sábado, 13 de setembro de 2014

Novena da Padroeira - veja na íntegra a mensagem do 7º dia da novena

MARIA, ATENCIOSA DISCÍPULA NA ESCURA DO MESTRE
PROGRESSIVO COMPROMISSO DE IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO

Nossa novena vai caminhando para o fim. Este grandes ajuntamentos em família cristã, as reflexões que aqui têm sido feitas, toda esta beleza, este interesse e harmonia... transformam a nossa novena em tempo de graça, (em grego se diz: “kairós”, isto é espaço de tempo, mas carregado da graça divina). Merece, pois, a nossa maior atenção e aproveitamento. Poucas vezes no ano vemos assim esta disponibilidade de tanta gente vir e rezar, conviver em amizade e alegria. Tudo isto já é favor de Deus, pela intercessão de nossa querida Mãe do céu.

Maria de Nazaré foi a cheia de graça. A mulher que, apesar de muita riqueza espiritual, não compreende o que lhe está sendo anunciado e, por isso, pergunta ao anjo como é que sua mensagem, para ser a Mãe do Salvador, se vai realizar. Ela não tem marido, seu projeto era outro. Então, como vai ser? A jovem Maria não é parva nenhuma, não se deixa alienar por qualquer promessa, nem embarca em ditos que não compreende. 

Quer saber a verdade, mas quando esta lhe é explicada, diz sim à vontade de Deus. Bom exemplo para nós, nestes tempos que correm, em que muitas promessas de políticos chovem por aí, para nos conquistar e há tanta gente que vende sua dignidade, embarca em falsos ideais e depois fica queixando-se. Enquanto a sociedade no seu quase todo não evoluir, não se tornar consciente e não tomar a sério a defesa de sua dignidade... não veremos evoluir a situação de corrupção, de grande desiquilíbrio social e de má distribuição de renda em que se encontra nossa sociedade brasileira, onde uma minoria explora e facilmente vive à custa da ignorância da maioria que se deixa enganar apesar de viver esmagada por mil necessidades. Enquanto nossos jovens não tiverem a responsabilidade de preparar um futuro digno e belo, continuaremos a ver tantos mergulharem sua juventude em namoros prostitutos, na droga, na vadiagem de vícios contraídos, só porque não há sentido de vida, nem respeito pela dignidade de filhos de Deus em que estamos investidos.

A vocação, de cada um de nós, é uma graça. Deus bate à nossa porta, mas Ele, respeitando nossa liberdade, admite que a porta só se abra por dentro, com nosso consentimento. Por isso, mais uma vez, lembramos ditos que aqui têm sido explanados: “Bíblia na mão, pé na missão e juízo na eleição”. “A vida só tem sabor a felicidade quando a sabemos partilhar”. “Nossa consciência é o mais antigo celular com que Deus nos comunica Sua Vontade. Precisamos estar atentos às comunicações divinas”.

O tema de hoje vem reforçar toda esta temática tão atual e necessária nos tempos que correm. Ser cristão não é uma brincadeira. Não nos podemos satisfazer com qualquer coisa. Ser cristão não depende de uma grande ideia que ouvimos ou lemos. Não é resultado de um sentimento vago que nos chegou ou de uma grande emoção que tivemos. A vida cristã é fruto de uma opção pessoal, consciente, crescente e comunicante.

Pessoal, porque cada ser humano é originalidade, sem segunda edição, irrepetível e, portanto, responsável único pelo que acontecer nesse existir. 
Consciente, porque temos que trabalhar, sentir suas exigências, aceitar suas dificuldades e tomar as opções que a Palavra de Deus de Deus nos pede. 
Crescente, porque ser cristão é viver, entregar-se, mergulhar no mistério de Deus, deixar livre trânsito a Ele em todas as horas do nosso existir. Ninguém vive só com merendinhas, pequenos lanches, alguns aperitivos. 

Todos nós precisamos de comida. Primeiro de leite materno e depois, progressivamente, começrmos a alimentarmo-nos com alimentos sadios, com refeições substanciosas  , com comida forte e abundante. Se alguma mãe vê que seu filho não cresce e começa a ficar anémico, raquítico, nanico... logo pensa em ir ao médico saber a razão. Deve haver doença pelo meio. 

Assim devia ser na vida cristã. Jesus diz que veio trazer vida e vida abundante. A Palavra é Sua. Não nos quer diminuídos, fracos, doentes por mil vícios, sem aguentar a alegria do Seu amor... Deus quer que todos levemos a sério essa vida que recebemos no Batismo, que façamos desenvolver essa enorme dignidade a que somos chamados de participar na vida divina. 

O Batismo é a porta, a maternidade desse projeto a que Deus nos chama para vivermos na órbita divina: de pensarmos, de sentirmos, de amarmos, de vivermos bem unidos a Ele. Por isso, não podemos ficar só com nascer para a graça, temos que a alimentar e fortalecer. Não nos podemos contentar com ter a porta aberta, mas temos que entrar. Quem fica só à porta a entreter-se com o vê fora, no mundo, nem entra nem deixa entrar outros. Por isso, dizíamos também que nossa vida cristã tinha que ser comunicante, cheia, a fazer-nos felizes e a transbordar para os outros. 

Ser cristão é ser uma pessoa apaixonado pela vida em graça, é sentir-se cativado e cativador para aquela alegria de ser amado por Deus e que não somos só capazes de guardar para nós. Um provérbio africano diz que uma boa notícia não apodrece na garganta. Temos que a comunicar a outros. Erguer os caídos no desânimo, socorrer quem está nas periferias da vida, quem se deixou desviar para a podridão dos vícios. Há tanta dificuldade no mundo de hoje! Temos que ser missionários, bombeiros, soldados vigilantes e ativos para ir em ajuda de tantos que necessitam. Quanto mais os ramos duma árvore se agitam pelo vento, mais as raízes se abraçam para os defender, diz também um provérbio africano.  

Mas como chegar a este ponto de cristão autêntico, apaixonado por Deus, autêntico missionário da vida cristã? Aí é que está o problema.! Precisamos de conversão, urgente mudança de vida, começar a interessarmo-nos mais pela fé, pela vida cristã em graça. Que interessa ganhar o mundo inteiro, ter muito dinheiro, fama e vaidade... mas perder a sua alma? Esta foi a frase que mudou o ritmo e a direção de vida de muitos que se santificaram. 

Hoje não basta ser batizado, carregar fórmulas de catequese infantil decoradas, rezar só quando nos sentimos atrapalhados, procurar um ou outro sacramento mais pela festa que proporciona que pela necessidade que se sente. Hoje num mundo pluralista, que admite com facilidade tantas maneiras de viver, que procura o fácil, o prazer, onde tantas famílias não mais educam os filhos na fé, onde faltam agentes de pastoral na nossa Igreja... não basta ser só batizado e contentar-se com alguma coisa. 

É preciso investir, comprometer-se, procurar mais instrução religiosa, dar mais tempo à oração, respeitar a dimensão comunitária da religião cristã, isto é: frequentar as celebrações onde nos sentimos ajudados e ajudamos outros, sermos fortes na defesa da moral cristã, não andar como as borboletas a duvidar de tudo e a procurar a facilidade da salvação em promessas que por aí aparecem.  É triste ver tanta gente capacitada, comprometida e esforçada na vida social e profissional, mas infantilizada na sua fé. Interrogadas por qualquer verdade, logo dizem: “o padre é que sabe!” Para ultrapassar, para dar resposta a tantos problemas que a vida lhes traz, apenas possuem pequenas fórmulas decoradas em criança infantil. Basta aparecer a adolescência... e lá se vão! Ficam por aí de qualquer maneira! Precisamos de uma fé adulta, de conhecimentos que iluminem nossa vida profissional, nosso compromisso político e familiar. Precisamos de nos alimentar com comida espiritual substanciosa, de levarmos a sério nossa vida cristã que nos deve levar á santidade.


Como Maria, precisamos sentir-nos necessitados de Deus, discípulos de Sua Palavra, alunos atentos de seu projeto de amor. A vida cristã é um processo contínuo, longo e que tem que ser perseverante. Como Maria crescer constantemente na fé, botar fé na vida, enchermo-nos de Deus, da Sua graça, do Seu amor e botar essa fé entusiasmante nos ambientes que tanto nos condicionam. 

Botar fé, irradiar fé, testemunhar fé, celebrar fé, contagiar nossos ambientes de fé adulta, de respostas sábias e cheias do Espírito. Essa é a nossa vocação. Que Maria interceda por nós, nos ajude como ajudou os apóstolos depois da paixão e morte do Senhor. Que nossa Padroeira nos entusiasme por Jesus, porque só assim vale a pena ser cristão. Não podemos arrumar Deus no esquecimento, fazer uma religião do nosso gosto, viver uma fé raquítica carregada de tradições ultrapassadas e de fuxicos humanos sem sentido. 

Como S. Paulo temos que crescer, crescer, até que Cristo nos encharque, nos penetre em todos os setores da vida, seja tudo em nós a ponto de  podermos dizer como S. Paulo: já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim.

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