domingo, 28 de outubro de 2012

PARÓQUIA DE CHAPADINHA - A VIDA É MAIS QUE ESTA VIDA


          No “credo” rezamos: “creio na comunhão dos santos!” Que quer dizer isto?  Terá isso sentido para nós? Lembramos aqueles que nos transmitiram a fé que anima nossa existência? Precisamos respeitar aqueles que, com sua fé, amor e trabalho, moldaram nossas vidas, nos apontaram os carreiros por onde transita nossa existência e nos orientaram em tantas decisões. Quem morre apenas se adianta, mas fica vivendo nos corações dos que deixa para trás. Não morre. O fim não é o fim. Dentro de cada pessoa há uma galeria enorme de espíritos amigos, fortes e sorridentes que nos continuam a acompanhar. 

Os africanos enterram seus entes queridos bem perto da casa. É que acham que eles continuam a influenciar a família a que pertenceram  e a morte não corta essa relação. No dia de finados, as plantas, velas, flores e luzes sobre os túmulos silenciosos, marcam uma comunhão de vida entre uma geração e outra. Existe algo que transcende o último fechar de olhos. Ficamos por aqui mais sozinhos, mas juntos. Dependemos muito da visão e da mão daqueles que nos ajudaram a crescer e a ir mais adiante. A memória é presença que não morre. E quem tem fé sabe que, em Cristo, estamos para sempre ligados. Cada geração é um elo que nos une a outra. Viveremos para sempre interligados. Como  é  importante o padrão de vida que deixamos atrás de nós! Importante também não perder o bom exemplo dos que foram baluartes de nossa fé.

Quando chego a Portugal, gosto de visitar o túmulo de meus pais. Sua fé influenciou a minha. Foram heróis que admirei e não esqueço. Na sua fé, se apegou a minha. No estímulo de sua vida, encontrei força para o meu caminhar. Vou ao seu túmulo: choro, lembro, agradeço, rezo, suplico para eles a misericórdia divina. Gosto de os lembrar e de lhes falar no Cristo de quem eles tanto me falaram. E agradeço a disposição que tiveram em me criar e fazer crescer. Gosto de lhes lembrar a casa que habitaram e onde eu ainda hoje rezo por eles. Nas paredes de uma sala tenho um grande quadro com o retrato deles onde escrevi: “pai e mãe não deviam morrer!” Para mim, não morreram nem morrerão. E, na laje de mármore do seu túmulo, pedi para meus irmãos me deixarem escrever um pedido aos amigos: ”lembra-te, tu que lês / murmura uma prece / E Deus te pagará / porque Ele nada esquece”.

Temos que ser mais sensíveis ao bem. E temos que nos deixar influenciar pelo senso de santidade dos que nos precederam, dos que vivem à nossa volta e pensar nos que virão depois e buscarão provas do poder do sagrado. A vida é mais que esta vida. Como uma idéia se transforma em canção, como uma semente se transforma em flor, como um fósforo se transforma em chama, como o bicho da sede se transforma em borboleta e emigra...  sei que esta vida que tenho se transformará noutro tipo de vida mais perfeita, menos pesada, mas mais plena. Seria bom que eu e você, amigo leitor, vivêssemos com mais dignidade nossa vocação cristã para nos irmos transformando em criaturas ressuscitadas e vivermos para sempre com Cristo.


PERIGOSA E TRISTE A CEGUEIRA DE NOSSO PEREGRINAR

              Não basta estar perto da fé, ser batizado e ter uma crença em Deus. Continuar na beirada da estrada não é tudo. Bartimeu, o cego do Evangelho de hoje, já se tinha aproximado da estrada, mas continuava cego. Era cego, mas não era surdo. Ouviu o movimento da multidão. Teve que arriscar, gritar com coragem, ultrapassar a dificuldade dos que o achavam importuno, acreditar, abandonar a capa, preferir a vista e depois, mudar de vida e, persistir, seguindo Jesus

Nenhumas de nossas palavras contêm a verdade toda. Nenhumas de nossas certezas são absolutamente infalíveis. Nenhumas de nossas atitudes são irrepreensíveis. Nenhumas de nossas seguranças são definitivas. Nenhuns de nossos êxitos são perpétuos. Somos seres contingentes. Limitados. Muito falíveis. É evidente a  precariedade de nossas vidas. “A vida de um homem não passa de um sopro” (Jó,7,7) Nossas casas podem ser de concreto maciço, mas não passam de tendas provisórias. Nada é definitivo. Nossas cidades, por mais ricas que pareçam, são meros acampamentos. Hoje existem, amanhã desaparecem com o vento da História. 

Vivemos em tendas, carregamos mochilas, caminhamos entre perigos, aguentamos mil sofrimentos, vivemos cada dia assombrados, desconfiando do que nos pode acontecer... Nossas refeições parecem rações de combate. À pressa nos alimentamos e nunca sabemos qual é o último jantar. Somos soldados de uma missão que não sabemos se a vamos completar, lutamos por um ideal que não sabemos se o chegaremos a atingir. Tudo é passageiro. Estamos, nas mãos de Deus, para realizar um projeto que Ele nos propõe e para o qual Ele nos criou. Só Ele sabe a capacidade e os dias da existência de cada um. Ou nos deixamos conduzir por Ele ou estamos sujeitos a perder-nos no labirinto de nossos vis desejos. Vamos celebrar o Dia de Finados. 

O fim desta vida não é o fim da vida. Peregrinamos para a plenitude.Mais que uma vida mortal, temos um morte vital. Cada minuto nos aproxima do momento mais solene da vida que é o último suspiro. E cada vez que a irmã morte entrou no quintal de nossa intimidade e levou um amigo ou um ente querido, tivemos a prova do que acabamos de refletir. Apesar de tudo isso, vivemos juntando coisas e mais coisas e não nos lembramos que o caixão é apertado demais, não tem como levar muita coisa e não tem gavetas. Temos que deixar tudo, porque, na terra do descanso, nada nos vai preocupar a não ser louvar e agradecer a Deus. E esse cântico é que temos que ensaiar, enquanto andamos por aqui! É que, no Reino dos céus, só entrarão os que ensaiaram e aprenderam a não desafinar. Cuidado, para mim e para todos que me lêem!

Vivemos, hoje em dia, numa cultura perigosa. A sociedade moderna faz-nos esquecer valores, abandonar credos, enterrar cânones... para dar o máximo de importância a nós mesmos, à própria pessoa, à vontade individual. Vivemos para nós. Por isso, endeusamo-nos com facilidade, endeusando aquilo de que gostamos: a vaidade, o poder, o ter, o prestígio, a política... Estamos embarcados numa cultura egocêntrica, secular, altamente individualista. Os valores comunitários cederam lugar às prioridades pessoais, a tradição à percepção individual, a verdade às nossas conveniências, a beleza de bem viver às ilusões, aparentemente, agradáveis... Por isso, precisamos revitalizar o sentido comunitário, avivar mesmo nossa memória que reduzimos a uma função efêmera. 

O Evangelho de hoje (Marc.10, 46-52) mostra-nos Bartimeu, cego, começar a ver. Mas quantas coisas teve que fazer! Para nos encontrar com Deus há só um caminho: procurá-lO. Deus não se esconde de ninguém.  É preciso começar a ver de novo e coisas novas. Para isso:     
     - pobreza interior (era “um mendigo cego”).
    - ter desejos de ver Deus (“começou a gritar e a dizer: Jesus...”)
    -ultrapassar os obstáculos (“muitos repreendiam-no”)
  -abertura aos outros para se deixar conduzir (“dizendo-lhe: coragem, levanta-te”)
  - fé e despojamento (“ele, atirando fora a capa...”)
 - compromisso de vida (“e seguiu Jesus pelo caminho”)

                  SABER ENVELHECER

Hoje é duro envelhecer. A cultura atual alimenta a ilusão da juventude, fabrica “liftings”, isto é, pílulas de rejuvenescimento. Às vezes, é até ridículo ouvir uma pessoa idosa, mas arrebitada, repetir: “não aceito que me chamem de velha!” No entanto, a velhice chega inexorável. Sem apelação. Não perdoa! Eu mesmo que escrevo, já notei, não sei porquê, que gosto de fotografar o sol poente. Acho-o mais colorido, mais belo, mas mais saudoso... e repentino em desaparecer.

Velhice é tempo de despojamento. Pouco a pouco se vão as forças físicas, entrega-se as responsabilidades aos mais novos (se os houver!), foge a vida ativa, tudo nos cansa, perde-se a independência, os olhos já não enxergam, a memória esquece, os dentes se vão, e estamos sempre a repetir a mesma coisa. Com o passar dos anos, tudo se torna mais penoso! Pai e mãe já morreram, tantos amigos que já se foram! Velhice é tempo de recordações: umas trazem saudade, outras o amargo da lembrança, umas alegres, outras dolorosas. Lembrar é voltar ao passado e recordar tantos alegres presentes de Deus! Mas, quantas vezes, temos a impressão de estragos de vida com opções feitas!

Que belo é falar e contemplar uma pessoa idosa alegre, boa conselheira, sorridente e feliz, ainda de bem com a vida! Como nos levanta a moral! Na minha família, meus sobrinhos lembram-se, com saudade, de meu velho pai com quem, já totalmente dependente depois de quatro tromboses, gostavam de falar. Ainda hoje lhe levam à sepultura uma flor de agradecimento! Com pessoas assim dá gosto falar! Têm suas dificuldades, mas guardam suas mágoas no silêncio da oração que fazem constantemente. Sem o Espírito Santo, a velhice é dura demais: vem o medo, a solidão torna-se pesada, todos nos parecem abandonar, procuramos compensações, ficamos rabugentos demais... Mas Jesus disse: “bem-aventurados os pobres!” Quem mais pobre que aqueles a quem a vida despoja das forças físicas, da memória, da independência... as mãos ficam encarquilhadas e a pele enrugada?

O envelhecimento, para quem tem fé, é tempo de esperança. As forças abandonam-nos, mas vem a fortaleza da maior confiança em Deus. Quando a morte se parece avizinhar, sentimos quão dolorosa é a estreita e escura viela da morte! Mas só, nesse momento, faremos o mais profundo e sincero ato de fé. Não descobriremos porta de saída, com segurança, a não ser lançarmo-nos nas mãos da nossa irmã morte que nos levará aos braços do Pai. Pensar assim na morte é sentir a alegria do novo e eterno nascimento para a eternidade! Nada termina. Tudo se transforma! E este tempo é espaço de ensaio para a eternidade.

Velhice é tempo de promessa. Vemos chegada a maturidade da vida para a qual fomos criados. Viver os últimos anos com sentido de abandono total em Deus, Providência e Misericórdia, período de aprofundamento da vida espiritual, intensificação da oração, empenho na caridade agradecida dos que cuidam de nós.

Velhice é tempo de oferta. Nossos ofertórios são sempre muito pobres! Damos apenas um pouco do que temos. Mas, um dia, daremos tudo que temos e somos. Tudinho! Sem reservas nem apelação! E cairemos, por Cristo, com quem crucificamos nossa vida, em Deus. Pouco conta nossa idade. Valemos pela intensidade do nosso sincero “sim” à vontade do Pai.


             NOTICIAS DA PARÓQUIA


1- Mais uma semana e estará pronto o Centro catequético da comunidade de Nª Sª de Fátima. Será inaugurado no dia 9 de Dezembro, pelas cinco horas da tarde. Convidamos, desde já, as comunidades para se fazerem presentes.

2- P. Casimiro e Neves participaram de um encontro do presbitério da Diocese de Brejo que se realizou em S. Quitéria. Em Outubro de 2013, um desses encontros dos sacerdotes de toda a diocese será realizado em Chapadinha.

3- Começaram já a realizar-se reuniões de preparação para a Santa Missão Popular. Vai ter um tempo de aproximação e conhecimento, um tempo de inserção e conscientização, um tempo forte de realização e  o tempo de perseverança. Estamos prestes a anunciar a toda a Paróquia que se vai fazer essa Missão. Será no dia 2 de Dezembro em todas as comunidades e, à noite, na praça da Matriz. Depois teremos que formar missionários, marcar eventos, distribuir mensagens, fazer convites, realizar encontros, chamar quem anda distante e despertar quem tem sua fé adormecida. Pedimos a todas as pastorais, movimentos, comunidades e grupos que se comecem a interessar pela idéia. Há uma idéia que me tem andado na cabeça: a Igreja não é uma igreja “self-service”, onde cada um só escolhe e faz o que gosta. Jesus apontou um caminho e quem não o seguir está fora do Reino.

4- A Igreja do conjunto das 1000 casas já está marcada e já se começaram os preparativos com a compra de material.
 vamos iniciar a construção preparando o local e fazendo um poço para termos água que não salitre as paredes. A água do conjunto tem demasiada quantidade de sal.

5- Mais uma vez insistimos para que quem
deseja possuir a “folhinha litúrgica” ou a “liturgia diária”  faça sua assinatura o mais rápido possível.

6- Convocamos o Conselho Paroquial para se reunir hoje, domingo, pelas 15.00H. Na pauta a preparação para a Santa Missão Popular

7- Convocamos também os jovens da Pastoral da Juventude para se reunirem, na quarta feira, pelas 20.00H

8- Está entre nós um sacerdote (P. Raulino) de Brasília, Promotor Vocacional do Instituto Rogacionista do Sagrado Coração de Jesus que tem como lema: ser bom operário da vinha do Senhor, pedir para haver bons operários e difundir essa idéia na Igreja. Seu fundador que era italiano, P. Aníbal Maria, foi canonizado há poucos anos.

9- Ontem, sábado, já foi falado aos Regionais do interior sobre a Santa Missão Popular.

10- A RCC paroquial está em seminário no Centro Paroquial.

11- Parabenizamos a coordenação dos Acólitos pelo interesse, capacidade e boa vontade em formar novos Acólitos. Desejamos, quanto antes, colocar a tela na quadra paroquial para começarem a jogar lá.


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