MARIA, TENDA DO VERBO E
EPIFANIA DA AÇÃO DIVINA
Estamos no quarto
dia da nossa novena de preparação para festejar nossa Padroeira. Tempo de
reflexão, dias de muita solenidade cristã porque tentamos compreender melhor os
mistérios do nosso Deus que se revelou em Cristo para nos salvar e introduzir
na sua órbita de santidade. E Nossa Senhora nos aparece como a grande
colaboradora da ação divina e a melhor mestra de cristianismo. Amar e louvar
Maria é sentir e adorar a presença de Deus num grande amor à humanidade, a
todos nós. Em Maria vemos que Deus refaz seu projeto de intimidade com o ser
humano. No livro do Génesis narra-se o projeto harmonioso que Deus idealizara e
quisera ao criar o universo e o ser humano. Estes tinham ficado atingidos pela
decisão livre do homem de querer roubar ao Criador a definição do que era bom
ou mal. E daí tensões, fadigas, hostilidades que são resultado duma escolha
perversa do homem. O pecado invadiu a História e um duelo se estabelece para
sempre entre o bem e o mal. Maria é o emblema
glorioso da esperança de salvação, é a nova Eva, a Mãe dos viventes.
Como diz S. Paulo: assim como pela desobediência de um só ser humano, todos se
tornaram pecadores, do mesmo modo pela obediência de um só, todos se tornaram
justos “ (Rom.5,19). Maria santíssima, pela sua disponibilidade generosa e pronta
faz parte desta obediência do Salvador. Para nós foi cancelada a culpa da
maldição de Eva. Maria, pela sua comunhão com Cristo até o Calvário onde Ela é
a Senhora das Dores, ajudou a pagar o débito comum contraído pelo maligno para
todas as gerações. “Ela acendeu a luz para iluminar nossas trevas. Ela gerou o
tesouro que inundou o mundo com todos os auxílios”,como diz um cântico mariano
de Santo Efrém.
A experiência que Moisés viveu aos pés do monte Horeb, diante
da sarça que ardia sem se consumir e do meio da qual ouviu a voz de Deus. O
simbolismo do fogo que manifesta a proximidade e a transcendência divina naquela
chama que não pode ser apagada e que atravessa com seu calor e esplendor o
ambiente do cimo de um monte manifestando a presença de Deus se pode aplicar a
Maria santíssima. Diz S. Gregório de Nisa, Padre dos primeiros séculos da
Igreja: “Tal como na montanha a sarça ardia e não se consumia, assim a Virgem
deu à luz sem se corromper.
O seio de Maria, a Mãe do Verbo Encarnado, é como
uma sarça sobre a qual desce o fogo sagrado e no qual Deus estabelece Sua
presença como na montanha se manifestou a Moisés. Por isso, devemos
aproximar-nos dEla, como Moisés, com os pés descalços porque no seu seio Deus
se revela de um modo muito simples e transparente, porque se reveste com a
carne do ser humano. Maria, Deus desceu para habitar no teu seio e o fogo da tua
divindade não consumiu a tua carne. Tu foste sempre virgem, como o vidro que
não quebra ao ser atravessado pela luz e pelo calor do sol. Roga por nós
pecadores, pede ao Senhor que nos faça puros.
Quando o povo de Deus atravessava o deserto rumo à terra
prometida, Javé, o Deus amigo, acompanhava seu povo e Moisés o sentiu de um
modo especial quando entrava na shekinah, a tenda onde habitava a sua presença
de um modo especial no meio do acampamento. Aí Moisés desabafava, rezava, aí
ele entrava para ganhar força e agüentar as dificuldades da travessia e do povo
revoltado. Também na Shekinah encontramos um simbolismo perfeito de Maria.Por
nove meses, o seio de Maria foi a Arca da nova aliança, a shekinah onde Cristo
veio habitar para participar de nossa natureza humana e nos salvar. Como um
canto da liturgia copta dá-me vontade de cantar:
“Como te invocarei, ó Virgem Santíssima? Como te hei-de
chamar, ó cidade do grande Rei, ó castelo ornamentado do Rei dos reis?
Como te
chamarei, ó escada excelsa e santa, em cuja sumidade se encontra o Senhor que
os anjos glorificam?
Como te chamarei , ó esposa perfeita, Tu que geraste o
Emanuel, o nosso Senhor, Jesus Cristo?
Como te chamarei, ó justiça, ó
misericórdia, que se encontram e se abraçam entre si segundo os oráculos dos
profetas?”
Vemos ao longo da história de nossa Igreja católica que muitos foram os Padres, os santos
e muitos cristãos que tentaram aproximar-se do mistério da Mãe de Deus e
exultaram de alegria.
Na nossa Pátria, o Brasil, temos um exemplo desta
afirmação que é uma jóia de literatura e de devoção mariana. Ler esse livro é
saborear a alegria de quem encontrou em Maria uma janela para o divino, uma
presença inefável de Deus, a Mãe que também é filha de Seu Filho.
Maria é a
cheia de graça, a bendita entre todas as mulheres: Maria, a vitoriosa contra o mal, a mãe
poderosa como foi Judite contra Holofernes, a Advogada nossa, mãe clemente como
foi Ester com seu povo. Estou-me a referir ao canto de Maria escrito pelo padre
fundador de S. Paulo: São José de Anchieta.
Também Chapadinha, terra de Nossa Senhora por doação da
família Ferreira para satisfazer uma promessa que pedia a intercessão de Maria junto
de Deus para livrar esta terra do terror das Balaiadas, tem crescido e se
desenvolveu mais que qualquer outra cidade. Quem não for devoto de Maria não é
cristão autêntico. Gostaríamos de ver nossa Padroeira mais respeitada e amada. Por
isso aqui estamos, todos agradecendo e louvando a Deus pelo dom de Nossa Padroeira,
dom precioso de intercessão, exemplo maravilhoso de fidelidade e
disponibilidade à graça, Mãe da prontidão missionária que assumiu a missão de
Cristo no tempo dos Apóstolos e no decorrer de toda a história da Igreja. Que
Mara nos ajude a ser missionários, irradiadores da alegria salvadora nesta
terra de Chapadinha.
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