Antes de Santo Agostinho não havia a
teoria do pecado original, e as crianças que morriam sem o batismo iam para o
céu. Santo Agostinho botou elas para fora do céu. E agora? Agora a Igreja bota
de novo as crianças que morrem sem batismo no céu. Uai? Podia dizer o mineiro:
então para que serve o batismo? Em primeiro lugar, o batismo não é para a outra
vida, é para esta. É para aceitar Jesus e seguir as ordenanças da Igreja onde
se é batizado. Se na Igreja católica, é para seguir as ordenanças da Igreja
católica; se é nas Igrejas evangélicas, é para seguir as ordenanças das Igrejas
evangélicas. Em segundo lugar, para fazer o bem seguindo a Igreja que estava
começando, e seus compromissos. Ora, fazer o bem não se faz na outra vida, é
nesta. A Igreja é só para esta vida. Por isso o chinês e o japonês e o asiático
e outros que seguem sua consciência de fazer o bem e não prejudicam ninguém
também o céu é deles. “Virão muitos do Ocidente e do Oriente se assentar na
mesa com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos céus”(Mt.8,4); “Ide às encruzilhadas
dos caminhos e chamai para a festa todos quantos encontrardes” (Mt.21,1-4).
Nessa base também isso falou o Concilio Vaticano II: “A divina providência não nega os auxílios necessários à
salvação daqueles que sem culpa não chegam ao conhecimento explícito de Deus e
se esforçam por levar uma vida reta. Tudo o que de bom e verdadeiro neles há é
considerado pela Igreja como preparação para receberem o Evangelho, para que
possuam a vida eterna.” Lumen Gentium, n.16). Dá para voltarmos ao início do
nosso tema para vermos o histórico da nossa questão que é muito importante.
Santo Agostinho viveu no século IV da nossa era, e converteu-se e foi batizado
aos 40 anos de idade. Antes ele seguia uma filosofia dos maniqueus chamada
maniqueísmo. Essa filosofia dizia que tudo era matéria, não tinha espírito. O
impulso sexual produzia a miséria das pessoas porque era coisa da matéria. Por
isso o destino da pessoa dependia da fuga do mundo e da matéria. Passado tempo
o mesmo Agostinho deixou essa filosofia e entrou noutra chamada plotinismo
inventada por Plotino. Nessa filosofia aprendeu
que DEUS É ESPÍRITO. E aí filosofou: Se Deus é espírito, então o ser humano
dever ter uma parte que é espírito, e outra que é matéria, corpo. E mais: Se
Deus é espírito então o mal não pode estar no espírito mas na matéria e no
corpo. E como a geração é transmitida pela matéria então Adão tinha feito o
primeiro pecado da geração pela primeira relação sexual. E chamou a esse pecado
o “pecado da origem” que depois se chamou pecado original. Esse pecado entrava
pelo sémen e espermatozoides que são matéria, e a matéria sendo má passava para
o corpo da criança. E isso mesmo reconhecendo que o afeto “libidinoso” que
acompanha a procriação seja inevitável. Na mesma época de Santo Agostinho, viveu
Pelágio que via no pecado
uma espécie de exemplo a não ser seguido; Para Pelágio, o homem nasceria bom e inocente.
Porém a Igreja seguiu a teoria de
Agostinho durante toda a Idade Média. Claro que a teologia de Agostinho seguia
aquela antiga cosmologia e antropologia da criação do mundo nos seis dias do
Gênesis, e do mito de Adão e Eva. Por isso eles interpretavam à letra aquela
história de Adão e Eva. Porém hoje sabemos que aquilo é um exemplo contado como
mito de antigamente. Em segundo lugar, as explicações de Santo Agostinho também
viraram uma lenda inaceitável, e um erro antropológico inaceitável pois nenhuma
matéria é má e nem a relação sexual, como ela aprendeu dos maniqueus. Semelhante
à teologia de Agostinho tem uma teoria bizarra do pastor William M.Branham, dos
Estados Unidos da América que dizia ter tido uma “revelação” de que o “pecado
original” veio de uma relação de Eva com a serpente, veja só.
Conclusão. De novo vem a mesma pergunta: Antes de Santo
Agostinho não havia o pecado original: as crianças que morriam sem o batismo
iam para o céu. E agora? Agora a Igreja bota elas de novo para o céu. E ainda
outra questão: Antes de Santo Agostinho não existia o pecado original.
Teologias criam realidades, ou algumas continuam lendas? Aqui cabe a história
do caboco que dizia: “onde não há demônio os protestantes tem que botar pra dar
trabalho aos pastores, e onde não há pecado a Igreja bota pra dar trabalho aos
padres”.
P.Casimiro
João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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