quarta-feira, 4 de junho de 2014

O PÊNDULO EXISTENCIAL


            O PÊNDULO EXISTENCIAL

“ A maior miséria não é aquela que habita os bolsos, mas a alma” (A. Cury, O mestre da sensibilidade, 103).

Na verdade, sofrimento faz parte do nosso viver do dia a dia. Tem gente pobre de bens materiais, mas rica de bens espirituais, como paz, doçura, gentileza, sensibilidade, acolhimento aos outros. Generosidade.  E tem gente sofrendo por não ter estes bens, embora tenha muitos bens materiais. Digamos logo, bolsos cheios, mas alma vazia, e este sofrimento é  maior.

Jesus, entre os bens deste mundo, preferiu também os primeiros:  bens da alma, e não os segundos: bolsos cheios. 

A alma de Jesus vivia num permanente estado doação aos outros para fazê-los felizes. Quem assim vive corre o risco da seguinte tentação: quando eles não corresponderem à minha doação e entrega pelo seu bem, o que farei, não farei mais nada. 

Porém, Jesus sabia defender sua emoção e protegê-la dos ataques da ingratidão alheia porque praticava a seguinte regra: “não esperar o retorno das pessoas no mesmo nível que nos doamos“ ( A. Cury), e por isso sabia proteger sua emoção. Ao exercício  desse estado de espírito, o psicólogo Augusto Cury chama de “ pêndulo existencial”.

“Jesus viveu o nível da compreensão na terra da incompreensão”, método para proteger sua emoção. Como conseguir isso? Veja bem, para estabelecer o critério de entender e perdoar o agressor que machuca, deveremos atender ao seguinte teorema da psicologia: ninguém machuca ninguém se primeiramente não estiver machucado – lei da psicologia social-  tal como a lei da gravidade(A.Cury).

Atendendo a tal princípio, se torna muito mais fácil entender e até perdoar o semelhante, porque “ perdoar não um é um ato “coitadista”, mas de elevada inteligência, como diz também o autor que estamos citando. Pelo perdão, dá  para transformar os outros se não em  amigos pelo menos em seres humanos.

Outra coisa que dá paz e a tranquilidade no viver é desterrar os medos. Jesus não queria que as pessoas tivessem medo das aflições. O medo coloca combustível no sofrimento, expande-o e o torna insuportável. 

Diz ainda o psicólogo A. Cury: “Jesus fez um mapeamento magistral do funcionamento da mente do ser humano, dos conflitos sociais e das crises existenciais. Defendeu a tese que valia a pena investir no ser humano, embora fosse tão lento em ter paciência e ágil em machucar e culpar, e tardio em aliviar”. 

"Para Jesus somente é grande quem enxergar sua pequenez, somente é saudável quem assume sua doença."


Nós fazemos velório antes do tempo, sofremos por antecipação. Os problemas ainda não aconteceram e talvez nunca acontecerão, mas destruímos  nossa emoção por vivê-los antes do tempo. 

O mestre de Nazaré só sofreu quando os acontecimentos batiam-lhe à porta e defendia sua emoção”(159).

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