Academia deriva
do herói grego Academo, a quem Platão dedicou sua Escola, em 351 a.C. A
demonologia foi a primeira ciência da Academia. Xenócrates foi o sucessor de
Platão e desenvolveu mais a demonologia. O fundamento da demonologia de Platão
era que havia uma alma do mundo boa, e uma alma do mundo má. Estas duas almas
do mundo eram seres intermediários, ou “daimones”, que eram capazes de comunicar-se
com os seres humanos em nome dos deuses. Depois de Platão, Xenócrates, chamou
as duas almas do mundo de dois deuses ou dois Anjos responsáveis pelas ações
boas ou más dos homens. Dois deuses intermediários entre Deus e os homens. Em
terceiro lugar veio Posidônio, chamado estoico que fez a seguinte cosmologia:
Há um mundo celestial acima da Lua, imperecível e imutável, e um mundo
sublunar, transitório e sujeito a mudança. E daí fez também a sua antropologia:
O espírito humano tem origem no Sol; a alma tem origem no mundo sublunar, a
Lua; e o corpo que pertence à Terra é seguro pela alma. Na morte o espírito
volta para o Sol donde ele veio; a alma volta para a região lunar donde ela
veio e larga o corpo que volta para a Terra. (Cf. H.Koester, Introdução ao N.T.
§4 p.149). A filosofia estoica se aproveitou deste neoplatonismo e para o seguinte:
A alma e o espirito têm sua origem no mundo de Deus. Enquanto permanece no
corpo a alma está presa nos laços do corpo terreno dos quais deve livrar-se. O
mundo visível é a causa do mal e do vício: o corpo é a veste má da alma. A cosmologia
do neoplatonismo se resume portanto no seguinte trio: Sol, Lua e Terra. Abaixo
do mundo divino existe a matéria; a matéria é o último reduto das trevas e o
corpo pertence às trevas porque é matéria. Os pensadores cristãos se
apaixonaram de tal maneira por esta filosofia que “nem sempre é fácil saber se
tal Padre da Igreja é um pensador cristão ou um neoplatônico que trabalhava com
imagens e símbolos cristãos”, como diz Eduardo Hoonaert. E diz ainda mais sobre
santo Agostinho: “Agostinho depois de
tentar diversas filosofias de vida entrou nesta filosofia neoplatônica. Em
Milão, com um grupo de amigos não batizados como ele, que também não era
batizado, alugou uma casa para estudar esta filosofia. Nesse ambiente o estudo
os levou ao seguinte: “A sabedoria neoplatônica adéqua muito bem com a
sabedoria bíblica.”. E afirma: “Se eu
persistisse no sentimento salutar que dos livros platônicos tenho haurido, julgaria
que, se alguém aprendesse só com esses livros, poderia alcançar o mesmo afeto
espiritual como nos livros bíblicos. Notei que tudo de verdadeiro que li nos
livros neoplatônicos se encontra nos livros bíblicos”. (Confissões, 7,26). Com
os amigos não batizados, ele se batizou também em Milão, e viveu como bispo
junto com eles quando retornou à sua cidade Hipona. E Eduardo Hoonaert
pergunta: “Agostinho não será um
idealista neoplatônico que trabalhava com imagens e símbolos cristãos? Pois ele
teria enquadrado a tradição de Jesus na literatura grega”.( https://ihu.unisinos.br/643695-a-complexidadade-do...). “Os Gnósticos e os escritores cristãos, como a Epístola
aos Hebreus, copiaram o neoplatonismo do período romano”. (H.Koester, o.c.p.
150).
Quando
nascia a filosofia com Platão e Sócrates, e Xenócrates nascia também a
cosmologia e a antropologia como duas irmãs gêmeas. A cosmologia se resolvia
entre os seres superiores, o Sol, a Lua e a Terra. E de quebra, a antropologia
tratava dos seres acima do Sol, o espírito; e dos seres acima da Lua, a alma; e
dos seres na Terra, os corpos mortais. Sol, Lua e Terra; Espírito, Alma e corpo
constituíam a cosmologia e antropologia da época. Por sua vez a filosofia neoplatônica tratava
também dos seres intermediários entre os deuses e os homens, que intervinham na
vida dos humanos.
Conclusão. Foi esta cosmologia e esta antropologia que
entraram na Bíblia e perpassam verticalmente todas as páginas da Bíblia. Não
só, mas da Bíblia foi internalizada em toda a cultura ocidental e ainda está
nas nossas cabeças. Na página anterior eu dizia que nossas cabeças são três
quartos de judeu e um quarto de cristão. Quando digo judeu, digo também de
grego, persa, zoroatrista e neoplatônico. Como diz E.Honnaert: “Para muitos cristãos, o modo em que o
cristianismo é vivido hoje parece decorrer unicamente do evangelho de Jesus. Eles não
costumam perceber, no cristianismo, influências vindas de fora. Nunca ouviram
falar que o zoroastrismo ou o neoplatonismo possam ter algo a ver com o modo em
que eles praticam a religião cristã". (Eduardo Hoornaert, historiador, professor
e membro fundador da Comissão de Estudos da História da Igreja na América
Latina (CEHILA).
Como não serviriam para alguns místicos máximas como estas de Posidônio: “O Sol
é puro fogo, fonte do espírito humano, o qual da Lua recebe a alma, e da terra
o corpo”. E ainda: “O Sol, o puro fogo, é origem de toda a razão e de todos os
espíritos, e em última instância, de todos os poderes”.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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