O homem judeu batia no peito e dizia: “dou-te graças ó Deus porque não sou mulher”. Nos mandamentos constatamos o seguinte: “Não cobiçarás a casa, nem a mulher, nem o escravo, nem a escrava, nem o boi, nem o jumento do teu próximo, nem alguma coisa que pertença ao teu próximo” (Êx.20,17). Em que nível está posta a mulher? No mesmo nível das “coisas” que “pertencem“ ao próximo. Vejamos as “coisas” que pertencem ao próximo: a casa, o escravo, a escrava, o boi, o jumento e a mulher. Nesse contexto a mulher é uma “coisa” do próximo, igual o boi, e o jumento. Então o macho judeu podia bater no peito e “dar graças a Deus por não ser mulher”, isto é, uma coisa nem “qualquer coisa que pertença ao macho seu próximo.” No catecismo dos rabinos vinha assim: qualquer demente, doido, criança, escravo, escrava e mulher são excluídos da Sinagoga porque os seus Anjos escondem a cara com vergonha”. No casamento já referimos várias vezes como logo se podia despachar a mulher e trocar por outra, “Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela e se ela não for mais agradável aos seus olhos” (Dt.24,1). Para manter ou aumentar a fortuna da família do macho havia uma moeda de troca. Essa troca tinha uma moeda: era a mulher. Quando o macho homem encontrava outra mais rica em herança de terras e campos logo ia atrás e despachava a que tinha porque tinha feito bom negócio. Os estudiosos dizem que a intenção de Jesus nas declarações do evangelho era lutar contra estas disposições machistas e patriarcais. Infelizmente este machismo passou para a Igreja. E sobre a lei do apedrejamento: Tinham a lei de apedrejamento para os dois adúlteros porém o macho homem nunca era apedrejado, somente a mulher.(Lev.20,10). Também é do conhecimento geral que a mulher era só para uso carnal, isto é, para reproduzir. Produzir mais filhos era aumentar a mão de obra para o trabalho nos campos pois era a única riqueza. Ficava excluída a dimensão afetiva no casamento e todos os sentimentos de afeto no casal. Coisa também proibida pela moral da Igreja com muita severidade durante toda a Idade Média. Fora do sexo animal nada da carinho e mostras de afeto. Por isso diz a história que na confissão era uma tortura da parte dos padres para descobrir se havia estas coisas no casal, consideradas como pecados graves. E a vítima era sempre a mulher, sujeita a uma tal tortura psíquica que a mulher ficava sem saída: se já vinha doente ficava morta. Sim, morta na sua dignidade. E repare bem, quem procurava o padre eram as mulheres, e por isso imagine o que ía aí de tortura. Sem dúvida, lembrando este histórico, é que o Papa Francisco uma vez declarou “o confessionário não pode ser um lugar de tortura” (Catequeses,23 de abril 2013). Vamos deduzir o tanto de machismo que tem aí. O que diriam os machos homens? Sem dúvida assim: A mim não me pegam lá não. Sabemos do “anticlericalismo” que inundou a Europa nesses séculos e que perdura ainda hoje. Para quê que os machos homens “iriam sujeitar-se a esse “tribunal de tortura”? É claro, muitos permitiam que a mulher fosse lá para evitar males maiores, e porque “ela era coisa domesticada.” Domesticada pelos padres e domesticada pelos maridos em casa. Mas à parte isso quantos não iam deixar a mulher se sujeitar a essa tortura? E a consequência lógica chegou: o afastamento e enojamento da Igreja, “essa Igreja assim, não”. Nos dias de hoje trava-se a luta da emancipação da mulher e a luta contra todo tipo de violência, não só de assédio sexual e importunação sexual. É uma transformação da discriminação, a fase moderna do mesmo domínio machista. Ao mesmo tempo estes machos homens mais viciados pelo domínio machista são os que menos aceitam a luta das mulheres, para que elas não possam escapar das suas garras. E também não aceitam a diversidade de gênero pelo mesmo motivo. E se são cristãos, não têm mais nada de “cristão” senão dizer que “isso vem na Bíblia”. Entre os católicos e entre os evangélicos a mesma coisa. Eu disse somos três quartos de judeu e só uma quarta parte de cristão. Os três quartos de judeu vêm no DNA do cristão e na ideologia diabólica do rebaixamento da mulher. E é importante saber que nos três quartos que recebemos dos judeus vem de quebra ou de carona todas as heranças de todas as antigas religiões do entorno partilhadas pelos judeus e pela Biblia as quais eles tammbém passaram para o cristianismo, como o Zoroastrismo, o neoplatonismo e as diversas formas do Gnosticismo. Um exemplo flagrante é o capacete longo dos bispos na liturgia católica,que era o mesmo capacete usado pelos sacerdotes da religião Zoroastra em honra ao deus Mitra, e que por isso mesmo esse capacete hoje ainda é chamado de mitra. Por outro lado, entre católicos e evangélicos há uma diferença: se o católico se apoia menos no Antigo Testamento, o evangélico se apoia muito mais, e por isso eles ficam muito mais no Antigo Testamento e por isso eles ficam muito mais contra a mulher e os seus direitos. É só comparar a porcentagem de evangélicos “radicais” que infetam as bancadas de Brasília, e não deixam este país caminhar para a frente. Cruz credo. Vamos ler aquela diatribe de Paulo onde diz: “Meus irmãos, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem pederastas, nem ladrões, nem beberrões, nem insolentes, nem salteadores terão parte no Reino de Deus” (1 Cor.6,10). Se reparamos bem, aí faz a culpabilização do gênero, e nega a qualidade de ser mulher, e as qualidades legitimamente femininas da mulher. Vejamos: Quando vemos uma mulher com características de “homem”, como músculos, força muscular, jeito de homem, fala etc. achamos tudo normal. Até porque diz a ciência que características dos dois sexos estão presentes em ambos os gêneros. Porém o Paulo taxava de defeitos característicos de mulher nos homens: chamando-os de “efeminados”, e como tal “não entrariam no Reino de Deus”, isto é, nos grupos da nova família de Jesus e de Deus. Na linguagem de hoje corresponderia ao gênero não binário, ou não “cis” ou de gênero fluido ou intersexual ou pessoa pan. Aliás também não seria ele a admitir ou expulsar gente desse Reino de Deus, onde Jesus era inclusivo, e ele pretendendo ser exclusivo, o que não adéqua.
Conclusão. "Para muitos cristãos, o modo em que o cristianismo é vivido hoje parece decorrer unicamente do evangelho de Jesus. Eles não costumam perceber, no cristianismo, influências vindas de fora. Nunca ouviram falar que o zoroastrismo ou o neoplatonismo possam ter algo a ver com o modo em que eles praticam a religião cristã", escreve Eduardo Hoornaert, historiador, ex-professor e membro fundador da Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina (CEHILA). No séc.II do cristianismo o teólogo Marcião tinha a seguinte opinião: o Antigo Testamento não fazer parte da história do Novo Testamento, considerando-o como fruta passada com validade de prazo vencida. Não teria passado tanto a carga da Velha Aliança para não confundir tanto as cabeças do cristão.
P.Casimiro João
smbn
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