SEXTA-FEIRA SANTA, CRUCIFIXÃO E MORTE DO SENHOR.
Os homens sonharam matar a Vida. Mas o sonho de Deus foi mais forte. A Vida vencerá a morte.
Os homens quiseram sufocar a Verdade enterrando-a num túmulo. Mas, qual semente que se deixou esconder na terra, Jesus surgirá vitorioso, feito colheita abundante que enche o tempo de santidade.
Onde houver uma lágrima de sofrimento em qualquer calvário humano,
Onde uma gota de sangue a regar o caminho de uma vida,
Onde acontecer água de suor num rosto cansado por gestos e esforços de trabalho...
Aí está continuando a Paixão de Cristo, na Sua Igreja, que somos nós.
Em Jerusalém, naquele tempo, o ambiente lembrava traição, lembrava covardia e gestos de negação.
Pilatos, um covarde, condena um inocente. Prefere defender seu trono de imperador. Espanta alguma contenda que possa surgir. Aceita a acusação contra um justo, dá uma sentença de morte a um inocente, deixa matar a Vida, enterrar o Caminho, tentar calar a Verdade.
Judas, um traidor, troca o Amigo Jesus por um punhado de moedas. Agita-se na noite, carregado de remorsos, e termina enforcando sua vida. Aceita negociar Jesus. O preço é a fuga na solidão e a queda no precipício da morte.
Pedro, um oportunista. Embora corajoso, fraqueja perante as palavras de acusação de uma mulher, e nega o Mestre. Seu olhar cruza-se com o do Condenado e surge o arrependimento. Mesmo assim, esconde-se do público para não tornar a ser inquietado.
Todos os Apóstolos fogem. Não querem chatices. A tragédia acontece, mas eles estão bem longe. Lamentam o acontecido, mas nada fazem. Desinteressam-se. Sobre muitos cai o peso do fracasso de dias perdidos na companhia do Senhor e ... voltam ao passado.
A multidão é composta de gente alienada. O poder das autoridades corruptas fala mais alto que a lembrança de tantos favores e milagres presenciados. E sobre ela cairá o sangue inocente do Cordeiro Pascal da Nova e Eterna Aliança.
Podemos, no dia de hoje, perguntar: a qual destes grupos tem pertencido minha vida?
Tantas vezes, como Pilatos, as amarras do emprego, as correntes de um favorzinho... não nos deixam defender o bem comum, a verdade ou a justiça! A corrupção campeia em nossos ambientes, mas nós estamos calados!
Tantas vezes não conseguimos separar-nos da multidão amorfa e alienada e nos deixamos dominar pelos poderosos! Endoidamos no barulho dos dizeres que nos chegam de toda a parte!
Tantas vezes, como Pedro, não conseguimos sair da prisão do medo e inutilizamos os valores que orientaram durante tempos a nossa vida! E, como Judas, enterramos nossa dignidade!
Tantas vez\es, na sofreguidão da busca de prazeres ou na enchurrada da tentação esquecemos a caminhada feita, as alegrias sentidas, a verdade assumida e...voltamos à praia para só pescar ilusões!
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