O PÊNDULO EXISTENCIAL
“ A maior miséria não é aquela que habita os bolsos, mas a
alma” (A. Cury, O mestre da sensibilidade, 103).
Na verdade, sofrimento faz parte do nosso viver do dia a dia. Tem gente pobre
de bens materiais, mas rica de bens espirituais, como paz, doçura, gentileza,
sensibilidade, acolhimento aos outros. Generosidade. E tem gente sofrendo por não ter estes bens,
embora tenha muitos bens materiais. Digamos logo, bolsos cheios, mas alma
vazia, e este sofrimento é maior.
Jesus, entre os bens deste mundo, preferiu também os
primeiros: bens da alma, e não os
segundos: bolsos cheios.
A alma de Jesus vivia num permanente estado doação aos
outros para fazê-los felizes. Quem assim vive corre o risco da seguinte
tentação: quando eles não corresponderem à minha doação e entrega pelo seu bem,
o que farei, não farei mais nada.
Porém, Jesus sabia defender sua emoção e protegê-la
dos ataques da ingratidão alheia porque praticava a seguinte regra: “não esperar o retorno das pessoas no mesmo nível que nos doamos“ ( A. Cury),
e por isso sabia proteger sua emoção. Ao exercício desse estado de espírito, o psicólogo Augusto
Cury chama de “ pêndulo existencial”.
“Jesus viveu o nível da compreensão na terra da
incompreensão”, método para proteger sua emoção. Como conseguir isso? Veja bem,
para estabelecer o critério de entender e perdoar o agressor que machuca,
deveremos atender ao seguinte teorema da psicologia: ninguém machuca ninguém se
primeiramente não estiver machucado – lei da psicologia social- tal como a lei da gravidade(A.Cury).
Atendendo a tal princípio, se torna muito mais fácil entender
e até perdoar o semelhante, porque “ perdoar não um é um ato “coitadista”, mas
de elevada inteligência, como diz também o autor que estamos citando. Pelo
perdão, dá para transformar os outros se
não em amigos pelo menos em seres
humanos.
Outra coisa que dá paz e a tranquilidade no viver é desterrar
os medos. Jesus não queria que as pessoas tivessem medo das aflições. O medo
coloca combustível no sofrimento, expande-o e o torna insuportável.
Diz ainda o
psicólogo A. Cury: “Jesus fez um mapeamento magistral do funcionamento da mente
do ser humano, dos conflitos sociais e das crises existenciais. Defendeu a tese
que valia a pena investir no ser humano, embora fosse tão lento em ter
paciência e ágil em machucar e culpar, e tardio em aliviar”.
"Para Jesus somente é grande quem enxergar sua pequenez, somente é saudável quem assume
sua doença."
Nós fazemos velório antes do tempo,
sofremos por antecipação. Os problemas ainda não aconteceram e talvez nunca
acontecerão, mas destruímos nossa emoção
por vivê-los antes do tempo.
O mestre de Nazaré só sofreu quando os
acontecimentos batiam-lhe à porta e defendia sua emoção”(159).
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