quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PARÓQUIA DE CHAPADINHA - O QUE É O PURGATÓRIO - DOUTRINA DA IGREJA


                      O que é o purgatório?

Com a morte, a opção de vida feita por cada pessoa se torna definitiva. Podem existir pessoas puríssimas, que se deixaram penetrar plenamente pelo amor de Deus, e assim alcançam diretamente o Céu. Mas será que todos nós, quando morremos, já estamos plenamente convertidos a Deus? O que acontece com as almas que precisam se purificar? 


Resposta:         

Será que todas as coisas sujas que acumulamos  em nossas vidas se tornarão, de repente,  irrelevantes?                                               
 Para a Igreja Católica, o purgatório é um estado no qual as almas dos defuntos passam por um processo de purificação a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. É a ocasião final que Deus dá às pessoas de se habilitarem para a comunhão plena com Ele. Assim, o purgatório é a última conversão, na morte.
Suporte e Referências
   - O modo de viver de cada pessoa não é irrelevante. A morte não é uma esponja que simplesmente apaga todo o mal feito e o pecado cometido. Raros são os que, na morte, estão de tal forma purificados que podem mergulhar direto na santidade de Deus. A graça de Deus que salva não prescinde da justiça.

Quando uma pessoa morre, sua opção de vida torna-se definitiva. Podem existir pessoas que levaram uma vida puríssima, tendo morrido na graça e na amizade de Deus, estando totalmente purificadas. A Igreja ensina que tais pessoas seguem imediatamente para o Céu.
No outro extremo desse caso, podem existir aqueles que morreram tendo cometido faltas muito graves, sem terem se arrependido e acolhido o amor misericordioso de Deus. Estes passariam ao estado de autoexclusão definitiva da comunhão com Deus, chamado de Inferno.
Observando as duas situações acima, não é difícil perceber que nenhuma delas é a mais comum. O coração do homem vive constantemente em luta perante suas limitações e negações em acolher o amor de Deus de forma plena.
Em sua carta Spe Salvi, o Papa Bento XVI reconhece que na maioria dos homens “perdura no mais profundo da sua essência uma derradeira abertura interior para a verdade, para o amor, para Deus”.
Porém, nas opções concretas da vida, essa abertura para Deus “é sepultada sob repetidos compromissos com o mal: muita sujeira cobre a pureza, da qual, contudo, permanece a sede” (n. 45).
Mesmo aqueles que buscam viver a sua vida em amizade com Deus não estão totalmente isentos de apresentar inclinações desregradas, falhas em sua constituição humana, ou seja, características incompatíveis com a santidade de Deus.
Quantas vezes aquilo que chamamos de virtude não é, na verdade, um culto ao próprio “eu”; quantas vezes a prudência não se revela uma forma de covardia; a virilidade, arrogância; a parcimônia, avareza; e a caridade, uma forma de esbanjamento (Schamus, “Katholische Dogmatik” IV 2).
Quantas vezes em nossos corações não se instalam egoísmo, orgulho, vaidade, negligência, infidelidade...
Então pergunta o Papa: “o que acontece a tais indivíduos quando comparecem diante do Juiz? Será que todas as coisas imundas que acumularam na sua vida se tornarão, de repente, irrelevantes?” (n. 44)


O Papa tem aqui em mente a questão da justiça. A graça de Deus – seu socorro gratuito –, que salva o homem, não exclui a justiça. A graça não é uma esponja que apaga tudo que foi feito de mal no mundo, de modo que, ao final, tudo tenha o mesmo valor (n. 44).
A compenetração da graça e da justiça ensina que “o nosso modo de viver não é irrelevante”, ou seja, que o mal que cometemos e o pecado dos homens não é simplesmente esquecido.

   O ensinamento católico considera que o ser humano, na morte, ainda tem uma ocasião para se purificar e atingir o grau de santidade necessário para entrar no Céu. O purgatório é exatamente este estado em que as almas dos defuntos se purificam. Não é uma câmara de tortura e não deve causar medo. O purgatório é uma derradeira oportunidade para a pessoa tornar-se plena e evoluir até as últimas possibilidades do seu ser.

O mal do mundo e de nossos corações não fica simplesmente esquecido com a morte. Deus não é apenas graça, mas é também justiça. E toda pessoa, sendo dotada de liberdade, é ao final responsável por suas escolhas e atitudes.
Sendo assim, aqueles que morrem na graça e na amizade com Deus, mas não estão completamente purificados, têm a oportunidade de passar por essa purificação após a morte.

O ensinamento católico considera que o destino do ser humano na morte não alcança um ponto final estático da evolução. Ou seja, é possível realizar um caminho de aperfeiçoamento – de conversão e purificação – depois da morte.
Trata-se da última conversão da pessoa. Diante de Deus, na morte, cada um deve abrir mão, de forma radical, de todo orgulho e egoísmo, entregando-se incondicionalmente ao Senhor, depositando nele toda a esperança. Deve abandonar tudo que impossibilita amar a Deus com todo coração.
É a este último ato da evolução humana, esta conversão derradeira e purificação para mergulhar na comunhão com Deus que a Igreja chama de purgatório.

“É exatamente na morte e por ocasião do encontro com Deus que cada pessoa experimentará, com intensidade nunca antes conhecida, o significado de sua vida vivida.
E dependendo do que ela tiver feito de si durante esta vida, dependendo também do que ela tiver feito a outras pessoas e com as situações históricas e estruturais naquela vida, sua união com Deus também será ligada a uma purificação experimentada de maneira mais ou menos dolorosa”, afirma o teólogo Renold Blank no livro “Escatologia da Pessoa”.

Esta purificação é uma última oportunidade dada ao homem de cumprimento do plano de Deus, em que sejamos “conformes à imagem do seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8, 29).
Assim, o purgatório não deve ser visto como uma câmara de tortura cósmica e nem deve causar medo. O purgatório é no fundo de “um novo e reiterado ato de salvação de Deus, a fim de que o homem possa ser salvo” (Blank).

A oferta de Deus com o purgatório configura-se então como a etapa para a pessoa tornar-se plena, evoluir até as últimas possibilidades do seu ser, alcançar a plena realização de todas as suas capacidades, estando apta assim para entrar no Céu e na santidade de Deus.
                                                   



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