Há duas formas de teologias que atravessam a história: as
que avançam com as armas e as que morrem com as armas. A primeira é a teologia
que se alia ao poder político, que se alimenta da força do Estado, que se apoia
em reis, imperadores ou governadores para impor sua visão. Essa teologia prospera
na marra, sustentada pela espada, pela fogueira, pela prisão, pela exclusão. É
a religião que anda de mãos dadas com o império, garantindo privilégios, terras
e influência, enquanto cala o grito dos pobres e marginalizados. A segunda é a
teologia que se recusa a se dobrar ao poder, que escolhe a solidariedade ao
ferido no meio da estrada, em vez do culto bem cumprido. É a espiritualidade que,
como a de São Francisco, se despoja para estar com o pobre; ou como dos bispos
e teólogos perseguidos, que escreveram e viveram ao lado dos trabalhadores e
camponeses, denunciando injustiças. Essa teologia muitas vezes é acusada de “comunista”,
combatida, calada, mas permanece fiel ao Evangelho que coloca o próximo acima
da lei. A história recente confirma: após o concílio Vaticano II, quando
floresceu a Teologia da libertação, logo os poderosos a tacharam de perigosa.
Políticos, governadores e até lideres eclesiásticos se uniram para sufocar sua
voz. Na época da guerra fria, quando o mundo estava dividido entre o
poder dos Estados Unidos e da Rússia, Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos
decretou que seria considerado comunista todo aquele que não se curvasse ao seu
poder. E por isso a voz dos pobres e seus direitos foram calados. A arma do poder
produziu a arma do silêncio. Nessa voz dos pobres estava a Teologia da
libertação que ele proibiu enviando várias vezes mensagens ao Vaticano para que
também proibisse. Eis, portanto a ironia: teologias que avançam com as armas podem
até se impor por um tempo, mas se tornam cúmplices da morte e do esquecimento.
Já as teologias que “morrem” com as armas, no fundo são as que permanecem
vivas na memória do povo e na fidelidade ao Evangelho. Porque, como disse o
próprio Jesus, não é aquele que clama “Senhor, Senhor” que herda o Reino,
mas quem pratica a vontade do Pai”. (Obs. Este trecho você encontra no livro “PÁGINAS
DE TEOLOGIA BÍBLICA PARA HOJE de Casimiro João, vol. 05, cap.VII, pp.79-80).
P.Casimiro João
smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

Nenhum comentário:
Postar um comentário