domingo, 14 de setembro de 2014

Novena de NªSª das Dores - veja na íntegra a mensagem da 8ª novena da Padroeira



MARIA, EM SILENCIOSA OFERTA JUNTO DO CRUCIFICADO
VALOR REDENTOR DO MONTÃO DE NOSSAS ADVERSIDADES

Estamos na oitava noite de nossa novena à Padroeira. Depois de ontem termos refletido que a vida cristã não é alguns atos religiosos que praticamos, não é uma ideia, um sentimento passageiro ou uma opção superficial que assumimos, mas é um processo, uma caminhada, um esforço de nos identificarmos com Cristo, até à plenitude.  

Hoje entramos no centro do mistério que celebramos no nosso festejo: o acontecimento do Calvário que sendo um pequeno monte se tornou mais célebre que todas as altas montanhas do mundo inteiro. No Gólgota, é meio da tarde e tudo escurece. O sol se esconde, as trevas invadem o mundo e Cristo agoniza na cruz. Mas há uma mulher que vigia a vida, guarda o afeto que não podem morrer. É Maria de Nazaré. Como o sacerdote no altar ela oferece seu Filho pela salvação de todos. E nos ensina a prolongar em nós os sofrimentos de cristo pela nossa e pela salvação de nossos irmãos.

Jesus olhando para ela pronuncia essa palavra sagrada: “mãe”, que quer dizer: amor, geração, afeto... A morte não vai extinguir a vida. Maria tem ali sua maternidade ferida, mas ela vai ser transferida para outro ser, para João, o discípulo amado por Jesus e que é bem o sinal da nova humanidade restaurada em Cristo agonizante. “Mulher, eis teu filho!” Jesus vê uma mãe e um filho, pede a um homem e uma mulher que reatem o fio quebrado da vida. 

A morte não triunfará. No vértice da dor, Jesus pede a um homem que converta seu coração, mude seu olhar e olhe essa mulher como mãe. Na dor, nós, seres humanos, agarramo-nos a Deus. No Calvário é Deus que se agarra a nós, àquela parte sã e boa, afetuosa e forte, àquele instinto amoroso e enérgico que existe na terra: a relação de mãe e filho. Maria era mãe de Jesus. Agora no Calvário fica quase sem filho, mas Jesus a torna mãe de todos nós. Notemos que o evangelista João não usa a palavra “mãe” quando em Caná e no Calvário se refere a Maria. 

Usa o termo: “mulher” que não é palavra genérica que indique afastamento ou falta de respeito. É palavra que universaliza Maria, que nos leva a reconhecer nela toda a humanidade, de todos os tempos. João estende Maria do particular para o universal para atingir a todos sem exceção. E neste projeto João coloca Maria como modelo, referência, raiz e início de uma nova era. Eva era mãe do velho projeto de homem. Maria torna-se no Calvário a mãe da nova humanidade. 

Há um provérbio hebraico que diz: “Como Deus não podia estar em toda a parte, criou as mães”. A vocação de mãe é proteger, guardar e fazer reflorir a vida que tem sempre que prevalecer sobre a dor. “Eis aqui um filho!” e Maria volta a ser mãe. Em nome da maternidade, Maria é ajudada a depor aquela dor que talvez gostaria que fosse totalizante e a passar a um novo filho.

Paremos aqui um pouco para refletir como nós mães vivemos a nossa maternidade. Como os pais vivem sua paternidade. Querem as autoridades por esse mundo fora despenalizar, tornar normal o aborto, tirar da família a responsabilidade de educar, não promover políticas públicas para proteger a família. E quantos pais trocam família pelo boteco, pelo baralho durante horas e horas e depois não lhes resta tempo para dialogar com os filhos. E temos que nos saber posicionar com energia contra a tendência do que chamam casamento gay. 

Não há casamento a não ser entre homem e mulher, porque essa é a vontade de Deus, para isso está orientada a natureza humana e nesse hábito se viveu durante milénios, criando uma tradição que não se pode abolir. Temos que nos preocupar com correntes hedonistas, materialistas que querem criar, em promoção ilusória, o super-homem para colocar Deus em descanteio ou mesmo fora de jogo. 

E, nesta hora de eleições, devemos saber o que pensam sobre esta matéria aqueles que se propõem ser nossos representantes. Dois por cento ou até, segundo outros, 1,5% de pessoas que se julgam intelectuais, ricos ou super- dotados desejam impor esta maneira de ver, embriagados pela novidade e ajudados pelos meios de comunicação social que dominam a seu belo prazer.

E Jesus pronuncia a palavra “filho”: “eis aí teu filho!”. Isso significa: eis quem prolongará na sua vida o teu estilo de vida. Eis quem numa relação de fé estará com Deus como você, acolhedor e fiel como você, capaz de cantar e servir como você, gerando alegria e esperança e comunhão como você. Eis quem, pelo seu trabalho e exemplo, também será como mãe gerando fé na vida dos que se desinteressaram. Na mãe encontramos essa orientação missionária que todos devemos assumir na nossa vida cristã. Nunca esqueçamos que estamos em Santas Missões Populares.
            
      A maternidade que é lembrada no Calvário, é hospitalidade que parte em peregrinação a caminho daqueles que chamamos irmãos. Seria este o caminho que nós devíamos prolongar tornando-nos irmãos uns dos outros. Esta é a atitude suprema, esta é a peregrinação a caminho do outro que todos nós devíamos tentar prolongar. Se curares outro, a tua ferida sarará. Ilumina outros e iluminar-te-ás (Is.58). Mata a sede a outros e a tua sede se aplacará. 

Quem olha só para si nunca ilumina, nunca ressurge. O avarento é um monstro. Na medida em que mais quer ter, menos é, menos vive, porque mais se preocupa com o que tem e não lhe resta tempo para pensar em si e na salvação. Oração corajosa aquele da Madre Teresa de Calcutá: “ Senhor, quando estiver triste, manda-me alguém para consolar; quando tiver fome, manda-me alguém a quem eu possa matar a fome; quando não tiver tempo, manda-me alguém a quem eu possa ajudar, ao menos por um momento”

O mundo é um imenso pranto, mas se olharmos para o Calvário, também podemos dizer que é um imenso parto. E que nos fala do misterioso vínculo que a dor teceu com a maternidade e com a novidade. O novo nasce sempre com dor. E, nós cristãos, temos que nos convencer que ser apóstolo, transmitir aos outros a Boa Nova, evangelizar,  contagiar o mundo com o Evangelho... faz sofrer, mas gera alegria. O grito vitoriosos da criança que vem à luz é um grito de sofrimento, mas ultrapassado pela vitória da vida. 

A nossa vocação é a mesma de Maria: uma maternidade universal: guardar, proteger, cuidar, amar. Nossa tarefa é guardar vidas como a nossa vida, sobretudo as vidas débeis. Maria, no Calvário, que já não é mãe porque seu Filho está a morrer, que tem uma maternidade ferida, tem então uma maternidade transformada, curada, multiplicada: todos nós somos seus filhos.

Aceitar com resignação e espírito oblativo e redentor as contrariedades! É S. Tiago que diz: o passar por diversas provações, considerai isso motivo de grande alegria por saberdes que a comprovação da fé produz em vós a perseverança, mas é preciso que a perseverança gera uma obra de perfeição para que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta de deficiência alguma” (Tiago,1,2-4).

Outro pensamento que podemos tirar do silêncio oblativo do Calvário é o mandato do Senhor: ”eis a tua mãe!” deixa-te formar por ela, pela caridade e pela paixão., pela palavra e pelos exemplos de Maria. Deixa-te educar e formar por ela, como cada filho aprende a vida com sua mãe. E repete a sua escuta atenciosa, e o seu ato de tudo guardar no coração, o seu louvor, o seu cuidado com tudo, a sua fortaleza e a sua admiração... Prolonga a sua presença onde quer que te encontrares. Eis a tua mãe! Dirige os olhos, fixa o olhar, contempla aquela imagem para vires a ser como ela.

Estão aqui muitas pessoas que são apóstolas do terço. Não esqueçamos este pedido de Deus, de imitar Maria, de nos deixar orientar pelos seus exemplos para que nossa vida se transforme na vontade de Deus. E quem é autoridade, padre ou professor, pai ou mãe na vida familiar lembremo-nos todos que etmos uma mãe que soube ser simples, generosa, atenta à vida, disponível à vontade de Deus. Que pequena é a vida para sermos santos! Quanto devemos aprender a nos prender a Deus que nos ama infinitamente. ER (cuidado!) Ele anda por aí, nós O encontramos a cada passo na pessoa do nosso irmão.

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