lunar donde ela veio e larga o corpo que volta para a Terra. (Cf. H.Koester, Introdução ao N.T. §4 p.149). A filosofia estoica se aproveitou deste neoplatonismo e para o seguinte: A alma e o espirito têm sua origem no mundo de Deus. Enquanto permanece no corpo a alma está presa nos laços do corpo terreno dos quais deve livrar-se. O mundo visível é a causa do mal e do vício: o corpo é a veste má da alma. A cosmologia do neoplatonismo se resume portanto no seguinte trio: Sol, Lua e Terra. Abaixo do mundo divino existe a matéria; a matéria é o último reduto das trevas e o corpo pertence às trevas porque é matéria. Os pensadores cristãos se apaixonaram de tal maneira por esta filosofia que “nem sempre é fácil saber se tal Padre da Igreja é um pensador cristão ou um neoplatônico que trabalhava com imagens e símbolos cristãos”, como diz Eduardo Hoonaert. E diz ainda mais sobre santo Agostinho: “Agostinho depois de tentar diversas filosofias de vida entrou nesta filosofia neoplatônica. Em Milão, com um grupo de amigos não batizados como ele, que também não era batizado, alugou uma casa para estudar esta filosofia. Nesse ambiente o estudo os levou ao seguinte: “A sabedoria neoplatônica adéqua muito bem com a sabedoria bíblica.”. E afirma: “Se eu persistisse no sentimento salutar que dos livros platônicos tenho haurido, julgaria que, se alguém aprendesse só com esses livros, poderia alcançar o mesmo afeto espiritual como nos livros bíblicos. Notei que tudo de verdadeiro que li nos livros neoplatônicos se encontra nos livros bíblicos”. (Confissões, 7,26). Com os amigos não batizados, ele se batizou também em Milão, e viveu como bispo junto com eles quando retornou à sua cidade Hipona. E Eduardo Hoonaert pergunta: “Agostinho não será um idealista neoplatônico que trabalhava com imagens e símbolos cristãos? Pois ele teria enquadrado a tradição de Jesus na literatura grega”.( https://ihu.unisinos.br/643695-a-complexidadade-do...). “Os Gnósticos e os escritores cristãos, como a Epístola aos Hebreus, copiaram o neoplatonismo do período romano”. (H.Koester, o.c.p. 150).

Quando nascia a filosofia com Platão e Sócrates, e Xenócrates nascia também a cosmologia e a antropologia como duas irmãs gêmeas. A cosmologia se resolvia entre os seres superiores, o Sol, a Lua e a Terra. E de quebra, a antropologia tratava dos seres acima do Sol, o espírito; e dos seres acima da Lua, a alma; e dos seres na Terra, os corpos mortais. Sol, Lua e Terra; Espírito, Alma e corpo constituíam a cosmologia e antropologia da época.  Por sua vez a filosofia neoplatônica tratava também dos seres intermediários entre os deuses e os homens, que intervinham na vida dos humanos.

Conclusão. Foi esta cosmologia e esta antropologia que entraram na Bíblia e perpassam verticalmente todas as páginas da Bíblia. Não só, mas da Bíblia foi internalizada em toda a cultura ocidental e ainda está nas nossas cabeças. Na página anterior eu dizia que nossas cabeças são três quartos de judeu e um quarto de cristão. Quando digo judeu, digo também de grego, persa, zoroatrista e neoplatônico. Como diz E.Honnaert: “Para muitos cristãos, o modo em que o cristianismo é vivido hoje parece decorrer unicamente do evangelho de Jesus. Eles não costumam perceber, no cristianismo, influências vindas de fora. Nunca ouviram falar que o zoroastrismo ou o neoplatonismo possam ter algo a ver com o modo em que eles praticam a religião cristã". (Eduardo Hoornaert, historiador, professor e membro fundador da Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina (CEHILA). Como não serviriam para alguns místicos máximas como estas de Posidônio: “O Sol é puro fogo, fonte do espírito humano, o qual da Lua recebe a alma, e da terra o corpo”. E ainda: “O Sol, o puro fogo, é origem de toda a razão e de todos os espíritos, e em última instância, de todos os poderes”.

P.Casimiro João    smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

 

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