Nos dias 12,13 e 14 de janeiro do corrente ano, os senhores bispos do Maranhão estiveram reunidos em Carolina (distante 774 km de Chapadinha - pela BR 226). Foram dias de partilha pastoral, de reflexão e de ouvir relatórios apresentados pelos diversos setores da Igreja. Seu olhar sobre a realidade suscitou sentimentos de compaixão visto que o nosso povo continua vivendo uma situação de sofrimento e abandono.
Pareceu aos senhores bispos que o povo vive momentos de euforia e otimismo por causa de intensas expectativas vindas de promessas oficiais e de um crescimento econômico generalizado. A bolsa família, a energia rural, as aposentadorias e o crescente acesso ao consumo... estimulam esse otimismo. Na verdade, parece ter sido freada a extrema pobreza e, com ela, o êxodo rural. Mas, por outro lado, nota-se um mau uso do dinheiro público e particular na compra de bens não de primeira necessidade. O desejo humano e legítimo de sair da dependência, da insegurança e do abandono a que sempre foi relegado o povo maranhense não devia desejar parecer o que não é e não se devia endividar.
Na vida intra-eclesial, apesar das fraquezas, pecados e limitações, surgiram motivos de alegria, nas últimas décadas, por haver mais sacerdotes jovens e terem sido nomeados cinco bispos no último ano. Os senhores bispos terminam, dizendo: “sentimos que chegou a hora de não mais aceitar que se jogue com os sentimentos e as expectativas de nosso povo, vendendo-lhe promessas mirabolantes de que tudo, a partir de agora, vai melhorar.
Estamos às vésperas da comemoração de 400 anos da chegada dos europeus a estas terras É momento oportuno para se fazer um resgate histórico das formas de luta por liberdade, de resistência à escravidão, de testemunho de coerência de grupos sociais e de evangelizadores que têm marcado, positivamente, a história de nosso Estado. Esse resgate nos ajudará a fortalecer um projeto popular independente e soberano”
Os senhores bispos lamentam que a história do Brasil e do Maranhão tem sido marcada pela apropriação indevida, por pequenos grupos, mediante influências políticas e corrupção ativa, daquilo que pertence a todos. “Esses pequenos grupos fazem do bem público um patrimônio pessoal.” Por isso, nosso povo, erradamente, também não estima o que é público. “Para inaugurar um novo momento histórico precisamos educar para um novo trato mais ético, com o bem comum.
Sentimos que chegou a hora de se fazer uma radical inversão de prioridades e valores. Não podemos deixar que o Estado continue colocando sua estrutura a serviço quase exclusivo dos grandes exportadores de minério, de soja, de sucos e carnes.” A integridade humana dos cidadãos maranhenses merece mais respeito e cuidado.
Preocupa o episcopado maranhense a redução do desenvolvimento só à sua dimensão econômica e que “empresários, quadrilhas de colarinho branco, setores do Estado e do Judiciário pisoteiem direitos básicos, transgridam impunemente normas ambientais”.
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