domingo, 20 de março de 2011

NÃO HÁ DIA SEM LUZ. NÃO HÁ VIDA SEM CRUZ


Não há dia sem luz. Não há vida sem cruz. Envelhecer não é morrer. É trocar sonhos por saudades. É caminhar para a plenitude. Morrer não é acabar. É entrar na plenitude da vida. A haste alta do bambu torna-se assim resistente por causa dos nós. As dificuldades da vida dão-nos maturidade, tornam-nos mais fortes para enfrentar os problemas. Seguir Jesus não é sacrifício, mas exige sacrifícios. É glória, é realização, é alegria de plenitude. 

A cruz, lugar de suplício e morte tornou-se, com Cristo, sinal de vida e glória. Cruz em cada um de nós é sinal de renúncia a nós mesmo para Cristo ser tudo em nós. O seguimento de Jesus exige a negação de si mesmo (Mc. 8,34). Os nossos caminhos não são os Caminhos de Deus. Quem, em Cristo, perde a vida, conquista a verdadeira vida (Mt. 10,38; Mt. 16,24; Marc. 8,34; Luc. 9,23; Luc. 14,27) Paulo pregava Cristo e Cristo crucificado e a cruz de Cristo era o seu único motivo de glória (Gal.6,14), sentia-se crucificado para o mundo e o mundo para ele (Gal.6,14). Sem renúncia não há vida. Isto acontece nas pessoas e nas coisas. Para haver vida tem que haver transformação. E a transformação, para se dar, exige despojamento, morte, cruz. Vejamos alguns exemplos:

- O Sol tem que renunciar ao seu triunfante iluminar do dia para proporcionar a escuridão da noite e deixar as pessoas descansarem. É na escuridão e no silêncio da noite que nasce a beleza da madrugada. A escuridão tem que ser vencida pela luz do amanhecer. A beleza da árvore florida só é possível graças ao despojamento das raízes que se escondem mergulhando no profundo da terra. Se a semente não se deixar esconder na terra, se ela não se enterrar, não brota e não possibilita a riqueza da colheita. A flor tem que renunciar à sua beleza para se tornar fruto. Todo o fruto poderia dizer: eu sou filho da flor. Os alimentos têm que sair do belo arranjo das travessas para serem digeridos e, assimilados, se transformarem em sangue. A natureza sujeita-se ao poder cíclico das estações. Só vem a Primavera depois do despojamento do Inverno. A grandiosidade dos grandes rios só é possível graças à generosidade das pequenas fontes escondidas no arvoredo, nas encostas dos montes ou nos vales.. A água torna-se navegável e mais útil quando renuncia ao fragor belo das cataratas. Ninguém consegue chegar triunfante a uma meta se não tiver o esforço do percurso.

- Ninguém nasce para o seio da terra sem morrer ao seio da mãe. Ninguém nasce para o seio de Deus sem morrer ao seio da terra. Ao precisarmos de fazer uma grande compra temos que renunciar a coisas supérfluas e a pequenas coisas para poder adquirir aquela. Toda a preferência exige escolha. Toda a escolha exige renúncia. Sem cruz, sem despojamento, sem aceitar renunciar a nossos caprichos e paixões não há vida cristã.

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