“Eu me tornei uma
estrela da manhã entre os deuses”, dizia um epitáfio antigo. Sêneca dizia que a
alma humana imortal veio de fora deste mundo, das estrelas, e fará seu caminho
de volta para lá. Sendo assim ela ia reunir-se com os deuses. Para Platão, a
alma humana é imortal, e, como imortal, é divina, porque divinos são os
“imortais” que são os deuses. A morte se define em termos de separação entre
alma e corpo, e alguns filósofos da corrente de Platão diziam que a alma, na
sua separação, carregava o corpo com ela. Quando o imperador Otaviano foi
assassinado, uma testemunha afirmava ter visto a alma do imperador subindo aos
céus, e que ele não tinha sido assassinado porque sua divindade não podia ser
extinguida. Como era explicada a origem da alma humana? “No princípio o Criador
fez um número igual de almas igual ao número de estrelas, e tendo-as colocado
ali como numa carruagem mostrou-lhes as leis do destino. As almas assim devem
ser implantadas nos corpos humanos. A sua principal tarefa é governar os
sentimentos e desejos do corpo. Depois do seu tempo de vida retornarão e
habitarão junto à sua estrela gêmea, e lá terão a bem-aventurança e agradável
existência”. ( em Aristófones: O Timeu de Platão, apud N.T.Wright, “A
ressurreição do Senhor”, pag.107). Por isso, ninguém em sã consciência, uma vez
libertados do corpo que é o cárcere da alma, iria querê-lo ou algo parecido de
volta. Porque assim chamavam vida essa libertação, e morte à vida encarcerada
no corpo. Não se deve portanto temer a morte, ela é o dia em que nascemos na
eternidade e todos vão para a ilha das bem-aventuranças. Epicteto, nessa época,
dizia que o nosso objetivo na vida é que se deve aprender a ser feliz, ou, ao
menos, não infeliz. Na verdade, a alma libertada do corpo ia de volta para as
estrelas e para os deuses. Ali os mortos irão ganhar uma vida bastante completa
com Osíris, e como Osíris nos deleites da eternidade. E como muitos pensavam
que, na separação do corpo a alma carregava também o corpo, para eles a
cremação era inaceitável e uma coisa hedionda. A morte era uma saída à luz do
dia. Falamos que a habitação da alma seria na estrela gêmea da qual tinha
saído. Durante muito tempo houve um grande debate filosófico acerca de qual
material exatamente era o das estrelas e da alma, mas havia o sentido geral de
que não seria de coisas muito diferentes. Eram, por assim dizer, feitas umas
para as outras. Por exemplo, muitos acreditavam que a alma era um tipo
particularmente especial de matéria feito de uma substância ígnea, exatamente o
que estava presente nas estrelas. Ficamos com a impressão de que estamos em
termos de cristianismo. Mas esta era a teoria de Platão, no séc.V a.C.
desenvolvida por seus discípulos como Sêneca, Aristóteles e Epicteto, entre os
gregos; e por Cícero, Virgilio e Cipião entre os latinos. Platão fez uma
reviravolta da teoria do Homero, sec.VIII a.C. que foi o pioneiro desta filosofia, junto com seus discípulos Ésquilo
e Sófocles. Por isso alguns autores têm Homero como o iniciador do A.T. do
helenismo antigo, e Platão como o N.T. do mesmo mundo antigo helenístico. A
mudança de Homero para Platão deu-se com o seguinte objetivo: Proporcionar aos
jovens aprender a verdadeira concepção filosófica para amar a Pátria e a
sociedade sobre a morte não ser algo lamentável, mas algo bem vindo, a vida
aquirida na ilha das bem-aventuranças. É o meio pelo qual a alma imortal se
liberta da prisão domiciliar do corpo em que viveu na terra. “Se o mundo antigo
não judaico tinha uma Bíblia, seu antigo testamento era Homero, e Platão o novo
testamento do mesmo mundo helenístico antigo”. (N.T.Wright, o.c.p.71). Dizemos
isto porque no Antigo Testamento da Bíblia judaica também não se falava na
ressurreição, justamente como Homero que viveu na mesma época de Moisés. Só
começou a surgir a teoria da ressurreição num tipo de conceito platónico pelo
ano 167 antes da vinda de Cristo e por circunstâncias históricas, na época dos
Macabeus.
Conclusão.
A busca da felicidade é uma constante da sabedoria humana. E antes que chegasse
a teologia e as teologias surgiu a filosofia e as diversas filosofias. Assim,
paralelamente a Moisés existiu um Homero, e paralelamente às preocupações de
Daniel, o maior expoente da nova doutrina da ressurreição apareceu um Platão
também quase contemporâneos, e temos influências tanto no conceito de alma como de ressurreição ainda hoje em dia tanto de Daniel como de
Platão.
P.Casimiro João smbn
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