quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Chapadinha- festejo da padroeira- leia na íntegra a mensagem do 4º dia da novena


MARIA, TENDA DO VERBO E EPIFANIA DA AÇÃO DIVINA
            
Estamos no quarto dia da nossa novena de preparação para festejar nossa Padroeira. Tempo de reflexão, dias de muita solenidade cristã porque tentamos compreender melhor os mistérios do nosso Deus que se revelou em Cristo para nos salvar e introduzir na sua órbita de santidade. E Nossa Senhora nos aparece como a grande colaboradora da ação divina e a melhor mestra de cristianismo. Amar e louvar Maria é sentir e adorar a presença de Deus num grande amor à humanidade, a todos nós. Em Maria vemos que Deus refaz seu projeto de intimidade com o ser humano. No livro do Génesis narra-se o projeto harmonioso que Deus idealizara e quisera ao criar o universo e o ser humano. Estes tinham ficado atingidos pela decisão livre do homem de querer roubar ao Criador a definição do que era bom ou mal. E daí tensões, fadigas, hostilidades que são resultado duma escolha perversa do homem. O pecado invadiu a História e um duelo se estabelece para sempre entre o bem e o mal. Maria é o emblema  glorioso da esperança de salvação, é a nova Eva, a Mãe dos viventes. Como diz S. Paulo: assim como pela desobediência de um só ser humano, todos se tornaram pecadores, do mesmo modo pela obediência de um só, todos se tornaram justos “ (Rom.5,19). Maria santíssima, pela sua disponibilidade generosa e pronta faz parte desta obediência do Salvador. Para nós foi cancelada a culpa da maldição de Eva. Maria, pela sua comunhão com Cristo até o Calvário onde Ela é a Senhora das Dores, ajudou a pagar o débito comum contraído pelo maligno para todas as gerações. “Ela acendeu a luz para iluminar nossas trevas. Ela gerou o tesouro que inundou o mundo com todos os auxílios”,como diz um cântico mariano de Santo Efrém.


A experiência que Moisés viveu aos pés do monte Horeb, diante da sarça que ardia sem se consumir e do meio da qual ouviu a voz de Deus. O simbolismo do fogo que manifesta a proximidade e a transcendência divina naquela chama que não pode ser apagada e que atravessa com seu calor e esplendor o ambiente do cimo de um monte manifestando a presença de Deus se pode aplicar a Maria santíssima. Diz S. Gregório de Nisa, Padre dos primeiros séculos da Igreja: “Tal como na montanha a sarça ardia e não se consumia, assim a Virgem deu à luz sem se corromper. 

O seio de Maria, a Mãe do Verbo Encarnado, é como uma sarça sobre a qual desce o fogo sagrado e no qual Deus estabelece Sua presença como na montanha se manifestou a Moisés. Por isso, devemos aproximar-nos dEla, como Moisés, com os pés descalços porque no seu seio Deus se revela de um modo muito simples e transparente, porque se reveste com a carne do ser humano. Maria, Deus desceu para habitar no teu seio e o fogo da tua divindade não consumiu a tua carne. Tu foste sempre virgem, como o vidro que não quebra ao ser atravessado pela luz e pelo calor do sol. Roga por nós pecadores, pede ao Senhor que nos faça puros.

Quando o povo de Deus atravessava o deserto rumo à terra prometida, Javé, o Deus amigo, acompanhava seu povo e Moisés o sentiu de um modo especial quando entrava na shekinah, a tenda onde habitava a sua presença de um modo especial no meio do acampamento. Aí Moisés desabafava, rezava, aí ele entrava para ganhar força e agüentar as dificuldades da travessia e do povo revoltado. Também na Shekinah encontramos um simbolismo perfeito de Maria.Por nove meses, o seio de Maria foi a Arca da nova aliança, a shekinah onde Cristo veio habitar para participar de nossa natureza humana e nos salvar. Como um canto da liturgia copta dá-me vontade de cantar:


“Como te invocarei, ó Virgem Santíssima? Como te hei-de chamar, ó cidade do grande Rei, ó castelo ornamentado do Rei dos reis? 

Como te chamarei, ó escada excelsa e santa, em cuja sumidade se encontra o Senhor que os anjos glorificam? 

Como te chamarei , ó esposa perfeita, Tu que geraste o Emanuel, o nosso Senhor, Jesus Cristo? 

Como te chamarei, ó justiça, ó misericórdia, que se encontram e se abraçam entre si segundo os oráculos dos profetas?”


Vemos ao longo da história de nossa Igreja  católica que muitos foram os Padres, os santos e muitos cristãos que tentaram aproximar-se do mistério da Mãe de Deus e exultaram de alegria.

Na nossa Pátria, o Brasil, temos um exemplo desta afirmação que é uma jóia de literatura e de devoção mariana. Ler esse livro é saborear a alegria de quem encontrou em Maria uma janela para o divino, uma presença inefável de Deus, a Mãe que também é filha de Seu Filho.

Maria é a cheia de graça, a bendita entre todas as mulheres:  Maria, a vitoriosa contra o mal, a mãe poderosa como foi Judite contra Holofernes, a Advogada nossa, mãe clemente como foi Ester com seu povo. Estou-me a referir ao canto de Maria escrito pelo padre fundador de S. Paulo: São José de Anchieta.



Também Chapadinha, terra de Nossa Senhora por doação da família Ferreira para satisfazer uma promessa que pedia a intercessão de Maria junto de Deus para livrar esta terra do terror das Balaiadas, tem crescido e se desenvolveu mais que qualquer outra cidade. Quem não for devoto de Maria não é cristão autêntico. Gostaríamos de ver nossa Padroeira mais respeitada e amada. Por isso aqui estamos, todos agradecendo e louvando a Deus pelo dom de Nossa Padroeira, dom precioso de intercessão, exemplo maravilhoso de fidelidade e disponibilidade à graça, Mãe da prontidão missionária que assumiu a missão de Cristo no tempo dos Apóstolos e no decorrer de toda a história da Igreja. Que Mara nos ajude a ser missionários, irradiadores da alegria salvadora nesta terra de Chapadinha.

Nenhum comentário: